Análise: Mario & Luigi: Bowser's Inside Story + Bowser Jr.'s Journey (3DS) agrada, apesar de inovar pouco

Com gráficos atualizados, remake traz o divertido RPG em sua melhor forma. Porém, sem grandes novidades.

em 04/02/2019

Parte da grande leva de remakes e remasters que vêm chegando ao portátil tridimensional, Mario & Luigi: Bowser's Inside Story + Bowser Jr.'s Journey é o segundo remake da série de RPGs dos irmãos mais amados da Nintendo. O game tem um nome grande, assim como o tamanho da aventura presente no título, que traz o maravilhoso título de DS em sua melhor forma, refinado e atualizado.

Voltou em grande estilo

Assim como em Mario & Luigi: Superstar Saga + Bowser's Minions (3DS), o game aqui analisado é uma versão melhorada e atual de um grande título, ou seja, não há muito espaço para grandes modificações significativas além dos gráficos. Mas não se engane, ainda estamos tratando de um game muito bom, com o melhor em RPG que a Nintendo pode oferecer.
A história ainda é a mesma: o Reino dos Cogumelos está em crise! Uma epidemia de blorbs está atacando os Toads, transformando-os em balões imóveis e, claro, os únicos capazes de resolverem isso são Mario, Luigi e… Bowser? Pois sim, sem querer querendo, o eterno vilão e rival dos bigodudos veste a roupa de anti-herói e ajuda nossos heróis a trazer a paz.

Mas como Mario e companhia aceitaram se juntar ao lagartão, se pergunta quem não está familiarizado com a série. Bem, o pentelho Fawful retorna com mais um plano infalível: desta vez, além de envenenar os Toads com seus cogumelos blorb, o alienígena nanico faz de Bowser um aspirador gigante, o que resulta no rei dos Koopas engolindo nossos heróis.

E assim os irmãos têm que ajudá-lo de dentro para fora, literalmente, já que os dois estão presos dentro do corpo de Bowser. É realmente interessante como os famosos Goombas, Bloopers e outros inimigos foram adaptados para seres habitantes de um corpo como células, ossos e até mesmo vírus.



Com a atualização gráfica, todo o corpo de Bowser ganhou um outro nível de complexidade e beleza que o Nintendo DS não podia comportar. Há sempre um cenário em movimento e os gráficos possuem um detalhamento de cor e luzes que impressionam, mesmo não sendo nenhuma novidade para os títulos da série que chegaram ao 3DS.

Mas não é só de beleza que se vive o jogo, a capacidade gráfica do console foi bem aproveitada para trazer uma qualidade cinematográfica que faltava no original. Agora, diversas cenas inéditas foram adicionadas para melhor contar essa divertida aventura. Falando nela, a história desse game mantém o hilário tom usado na série: não serão poucas as vezes que os jogadores rirão das tiradas de Bowser que vão de um egoísmo digno da realeza até o ápice da burrice, além do estilo bonachão e desligado de Luigi ao longo de toda a história. A fórmula do riso e do sucesso da série é mantida com muito esmero.

O que há de novo?

Aqui chegamos ao pulo do gato: o que essa versão trouxe de novo para os jogadores? Infelizmente, pouca coisa. Como já foi dito, o game segue a mesma receita do remake anterior, e isso se aplica também para as atualizações feitas no game.

Além dos gráficos, o jogo passou por um rebalanceamento, já que estamos agora com um game um pouco mais desafiador, por assim dizer. Eu cheguei a jogar um pouco a versão de DS para ter uma base recente de comparação e encontrei um título bem mais fácil do que a versão que chegou para o 3DS.

No console tridimensional, o ritmo dos ataques especiais de Mario e Luigi está mais rápida e menos abrangente, tornando a margem de erro maior, os inimigos mais poderosos e o Retry Clock não é mais necessário para recomeçar uma batalha na qual o jogador perdeu, pois o próprio game dá essa opção com a possibilidade de habilitar o modo de batalhas fácil. Agora Mario e Luigi podem segurar seus martelos por tempo ilimitado, o que facilita muito nas horas de contra atacar.

Jogar com Bowser, entretanto, ainda é mais simples e prático. O monstrão faz jus ao título e emplaca socos e baforadas flamejantes com muita força. Uma coisa boa adicionada é que a fadiga de Bowser ao expelir fogo em demasia foi diminuída, ou seja, tostar seus inimigos se tornou mais fácil e prático no 3DS.

