Análise: Riddled Corpses EX (Multi) é genérico até a alma, mas correto em tudo o que se propõe

Bebendo dos arcades, o título desenvolvido pela Diabolical Mind e produzido pela COWCAT faz o básico e consegue entreter de forma segura.

em 24/03/2019

Não se engane pelas duas garotas de anime na capa do jogo. Ela tranquilamente pode ser encarada como uma espécie de homenagem aos jogos antigos em que a capa tinha um estilo de arte que não condizia em nada com a estética real dentro do game — tipo a capa americana de Mega Man.



Em resumo, Riddled Corpses EX (Multi) é um divertido shooter meio bullet hell com uma veia de inspiração considerável dos títulos de Arcade antigos. Seguindo ainda nessa pegada, a história não podia ser mais genérica: cientistas despertam um mal de outra dimensão, provocando uma invasão de zumbis e demônios no nosso plano. Obviamente, cabe ao jogador enfrentar tais ameaças deste mundo pós-apocalíptico.



Isso se dá numa perspectiva de visão superior e um visual pixelado. Cada estágio (com uma ou outra exceção), no nível estrutural, é composto por áreas fixas com waves de inimigos e corredores — também cheias de zumbis e demônios — as ligando. A grande característica do jogo é que elas são praticamente impossíveis de serem completadas na primeira tacada.

Explico: a ideia principal por trás de Riddled Corpses EX é a repetição. Faça a fase, pegue o ouro deixado pelos inimigos mortos e vá tentando avançar. Morreu? Utilize o ouro acumulado para evoluir seu personagem ou comprar novos com habilidades específicas. Comece de novo e realize o mesmo processo até morrer. Evolua seu personagem. Eventualmente, será suficiente para superar uma fase. Comece-a e logo vai morrer. Melhore o personagem. Comece novamente a partir desse segundo estágio. Repita. Dessa forma, ele carrega muito levemente algumas características roguelike em sua essência.



Apesar de parecer tedioso, esse processo é bem dinâmico e intenso. A quantidade média de ouro dropada pelos inimigos poderia ser maior ou o preço dos upgrades ser menor? Acredito que sim, mas ficar atirando nos inimigos ao mesmo tempo em que esquivamos deles é tão divertido que isso nem pesa tão negativamente assim.

Para facilitar esse processo, novos personagens com habilidades especiais podem ser desbloqueados, além terem a capacidade de evoluir e, com isso, aumentarem a força e a cadência dos tiros. Quando ouro suficiente foi acumulado com o personagem genérico padrão Jon, é possível liberar Chloe e Leary. A primeira atrai o gold como um ímã, enquanto a segunda dobra os valores coletados, por exemplo. Outros personagens também podem ser liberados realizando tarefas específicas, como terminar o modo história ou elevar todos os outros personagens até o nível máximo.



Tirando isso, não há muita complexidade. Além do movimento com o analógico esquerdo, os tiros são dados com o movimento do analógico esquerdo, também responsável pela direção deles. Os botões A e Y ativam a dinamite, que causa dano em todos os inimigos do cenário e congelam momentaneamente o tempo, respectivamente. Esses poderes são limitados e novas utilizações podem ser adquiridas aleatoriamente dos inimigos.

No intuito de dar variação ao título, além do modo história, há também o modo arcade, mais brutal, em que o personagem escolhido começa a história do início no nível 1 e vai evoluindo ao longo da própria campanha, e o survival, em que ondas e mais ondas de inimigos cada vez mais fortes vão surgindo em uma espécie de arena fechada. Na dúvida, caso o caldo engrosse mesmo, é possível jogar todos eles em multiplayer cooperativo.



Esteticamente, apesar de não produzir nada que nunca tenha sido feito antes e contando com um visual que pode até ser considerado genérico por alguns, é notável como ele ainda assim é competente. Os inimigos não são um exemplo de character design, mas contam com sprites bonitos e bem-feitos. Vale mencionar também a parte da música, que conta tanto com a trilha da versão original para PC quanto uma retrabalhada dessa versão EX.

No fim das contas, não dá para dizer que Riddled Corpses EX é um ode aos jogos do passado. Ele não chega a esse ponto. Entretanto, é interessante como ele resgata esse valor antigo de trabalhar a repetição que valoriza o aprimoramento e o aprendizado, principalmente por conta dos controles simplistas. Por mais genérico que ele possa parecer, é notável como consegue fazer o feijão com arroz, realizando o mínimo e se mostrando um título bem divertido — afinal, perdeu-se a conta de quantos jogos se perdem na própria pretensão e não conseguem entregar absolutamente nada no resultado final.

Prós: 

  • Jogabilidade viciante;
  • Aspectos técnicos competentes;
  • Ideia de repetição interessante.

Contras:

  • Produto genérico como um todo;
  • Quantidade de gold dropado poderia ser um pouco maior.
Riddled Corpses EX — PS4/XBO/PSVita/Switch — Nota: 8.0
Plataforma usada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes
Análise produzida com cópia digital cedida pela COWCAT

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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