Análise: Blue Rider (Switch) é um simpático e impiedoso jogo de naves

Com uma jogabilidade clássica e seus belos visuais, o título não demora a levar as habilidades do jogador ao limite para superar sua alta dificuldade.

em 08/02/2019

Blue Rider é um shoot ’em up 3D de naves desenvolvido pelo estúdio argentino Ravegan e que, em meio à vasta biblioteca do Switch, poderia passar facilmente despercebido. Porém, apenas minutos de jogatina são suficientes para perceber que o título é interessante e bastante desafiador. Os diversos elementos do gênero implementados em uma alta dificuldade, e apresentados com um estilo artístico bem cativante, rapidamente me conquistaram.

Um shooter direto ao ponto

Blue Rider é direto ao ponto em muitos aspectos. A proposta do jogo é oferecer o que é preciso para ser um bom shooter de naves, sem se preocupar em desenvolver alguns detalhes que não são fundamentais. Por exemplo, não há nenhum tipo de conteúdo relacionado à história para situar o jogador - o que não é uma característica ruim. Ter um enredo por trás de Blue Rider não faz falta em meio à experiência entregue pelo título, repleta de desafios e uma dificuldade relativamente alta, e em nenhum momento senti falta de saber a razão por trás de tudo.



Os controles são simples e funcionais, sendo possível dominá-los com pouco tempo de gameplay. Os analógicos são responsáveis pela movimentação da nave. O botão ZR é usado para disparar a arma principal, enquanto o ZL tem a função de disparar as bombas. Os botões L e R servem para aumentar a velocidade da nave, e os demais botões não possuem nenhuma função.

No total, Blue Rider conta com nove fases, sendo que somente a primeira está desbloqueada de início. O objetivo principal do jogador será acabar com os inimigos robóticos que surgem aos montes, enquanto evita ter sua nave destruída pelos tiros frenéticos disparados por eles. Alguns inimigos são fixos, enquanto outros movimentam-se pelo cenário livremente, e seus tiros são sempre pequenas esferas ou mísseis que podem perseguir o jogador. No fim de cada fase, sempre haverá um boss aguardando com sua artilharia pesada.



Como a movimentação da nave é bastante livre, é possível voar para qualquer direção. Na verdade, ela permanece sempre fixa no centro da tela, enquanto o cenário se desloca e rotaciona de acordo com o uso dos analógicos. É com essa dinâmica, sempre em movimento, que é possível enfrentar os inimigos e tentar escapar ileso - afinal, os disparos deles são sempre mais lentos que a velocidade do jogador. Embora a ideia seja simples e fácil de executar nos primeiros níveis, não demora para que a dificuldade se torne realmente opressora.


Uma boa dose de dificuldade

Os inimigos rapidamente passam a aparecer em variações cada vez mais fortes e em maior número. Nessas ocasiões, é comum se ver preso em meio a uma saraivada de tiros, e fica praticamente impossível prever a trajetória de todos e desviar. Para complicar ainda mais, o jogador só pode contar com uma vida por toda a fase, além de não existirem checkpoints. Portanto, ao morrer será necessário jogar a fase toda desde o início. Até existe a possibilidade de obter vidas extras, mas não dá para contar muito com isso porque elas aparecem em uma frequência extremamente baixa.



Como na maioria shooters de naves, os inimigos abatidos deixam para trás vários tipos de itens, entre upgrades para armas, itens de recuperação de vida e bombas. A arma principal pode ter dois tipos de tiros: os amarelos, mais fracos mas que atingem uma área maior, e os azuis, mais concentrados e potentes - ambos podem ser aprimorados. Mas vale lembrar que, uma vez que o jogador perde todas as vidas ou sai do jogo, todos os upgrades são perdidos. E acredite: enfrentar as últimas fases começando sem nenhum aprimoramento é uma tarefa realmente insana.