Mas não pense que essas melhorias tornaram a jogatina mais fácil: os inimigos estão fortes e alguns podem até mesmo tomar um bom tempo do jogador, principalmente aqueles com ataques diversos e facilmente confundíveis. Alguns jogadores podem acabar se sentindo sufocados com a grande quantidade de inimigos na tela, sendo que provavelmente os mais impacientes se verão fugindo deles para poder avançar rapidamente na história, mas fazer isso demais pode acarretar em batalhas tensas, já que é preciso evoluir os personagens.


Uma coisa que vai chamar a atenção dos jogadores, e possivelmente dividir opiniões, é a diferença abismal entre os inimigos comuns e os chefões desse remake. Claro, é óbvio que os chefes devem ser mais desafiadores que os inimigos comuns, porém, com o balanceamento revisado, eles estão em uma diferença gritante se comparados com os do DS. Os jogadores que curtem desafios não sairão insatisfeitos, enquanto os acostumados com as batalhas comuns podem se incomodar com a mudança abrupta de dificuldade.

Mesmo se tratando de um jogo com uma história divertidíssima, é visível que o ritmo do game é um tanto lento, tanto que, nas cenas não interativas, foi adicionado um botão que acelera os diálogos, uma forma de tornar a aventura um pouco mais palatável aos apressados de plantão. Muitos, assim como eu, podem achar que é uma adição fútil à primeira vista, porém, após poucas fases, estará acostumado a jogar com o R engatilhado.

E aonde entra o Bowser Jr.?

O filhote isqueirinho de Bowser ganhou sua primeira aventura, secundária, mas solo nos games. E, assim como o jogo anterior, essa história adicional serve como uma nova perspectiva da aventura principal, pois nesse jogo podemos ver os bastidores do Castelo do Bowser — como e porque ele acaba sendo tomado por Fawful.

Assim como a história principal, a jornada do filho de Bowser é cheia de graça e levada em um tom leve. Após Bowser sair para cuidar de seus afazeres, seu pequeno príncipe começa testando seus súditos para pôr em prática suas habilidades como comandante. Ao saber que os Goombas também estão sendo infectados pelos blorbs, Junior junto dos Koopalings sai em busca da cura.

E nessa história uma questão bastante importante foi esclarecida: os Koopalings não são filhos de Bowser! Ao menos, não são reconhecidos como tal. Todos tratam Bowser Jr. como príncipe e herdeiro ao trono, mas não têm vestígio de proximidade maior que leais súditos. Mas nem tudo está perdido, os Koopalings ainda são irmãos.



As mecânicas de batalha têm o mesmo molde de Minion Quest: The Search for Bowser, a aventura secundária de Mario & Luigi: Superstar Saga para 3DS. O jogador deve montar um batalhão para atacar outro: as batalhas acontecem de forma automática, enquanto apenas ataques ocasionais exigem o uso de botões por parte do jogador.

O método é bastante simples e intuitivo, além de rápido, busca instigar o pensamento estratégico do jogador. Nessa nova aventura há a possibilidade de adicionar um dos Koopalings ou Kamek como um Primeiro Oficial, enquanto Bowser Jr. sempre será o capitão. A adição da posição de Oficial abre novas possibilidades para estratégias — já que cada oficial possui um poder especial único. Agora também é possível colecionar itens que aumentam os stats dos aliados que vão sendo conquistados ao longo da aventura.

Bowser Jr. se apresenta aqui como já o conhecemos, bastante mimado e confiante, trazendo um humor mais ácido que seu pai, a história se vale do sistema rápido da jogatina e também tem um desenvolvimento bastante veloz. Os inimigos da vez são os Melhores Amigos Fitness [Best Fitness Friends, no original], um trio de personagens bem sem sal, que ludibriam Jr. e seus aliados a saírem do castelo para Fawful tomá-lo.

Por fim, Mario & Luigi: Bowser's Inside Story + Bowser Jr.'s Journey é exatamente o que está na caixa, um belo remake que faz jus à amada fonte, com uma divertida e rápida aventura adicional, nada mais, nada menos. Mesmo sendo um título bastante vistoso, o game, sozinho, trouxe poucas novidades que fizesse um jogador reviver seu 3DS já aposentado.


Prós

  • A atualização dos gráficos fez o game brilhar em sua glória;
  • O rebalanceamento tornou o jogo mais desafiador;
  • Aventura adicional divertida;
  • Todas as qualidades do game original foram mantidas.

Contras

  • A aventura principal se desenrola em uma velocidade lenta;
  • A dificuldade flutuante pode frustrar alguns jogadores;
  • O game trouxe poucas novidades além dos gráficos;
  • Não compatível com 3D.

Mario & Luigi: Bowser's Inside Story + Bowser Jr.'s Journey — Nintendo 3DS — Nota: 8.0
Revisão: Arthur Maia
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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