Daemon X Machina (Switch) até agrada um nicho, mas precisa de acabamento para o público comum

Exclusivo para o Switch, o título já conta com uma demonstração disponível na loja virtual da Nintendo.

em 23/02/2019

Daemon X Machina (Switch) é uma das grandes promessas para 2019. Desenvolvido pela Marvelous e bancado pela própria Nintendo, o título finalmente recebeu uma janela de lançamento e chega ao mercado no terceiro trimestre deste ano. Ainda no último Nintendo Direct, o game recebeu uma demo jogável — intitulada Prototype Missions — para que nós pudéssemos sentir o gostinho antes de sua versão completa dar as caras.


Pois bem, iniciando o título, logo somos apresentados a uma tela de construção de personagem. Apesar de escassa, logo de cara já deu para criar um piloto bonito e com personalidade. A possibilidade de customizar as cores do cabelo e do uniforme já aumenta bastante também a gama de combinações possíveis. Além disso, parece-me evidente que mais opções na concepção do avatar do jogador estarão disponíveis na versão completa.



Em seguida, uma rápida cutscene introdutória é exibida e somos apresentados ao nosso robô gigante e ao conceito dessa demo, que é basicamente aceitar as tarefas disponíveis no computador central — o jogo final provavelmente se sustentará nessa estrutura também. Nisso, o game carrega e estamos no hub. Interagindo com o painel, a primeira missão de categoria E se mostra liberada e é nela que nós vamos.

O diálogo que se dá antes da ação começar deixa claro que essa primeira atribuição é um tutorial. No comando de nosso mecha, aprendemos os comandos de movimento. Um toque no B representa o pulo. Dois toques liga as turbinas da máquina para que ela possa voar livremente pelo cenário — a direção é controlada pelo analógico esquerdo que, ao ser pressionado, desativa a função de voo. O Botão Y ativa um turbo. Na tela também surge uma legenda básica a respeito dos elementos indicados no radar.



Logo os primeiros inimigos surgem e, assim, aprendemos a controlar o armamento acoplado em nosso poderoso robozão. Os botões ZL e ZR correspondem às armas atreladas a cada um dos braços do autômato, respectivamente. A arma de ombro, mais poderosa e que exige tempo de carregamento para ser usada, é ativada com o botão L.

Dito isso, logo nesse primeiro estágio já dá para sentir um gostinho do gameplay do título em si como um todo. É quando o problema começa: o robô é muito lento e duro. É possível acreditar que ele só tem essa movimentação por conta das peças precárias utilizadas e que, conseguindo novas ao longo da campanha principal da versão final, a jogabilidade acabe se tornando mais fluida.



O principal porém é que uma demo teria o dever de transpassar uma experiência satisfatória para o jogador ao ponto de incentivá-lo a esperar com entusiasmo pelo jogo completo. Com isso, não deveria ser problema suavizar consideravelmente os controles e munir o jogador com um gameplay que seja realmente gostoso e instigante. Conceitos como o de evolução de personagem deveriam ficar em segundo plano aqui. Isso, de certa forma, faz com que a percepção inicial de Daemon X Machina seja cercada de dúvida, colocando o game em questão em xeque a respeito de sua qualidade factual.

Encerrando o tutorial, voltamos ao hub e agora podemos equipar no robô as novas peças que coletamos depois de vasculhar nos destroços dos inimigos derrotados, além de customizá-lo mudando sua cor. Uma nova missão também é disponibilizada. Enquanto a primeira era numa rodovia engolida por um deserto, numa vibe meio Mad Max e trazendo uma atmosfera pós-apocalíptica para o game, essa segunda se passa numa cidade com temática levemente gótica, com um castelo em seu centro e banhada pela luz de um luar escarlate.



Com os inimigos derrotados e a missão concluída, o computador central nos explica um pouco mais a respeito do universo onde o jogo se passa. Mais do que isso, novos upgrades se tornam disponíveis. Indo ao laboratório, é possível promover certas modificações corporais que podem até facilitar o decorrer do game, mas uma mensagem que pipoca na tela é bastante curiosa: “essa modificação irá alterar drasticamente o seu corpo”.

Isso me fez pensar nas possibilidades narrativas do título, na hipótese de contar com múltiplos caminhos de história e, consequentemente, mais conclusões possíveis para ela, dependendo da forma como lidamos com essa questão das modificações. Isso é apenas uma ideia, mas considerando que o enredo dá indícios de que irá adentrar nos campos filosóficos que discorrem a respeito do que é a humanidade e sua relação com as máquinas — a exemplo de NiER: Automata (Multi) —, há uma chance de tal hipótese se comprovar.



Na terceira missão, nossa tarefa, dessa vez, é impedir o avanço das tropas dos Imortais — como são denominados os robôs inimigos — em direção a esse castelo central do estágio anterior. A quarta e última é um combate contra o chefe naquele que aparentemente é o mesmo deserto da primeira fase que jogamos. A ideia aqui é destruir os joelhos de uma espécie de robô aracnídeo — só que o jogo não avisa isso logo de cara. É necessário processar a forma como a mira dá destaque às articulações do mecha gigante e fazer a dedução a partir disso.

Pois bem, depois de um combate bem divertido e embalado por uma trilha techno-rock pauleira que chega até a ser um pouco ofuscada pelos sons dos bipes das máquinas e dos tiros das armas, a demo se encerra. É possível jogá-la infinitamente pelas mesmas fases, mas é basicamente isso.



Considerando seu gameplay bem específico e um pouco intimidador a alguns desavisados que podem experimentar essa demonstração sem quaisquer pretensões, é bem difícil dizer se Daemon X Machina irá se tornar um sucesso ou não, principalmente após a questão supracitada da jogabilidade um pouco travada do Mecha.

Outro ponto a se ressaltar e que pode acanhar alguns públicos é justamente o painel da tela de gameplay, com tantos indicadores quanto um painel de avião. Ainda assim, potencial há. Ele é um jogo bonito e, embora ainda precise melhorar na questão do acabamento, visto que há um incômodo serrilhado nas bordas, pode impressionar e atrair jogadores só com seu visual colorido e carregado de um brilho espalhafatoso.

Ainda assim, sabe qual é a impressão que ele me passa? A mesma de The Wonderful 101 (Wii U): logo de cara é possível enxergar que um nicho específico irá idolatrá-lo no instante imediato de seu lançamento. Entretanto, ainda precisa trabalhar um pouco alguns pontos para se tornar aprazível para um público comum. Esperemos até meados de 2019 para ver o que vai acontecer.

Revisão: Vinícius Fernandes

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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