Os bosses oferecem desafios muito mais diversificados do que os inimigos padrão do jogo. Cada um tem sua própria maneira de atacar, sempre com o uso de uma artilharia bem pesada. O processo para derrotá-los envolve observar e aprender os padrões de ataque para evitar ser atingido e, ao mesmo tempo, encontrar uma brecha para o contra-ataque. Depois de muito trabalho e finalmente explodir um boss, você poderá respirar aliviado e ter acesso à próxima fase.

A sensação que Blue Rider passa é em grande parte de satisfação, com algumas pitadas de frustração. De fato, o jogo é difícil e isso fica evidente ainda nas primeiras fases, mesmo na dificuldade mais baixa. Por um lado, é muito gratificante conseguir atravessar uma fase inteira e ainda derrotar o boss sem perder a vida. Por outro, perder para um boss bem perto do fim da batalha e ser obrigado a recomeçar tudo do zero causa um bom ranger de dentes. Lembrando que não ser fácil é justamente uma das maiores cartas que o jogo tem na manga.



A alta dificuldade é um dos fatores que incentivam o fator replay do título, mas ela não é suficiente para sustentá-lo por muito tempo - afinal, uma vez que o jogador já dominou as mecânicas e passou da fase, não há muito o que ainda o incentive a retornar. Existem até alguns itens colecionáveis escondidos, mas eles só servem para aumentar a pontuação e não garantem recompensas realmente úteis. Com isso, deixam de ser fundamentais.

Ambientação competente

Os visuais de Blue Rider são bem cartunescos e simples, apresentando um bom nível de polimento. No geral, esse estilo traz um resultado agradável e coerente - há vários pequenos detalhes compondo os cenários e nada parece deslocado. Em alguns momentos nos quais a câmera se aproxima mais, algumas texturas um pouco estouradas chamam a atenção, mas não é algo que chega a incomodar.



É interessante observar a maneira na qual a ambientação do cenário vai mudando aos poucos. Na primeira fase começamos em uma floresta, que vai sendo substituída por uma área rochosa nas fases seguintes. Eu fiquei surpreso ao chegar na quinta fase e começar a encontrar áreas cercadas por muita água. As renovações do ambiente vão acontecendo até chegar a uma espécie de área industrial cercada por lava. Outro ponto interessante é que as algumas fases são bastante focadas na exploração, trazendo múltiplos caminhos e itens escondidos.



Os efeitos de explosões são legais e bem feitos, tanto na parte visual quanto na parte sonora. Os destroços das naves destruídas e os efeitos das explosões não desaparecem do local onde os eventos aconteceram. Por outro lado, a trilha sonora do jogo é tímida e quase inexistente. Se por um lado, os barulhos das explosões e dos tiros garantem uma boa imersão nas batalhas, por outro, na ausência de conflitos a parte sonora do jogo se torna praticamente inexistente.

O desempenho do jogo é muito satisfatório no Switch, tanto no modo TV quanto no modo portátil. Não há nenhum tipo de problema na performance, nem mesmo quando a tela cheia de inimigos e tomada por disparos.



Blue Rider é um título desafiador e bem construído. Sem a preocupação em entregar uma história, o jogo tem tudo para conquistar os fãs de um bom shoot’em up. Se você gosta de jogos de naves e de uma boa dose de dificuldade, certamente encontrará bastante diversão aqui - além de um pouquinho de raiva. Mas não espere por um título que vá te prender por muitas horas, pois Blue Rider tem o um fator replay com vencimento bem antes disso.


Prós

  • Alta dificuldade;
  • Cenários bem construídos e polidos;
  • Controles fáceis de dominar;
  • Lutas contra bosses bem construídas;
  • Efeitos sonoros bem feitos.

Contras

  • Baixo fator replay;
  • Alguns momentos podem ser muito frustrantes;
  • Trilha sonora um pouco tímida demais.

Blue Rider — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Eastasiasoft Limited
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