Análise: Away: Journey To The Unexpected (Switch) — uma jornada inesperadamente desagradável

Um exemplo de um dos muitos roguelikes do Switch que é melhor só ignorar.

em 20/02/2019


É verdade, após aquela rápida olhadela inicial e superficial, Away: Journey To The Unexpected parece ser um jogo, no mínimo, interessante. "Um roguelike em primeira pessoa com uns gráficos de anime irados? Claro, vamos lá!". Só que infelizmente não é bem assim. O jogo, aparentemente criado por um "time" de apenas duas pessoas, tenta, mas falha em quase todos os aspectos — sim, até nos mais simples, como "conseguir atacar os inimigos" ou "fazer você querer jogar por mais de 15 minutos".

Você vai querer ficar "away" desta jornada

Antes de mais nada, saiba que este é um jogo simplesmente esquisito de se jogar. Desde o começo, assim que o protagonista dá os seus primeiro passos em um dos estágios desnecessariamente vastos do jogo (graveto em mãos, claro), sem um objetivo claro ou qualquer motivação, sem encontrar nada realmente interessante (ou interativo) no caminho, aí você já começa a questionar onde está a "alma" de Away — ou se ela, pelo menos, existe.

O sentimento de "vazio" ou de "incompletude" acompanha o jogador a todo momento, e em todas as camadas possíveis — tanto literalmente quanto figurativamente — afinal, o mundo é tão vazio quanto o design ou a personalidade dos personagens. A história também não se salva. Você é um jovem protagonista sem nome (nomeado pelo jogador), seus pais desapareceram, seus avós te acolheram, uma empresa malvada, de repente, destrói o seu porão e o cachorro, claro, te dá um graveto. 



Esse graveto assume o papel de sua única arma e, "por sorte", ele tende a nunca acertar nada (o hitbox é extremamente estranho) e é isso. Só um graveto mesmo, sem poderes mágicos ou algum ataque de longa distância. Você até pode trocar de arma, mas isso é feito através do recrutamento de aliados e, na maioria das vezes, acompanha alguma desvantagem visual totalmente desnecessária. É assim, uma das principais mecânicas de Away envolve a coleta de friendship cubes (cubos da amizade, em tradução livre), itens que permitem recrutar algum dos nada carismáticos personagens secundários para o seu grupo. Ao contrário do protagonista, que mede sua vida por meio de "corações", estes personagens adicionais utilizam uma barra circular de energia, e, assim que ela acaba, vão embora. 

Trocar entre eles e o protagonista é fácil e rápido o bastante: é só apertar "R" e "L" ou algum dos lados do direcional digital. No entanto, não é sempre que você irá fazer isso graças à péssima decisão que faz com que a "visão" de todos os outros personagens seja horrível. O velhinho maluco enxerga com um filtro de "vidro quebrado" que não dá pra ver nada direito, por exemplo. Outro personagem secundário, a árvore excêntrica, consegue ser ainda pior: enxergando o mundo como se estivesse sempre com 1 de HP em jogos de tiro que diminuem a "barra" de vida escurecendo o mundo ao redor. Sabe? Quando você perde vida e tudo vai, aos poucos, ficando meio preto e branco? Pois é, fica difícil querer aproveitar as armas de longa distância, de qualquer aliado, quando todos eles seguem esse mesmo péssimo padrão. 




As dungeons geralmente são pequenas (e geradas randomicamente), só que é tão difícil de acertar os inimigos com o graveto que morrer várias vezes se torna a regra. Cada run (tentativa de avançar até morrer, típico termo de roguelikes) dá um pouco de experiência no final e, eventualmente, libera algumas habilidades especiais, como carregar o ataque do graveto, por exemplo — é bom lembrar que o dinheiro coletado também permanece com você até a próxima vida. Além disso, o sistema de progressão se dá por meio do recrutamento de aliados, ou seja, a cada vez que você convida um novo personagem para o seu grupo durante a run, você ganha um token de estrela. E, após coletá-los, é possível ganhar acesso para outras áreas, meio como as portas com estrelas em Super Mario 64. 

Away: Journey To The Unexpected é uma experiência bem curta e que parece "inacabada" em todos os sentidos — desde à jogabilidade até os menus e o design dos personagens. Inclusive, uma das áreas fez com o que o meu Switch travasse diversas vezes, e eu fui obrigado a reinstalar o jogo para resolver o problema. É difícil pensar em um bom motivo para se jogar esse roguelike em primeira pessoa, o que é uma pena, porque pelo menos a ideia era boa.

Prós

  • Um roguelike em primeira pessoa é uma ideia interessante; 
  • Gráficos legais.

Contras

  • Simplório e inacabado como um todo;
  • Combate truncado e frustrante;
  • O jogo travou algumas vezes.
Away: Journey To The Unexpected — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 4.0

Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Plug In Digital 
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