Análise: Degrees of Separation (Switch) prova que os opostos se atraem e se completam

Explorando conceitos de manipulação do ambiente através do calor e do frio, o jogo traz puzzles focados na interação cooperativa.

em 01/03/2019


Você já deve ter lido ou ouvido falar na teoria dos seis graus da separação. Ela afirma que todas as pessoas do mundo estão conectadas através de seis conhecidos. Por exemplo, a distância entre você e Shigeru Miyamoto pode passar por apenas seis graus de conexões: uma pessoa que você conhece pode conhecer outra, que é amiga de uma terceira, vizinha de outra que é colega de trabalho de alguém que conhece o lendário designer da Nintendo. Já imaginou isso?

Degrees of Separation, jogo desenvolvido pelo estúdio Modus Games e disponível na eShop do Nintendo Switch, mostra que as diferenças e a distância entre os protagonistas Ember e Rime se completam.


Menina fogo e menino gelo

Ember e Rime habitam reinos completamente distintos, mas não distantes. Ela vive em um ambiente natural e iluminado pelo calor do sol, enquanto ele é o único protetor de um castelo em um reino congelado. Coincidentemente, os dois sonham com os ambientes opostos e decidem seguir seus instintos. Quando se encontram em uma ponte e tentam tocar as mãos, acabam caindo.

Apesar de estarem próximos, Ember e Rime não podem se tocar, mas o mundo ao redor deles reage às suas habilidades: a garota domina o calor e o rapaz manipula o frio. Esse conceito torna o aspecto visual de Degrees of Separation um verdadeiro charme. Os cenários, que parecem uma pintura vívida, mudam em tempo real de acordo com a movimentação de cada personagem e é muito interessante acompanhar os extremos. O verde das plantações se transforma em neve quando Rime se aproxima e um lago congelado pode ser derretido e atravessado submersamente por Ember.


Apesar de ser um jogo de plataforma 2D, Degrees of Separation não oferece muitos obstáculos para o jogador. Não há inimigos ou abismos para serem superados, tudo gira em torno de puzzles envolvendo calor e frio. Por exemplo, Ember pode se elevar por jatos quentes que saem de buracos e Rime pode criar uma grande bola de neve ao empurrar um barril. Acender e apagar a chama de uma luminária abre e fecha passagens ou eleva e abaixa mecanismos, respectivamente. Os jogadores precisam descobrir a posição ou o ângulo correto para que o efeito do seu personagem interfira no ambiente.

E, como você deve ter percebido, dissemos “os jogadores” porque Degrees of Separation é feito para ser jogado com outra pessoa localmente. É possível jogá-lo sozinho, alternando entre os protagonistas, mas os puzzles são melhores aproveitados e mais rapidamente solucionados quando jogados por dois jogadores. Os desafios são bastante acessíveis, mas alguns exigem algum tempo ou tentativas para compreendê-los. Conforme avançam pelos cenários, Ember e Rime ganham habilidades inéditas para trabalharem juntos, como a possibilidade de criar e andar sobre uma linha de intersecção, e os enigmas sempre exploram as novas possibilidades.


Um conto de fadas interativo

A progressão pelas áreas de Degrees of Separation é bastante serena. O jogo até oferece certa liberdade para o jogador, não sendo excessivamente linear, e permite explorar vários caminhos com enigmas. A trilha sonora leve combina muito bem com a proposta do título e a bela narração feminina reforça a ideia de estarmos jogando um conto de fadas.

A exploração dos cenários e a solução dos puzzles envolvem apenas a coleta de cachecóis. Esses são os únicos colecionáveis da aventura, exigidos para desbloquear novos caminhos. Felizmente você pode viajar rapidamente entre diferentes pontos do mundo de Degrees of Separation para agilizar a busca pelos colecionáveis restantes. Aliás, esse recurso também é útil quando o jogador se depara com bugs nos cenários. Em algumas vezes ficamos presos em paredes invisíveis e fomos obrigados a reiniciar a partida.



No geral, Degrees of Separation é uma jornada bastante agradável e acessível. É um jogo que combina muito bem com a proposta do Nintendo Switch, feito para ser aproveitado com outra pessoa e trazendo puzzles bem construídos, apesar de não oferecer incentivo para replay. Degrees of Separation mostra que, independentemente das diferenças, os opostos se atraem e se completam.



Prós

  • Mecânica intuitiva de mudança de cenários em tempo real;
  • Estilo visual bastante agradável;
  • Puzzles bem estruturados e focados na cooperação;
  • Narração e trilha sonora bem trabalhadas.

Contras

  • Os puzzles não são plenamente aproveitados em singleplayer;
  • Alguns bugs nos cenários obrigam o reinício da partida;
  • Falta de incentivo para replay.

Degrees of Separation — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Modus Games


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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