Análise: City of Brass (Switch): mil e uma mortes nas Arábias

Roguelite em primeira pessoa desenvolvido pela Uppercut Games demanda bastante atenção de quem ousa explorar sua cidade labiríntica.

em 05/03/2019

Desenvolvido pela Uppercut Games, City of Brass é um roguelite em primeira pessoa inspirado pela história das Mil e Uma Noites. Com muitos inimigos e armadilhas à espreita, o jogador precisa ter bastante atenção enquanto explora a dungeon em busca de dinheiro e novos equipamentos. O desafio do jogo, que consiste em 12 áreas e um boss final, pode levar facilmente a muitas mortes para os menos cuidadosos.

Adentrando uma cidade de bronze


Na pele de um aventureiro em busca de tesouros, o jogador precisa explorar a dungeon com um chicote e uma arma na mão. Com o primeiro é possível paralisar os inimigos, puxá-los para perto ou utilizá-lo para se movimentar pela área, utilizando várias cordas encontradas pela área. Os inimigos também podem ser empurrados ou atingidos com a arma ou com objetos do cenário variados (usualmente explosivos).

Dentro da dungeon também é possível encontrar novos equipamentos com efeitos diversos, como congelamento, combustão, etc. Esses itens podem ser obtidos tanto em baús espalhados pela cidade quanto através de um gênio vendedor que pode ser encontrado em pontos aleatórios. Não é possível antecipar onde eles estarão já que todas as áreas do jogo são geradas proceduralmente, alterando completamente o posicionamento de inimigos, baús, gênios e armadilhas de cada jogada.


Com isso, é necessário sempre ter muita cautela ao explorar, já que inimigos e armadilhas variadas estão à espreita e qualquer vacilo pode ser fatal. Os inimigos são mortos vivos e a maioria ataca diretamente com os braços ou armas variadas, mas há também magos, cabeças que explodem quando chegam próximo do jogador, entre outros. Já as armadilhas incluem lanças que saem do chão, estátuas que atiram lasers, vinhas que atrasam quem pisa nelas e várias outras. O interessante é que elas também podem ser usadas contra os inimigos, adicionando outro elemento à estratégia do jogador.

Para ter mais chances de sobreviver, o jogador conta com a ajuda de gênios que podem prestar vários serviços caso o jogador ofereça dinheiro em troca. Eles são fundamentais para avançar, cada um oferecendo vantagens diferentes: venda de equipamentos melhores, cura, esqueletos aliados, eliminação de armadilhas, etc. Também é possível gastar um desejo (de um limite de três por jogada) para acessar benefícios melhores, como itens mais fortes, cura de mais corações, etc. Um jogador que não utiliza bem essas oportunidades e tenta chegar ao fim do jogo enfrenta uma viagem ao inferno, mesmo no modo mais fácil.

Dificuldade sob controle?


Ao invés de uma escolha simples de dificuldade (fácil, normal, difícil, insano) como é feito em muitos jogos, City of Brass opta por um desafio customizável baseado no sistema de blessings e burdens (traduzindo, algo como “bênçãos e fardos”). As bênçãos incluem ter mais vida, aumentar o ataque do jogador, reduzir armadilhas, eliminar o tempo-limite da fase e encontrar mais itens raros. Já os fardos, que são desbloqueados conforme o jogador realiza determinadas ações, aumentam a dificuldade aumentando o dano causado pelos inimigos, reduzindo os gênios, fazendo com que os inimigos revivam, etc.

Como o jogador pode combinar as opções, é possível escolher uma dificuldade que seja mais confortável para o seu próprio estilo. Por exemplo, uma pessoa que odeia limites de tempo pode retirar esse aspecto do jogo, ao mesmo tempo em que aumenta o número de inimigos do jogo.

Ao mesmo tempo, mesmo com todas as bênçãos ligadas, o jogo ainda exige bastante atenção do jogador. É claramente muito mais fácil de lidar com os desafios, mas não é algo cômodo que permita ao jogador apenas ignorar tudo e avançar de forma estúpida.

Tensão que perdura

City of Brass é um título de ação que consegue manter muito bem a tensão. Descuidos podem ser fatais, mas a sorte e o uso estratégico das oportunidades podem trazer boas recompensas no longo prazo.

Mas é importante destacar também que, apesar de ser um jogo procedural, a natureza repetitiva do jogo pode ser algo cansativo para muitos jogadores. Além disso, a mira com a arma e o chicote é um tanto complicada, especialmente quando há muitos inimigos na área, com uma precisão que parece mais adequada para um jogo de PC (com mouse).

Apesar dessas questões, aprender a lidar com a cidade labiríntica e seus obstáculos é um esforço que vale muito a pena e uma experiência que eu pessoalmente recomendo.

Prós

  • Sistema de blessings e burdens permite personalizar a dificuldade com mais especificidade do que uma escolha entre “fácil, normal e difícil”;
  • Armadilhas podem ser usadas contra os inimigos;
  • Após derrotar um chefe, é possível pular diretamente para a próxima área no próximo gameplay ao custo de uma certa quantidade de desejos;
  • Tensão constante devido às áreas abertas e recheadas de inimigos e armadilhas.

Contras

  • Natureza repetitiva pode tornar o jogo cansativo para alguns jogadores;
  • Não é trivial mirar com a arma e o chicote, algo que funcionaria melhor com um mouse.
City of Brass – Switch/PC/PS4/XBO – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Diogo Mendes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Uppercut Games

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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