Agora, dezoito anos depois de Onimusha: Warlords chegar ao PS2, um jogo da série principal faz sua estreia em um console da Nintendo. E trata-se de um marco importante, pois a franquia não conta com um grande lançamento há um bom tempo. É a reintrodução de um clássico de forma quase idêntica, mas com melhorias pontuais que fazem desta uma ótima oportunidade para quem quer conhecer essa excelente saga sobre samurais e demônios.
Entre os muros do castelo
Onimusha: Warlords coloca o jogador em um cenário ficcional de batalhas históricas do Japão feudal. No entanto, o game não foca sua narrativa na grandiosidade desses eventos, mas sim nos mistérios que envolvem essa busca pelo poder supremo. Enquanto os clãs estão em guerra, profecias são invocadas e criaturas monstruosas começam a surgir das galerias inferiores do castelo Inabayama.Samanosuke — um valoroso samurai do clã Akechi — e a ninja Kaede são chamados para ajudar a resgatar a Princesa Yuki e, no percurso, desvendar os misteriosos desaparecimentos que estão assolando a fortaleza. Entre guerreiros samurais, profecias e demônios milenares, Onimusha segue uma tradição dos jogos desse estilo: a maior parte dos detalhes do enredo escondem-se em documentos e diários encontrados no decorrer da aventura.
E vale a pena aprofundar-se, pois a história fica muito mais interessante com essa contextualização. Para ajudar no processo, essa nova versão conta com diversos idiomas de dublagem e legendas (incluindo espanhol e o original em japonês), mas infelizmente o nosso português ficou de fora mais uma vez.
Espada mais cristalina e afiada
À primeira vista, o grande destaque deste relançamento de Onimusha: Warlords para o Switch está no visual consideravelmente mais cristalino em comparação com as embaçadas versões originais de PS2 e Xbox. Os gráficos foram remasterizados em HD e ainda ganharam uma muito bem-vinda imagem em formato widescreen (16:9) — embora a opção de jogar em 4:3 como antigamente ainda esteja presente.No entanto, o verdadeiro destaque dessa remasterização fica por conta do layout dos controles, que receberam uma preciosa redistribuição: no direcional digital encontramos os comandos estilo tanque tradicionais do original de PS2; enquanto isso, no direcional analógico está a praticidade do estilo moderno — o mesmo que também marcou presença no remake de Resident Evil.
O botão R1 segue travando nos inimigos, e a praticidade de trocar do direcional analógico para o digital nos momentos de combate — o que facilita a precisão dos comandos de circular em volta dos inimigos — só melhora a experiência. Onimusha apresenta o mesmo modelo de exploração de cenários que marcou a famosa série de zumbis da Capcom, onde você esmiúça os cômodos do castelo em busca dos itens, segredos e puzzles.
Durante a campanha, Samanosuke utiliza a mágica de três armas elementais e de sua Oni Gauntlet para destravar novos caminhos e coletar as orbes coloridas liberadas pelos inimigos mortos. Essas orbes servem não apenas para recuperar as barras de energia, mas também são usadas para melhorar os equipamentos e poderes mágicos do herói. Este elemento de evolução deixa a experiência muito mais voltada para a ação, em contraste ao sistema mais cadenciado e metódico dos primeiros jogos da série Resident Evil.
Ao contrário da conservação de munição da outra franquia da Capcom, em Onimusha o protagonista conta com diferentes armas brancas que contam com ataques normais e um especial que usa uma das barras de energia — também recarregável através dos espólios dos inimigos vencidos. É uma mistura divertida de exploração e ação hack and slash que funciona relativamente bem.
Mesma aventura, mesmos problemas
Onimusha: Warlords envelheceu muito bem, especialmente por conta de seus belos cenários pré-renderizados e personagens carismáticos. Mas as câmeras fixas, características dessa época, podem ser um enorme problema na hora dos combates mais frenéticos. Por diversas vezes precisei redirecionar minha mira porque perdi o foco nos inimigos, normalmente por conta das trocas constantes de ângulo.Outro porém é a falta de extras relevantes. Embora o jogo possua um sistema interno de conquistas chamado Honors — o que dá um pouco mais de longevidade à curta aventura, incentivando o replay — não há qualquer adição de conteúdo extra. É uma pena que a Capcom não tenha seguido seu próprio exemplo de outros relançamentos como Mega Man Legacy Collection ou Street Fighter 30th Anniversary Collection, duas coletâneas recheadas de artigos interessantes.
O retorno de um clássico esquecido
Na época de seu lançamento, Onimusha significou um salto considerável em tecnologia se comparado aos jogos de PS1. Hoje, as nossas expectativas são, naturalmente, muito mais elevadas. O fato de um título com quase vinte anos ainda conseguir ser muito divertido e esteticamente apelativo, só demonstra sua qualidade. Onimusha é, definitivamente, uma série que merece retornar com uma aventura inédita.Quanto a Onimusha: Warlords, se você já jogou, sabe exatamente o que encontrar aqui. Mas se é sua primeira vez, os controles melhorados, os gráficos mais cristalinos e a portabilidade oferecida pelo Switch agregam muita qualidade à experiência e tornam o console híbrido da Nintendo na melhor opção para conhecer esse excelente jogo de ação.
Pros
- Gráficos mais cristalinos e em widescreen;
- Possibilidades de controles melhoram consideravelmente a jogabilidade;
- Sistema de conquistas adiciona valor replay à jogatina;
- Envelheceu muito bem e segue sendo um ótimo game.
Contras
- A aventura é exatamente a mesma, sem conteúdo de jogo extra;
- Extremamente curto.
Onimusha: Warlords — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom