Análise: Momodora: Reverie Under The Moonlight — mais um metroidvania de qualidade para o Switch

Se você se sente órfão após zerar Hollow Knight, dê uma chance para Momodora.

em 03/02/2019

A série Momodora já existe há algum tempo, mas você provavelmente nunca ouviu falar de nenhum dos quatro jogos que compõem essa história — pois é, Reverie Under The Moonlight já é o quarto game da franquia. O brasileiro Guilherme Martins, mais conhecido na internet como 'rdein', idealizou e desenvolveu o primeiro em 2010 e sua sequência logo no ano seguinte, ambos distribuídos como freeware por meio da plataforma de jogos indie itch.io. A partir do terceiro título, Momodora III, a série tomou um rumo mais "sério" e o jogo foi lançado pelo Steam através do Greenlight (projeto no qual o próprio público da plataforma decide se determinado jogo será lançado por lá), e o seu sucessor, Reverie Under The Moonlight, seguiu o mesmo rumo em 2016, antes de receber um port este ano para o híbrido da Nintendo.

Momodora IV, mas com gostinho de primeiro


Reverie Under The Moonlight seguiu com o estilo metroidvania e a pegada gráfica dos seus antecessores, porém sofreu uma repaginada considerável. A história funciona meio como um prequel (contrário de 'sequência’) dos outros Momodora e decide contar o início de tudo — e de uma forma bem simples, afinal, jogos do gênero raramente se destacam pela sua narrativa. A jovem sacerdotisa, Kaho, é escolhida para deixar o seu vilarejo e viajar até o reino de Karst para tentar impedir uma terrível maldição de engolir a sua cidade por completo. Munida apenas da sua "folha sagrada" (o ataque de curta distância padrão do jogo), Kaho precisa derrotar a cruel rainha para poder retornar com sucesso para o vilarejo de Lun e, consequentemente, salvar o reino inteiro. 



Além da sua fiel maple leaf indestrutível, Kaho adquire alguns itens ao longo da sua jornada, como um bastante útil arco e flecha para ataques à longa distância, e artefatos equipáveis ativos e passivos que possuem as mais diversas finalidades. Esses artefatos podem ser encontrados de várias formas: ao longo da história, através da compra com NPCs, escondidos pelo mapa ou, o jeito mais difícil e mais recompensador, vencendo os chefes sem levar dano. Por sorte, os níveis de dificuldade para se seguir a história são bem democráticos — partindo de um easy bastante simples até um hard que faz até os mais acostumados com o gênero metroidvania sentirem o desafio.

Em geral, Reverie Under The Moonlight não é um jogo fácil. Você é jogado nesse momento meio de repente, os NPCs não são lá de conversar muito e oferecem pouquíssima ajuda na hora de progredir a história e até os inimigos mais "mequetrefes" podem ser bastante desafiadores — pelo menos até você se acostumar com os seus respectivos padrões de ataques. 



Se você já jogou algum Castlevania, Metroid, ou até o recente "clássico cult" do gênero, Hollow Knight — e gostou dos jogos, é claro — o quarto título da série Momodora não vai ser muito complicado de decifrar, pelo menos em relação à mecânica e aos controles. Só que, como falado anteriormente, o jogo nunca segura a sua mão por muito tempo: o mapa geral em grids para cada área (típico do gênero) é super simplificado e não entrega quase nenhuma informação, por exemplo — se assemelhando mais à Metroid 2 para o Game Boy original do que a um jogo mais recente da série, como Metroid Fusion do GBA, que possui menus um tanto mais explicativos. A sensação geral de se jogar Reverie Under The Moonlight é de exploração e de encarar o desconhecido, o que pode ser ótimo para alguns, no entanto também algo frustrante. Não é anormal você passar um bom tempo pensando para onde ir e explorando várias vezes o mesmo lugar após "completar" uma das áreas, por exemplo.

Algo que indubitavelmente trabalha bastante a favor de Reverie Under The Moonlight é o carinho que o título transmite na sua composição geral. O gameplay é competente e divertido (principalmente o combate), os gráficos e a direção de arte são fluidos e agradáveis a todo momento — com um uso de pixel art que lembra o estilo mais 8 bit dos títulos anteriores da série, só que elevado a um nível 'Super Nintendo turbinado' de apresentação — e a variedade de inimigos e locais diferentes é constante durante o progresso. A quantidade de habilidades que mudam drasticamente o gameplay com certeza é limitada, mas o que está ali presente funciona. Para quem gosta do gênero, Momodora passa longe de ser chato ou repetitivo e, durante as suas até que curtas horas de jogo, entretém do início ao fim. 



Algo que incomoda um pouco é a falta de suporte à widescreen (16:9) em pleno 2019. Sinceramente, a visão limitada e mais quadrada da tela até que não incomodou muito durante o gameplay, no entanto isso certamente pode ser marcado como um significativo ponto negativo da experiência. Em conclusão, principalmente para quem sente falta de jogar um Hollow Knight, vale a pena se aventurar por Momodora, um jogo que, embora esteja no quarto momento de uma história maior, tem tudo para crescer muito mais a partir de agora no Switch — e ele é perfeito para se jogar em modo portátil, vá em frente!

Prós

  • Um metroidvania simples, mas efetivo; 
  • Gameplay fluido e satisfatório;
  • Direção de arte de primeira.

Contras

  • História um tanto limitada;
  • É fácil se perder (ou perder para os inimigos várias vezes);
  • Sem suporte para widescreen.
Momodora: Reverie Under The Moonlight — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 8.0

Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela DANGEN Entertainment
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