Análise: The King's Bird (Switch) é uma bela e despropositada aventura

O platformer exige controle e reflexos afiados para avançar na aventura, mas acaba se perdendo em meio à tanta precisão.

em 03/03/2019


Belo, The King’s Bird (Switch) é a nova aventura que chegou ao console híbrido. O game traz um mundo colorido, no qual sombras e luzes se fundem para criar um visual 2D encantador, enquanto a jogabilidade sensível e fluida desafia os reflexos e o controle do jogador. Porém, a repetição de desafios e storytelling confusos podem desmotivar o jogador.

Um espetáculo sonoro e visual

Por mais que surpresas sejam constantes nesse mercado dos games, nós, os jogadores, sempre estamos com uma pulga atrás da orelha ao entrarmos em contato com um título indie. Muitos valorizam um material bem feito, com uma qualidade artística de saltar os olhos e impressionar até os músicos eruditos.

Pois bem, The King’s Bird já começa cumprindo com este requisito. A ambientação e design do jogo são surpreendentes. Mesmo sendo bastante simples, são capazes de entreter qualquer um que ponha os olhos na televisão ou na telinha do Switch. O cuidado e zelo não somente da idealização dos cenários, mas em como as cores interagem com o movimento do personagem é realmente formidável.


A música do jogo também não está perdendo para ninguém: as composições se mesclam lindamente com a fluidez do jogo, mantendo o fio condutor de arte que envolve a experiência de gameplay. O mais curioso é a escolha de fazer as vozes dos personagens com músicas, como o protagonista, por exemplo, sendo representado por notas agudas vocalizadas, enquanto um homem adulto alado é uma combinação de instrumentos que transmitem grandeza e autoridade.

Jogar sem rumo

Notou que só comecei a tocar no assunto jogatina agora? Pois é, apesar de entregar uma qualidade gráfica e musical de verdadeira qualidade, quando chegamos na experiência de jogo a questão se complica um pouco.



O game tem um estilo platformer que agrada jogadores de speedrun, modalidade que consiste em jogar os games em velocidade acelerada, o que, geralmente, exige conhecimento os controles e idealização de cenários para que zerem em tempo recorde.Trata-se da história de um menino que consegue o poder de voo, o qual muitos homens são privados. Graças a um tirano, a criança se apossa da habilidade e foge para se libertar da prisão que é a sua vila.

A história por trás desse poder e, consequentemente, do tirano se passa em painéis, que mais lembram afrescos e esculturas em paredes, que se distribuem ao longo da jogatina. Apesar de ter um belo apelo visual, aos poucos o jogador vai prestando cada vez menos atenção no desenvolvimento desse folclore criado, pois o mesmo se mescla tão bem ao conjunto que se torna irrelevante.

O objetivo, de certa forma, acaba se perdendo também nesse processo. Inicialmente, parece que vamos embarcar em uma jornada,mas descobrimos que consiste em recolher fadinhas em meio a cenários labirínticos, nos quais o jogador deve usar suas habilidades de pilotar um pequeno jatinho humano sem bater em espinhos ou cair em abismos.

Os controles funcionam muito bem. É preciso muita concentração e paciência para avançar nos diversos cenários O personagem é capaz de planar ao dar impulsos em pleno ar, além de uma boa habilidade em parkour, para poder escalar e ricochetear em paredes. Porém, a sensação de controle é bastante satisfatória, inclusive ao realizar manobras como piruetas de forma rápida e eficiente.


Nessas horas os speedrunners vão se deleitar com a velocidade e dificuldade que o jogo pode proporcionar. Os cenários são cheios de espinhos e caminhos estreitos que põem em prática os reflexos manuais de quem está com o controle nas mãos. Com o passo que o conhecimento das mecânicas e fases são adquiridos, os jogadores podem se testar para cumprir as fases mais rapidamente, para instigar o espírito competitivo. Há um cronômetro para cada um dos labirintos. Os cenários possuem um número considerável de checkpoints, o que acaba diminuindo o nível de frustração em cada morte, pois sempre haverá uma chance de tentar de novo, sem punir o jogador.

The King’s Bird é um game que apresenta uma boa combinação de jogatina e composição audiovisual ao Switch, porém o desenvolvimento capenga da história e a falta de conexão do jogador além dos desafios em cada fase puxam o título para a turma da mediocridade.


Prós

  • Gráficos bonitos e bem concebidos;
  • Trilha sonora bela;
  • Jogatina fluida;
  • Mecânicas constantemente recompensadoras.

Contras

  • Storytelling fraco e descompromissado, o que pode tornar a experiência de jogo cansativa;
  • Fator replay pouco atraente.
The King’s Bird - Switch\PC - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela Graffiti Games
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Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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