Análise: Double Cross (Switch) traz ação e elementos de plataformas interessantes

Junte pistas e pule plataformas para salvar o multiverso da destruição.

em 11/01/2019


Jogos de plataforma 2D são um dos gêneros mais conhecidos pelos gamers. Existem desde os anos 80, onde vários jogos eram feitos dessa maneira por causa das limitações técnicas da época. Com isso, ficaram famosos e muitos jogos são feitos assim até hoje. Desde então, quem produzisse esse gênero, tentava trazer vários elementos diferentes para que seu produto fosse único, diferente do anterior. Aqui, os desenvolvedores da 13AM tentam misturar elementos conhecidos nos combates, plataforma, puzzles e história para fazer de Double Cross uma experiência única e divertida.


Double Cross coloca o jogador na pele de Zahra, uma agente da R.I.F.T., uma polícia reguladora de fronteiras interdimensionais, controlando o que pode viajar entre as diferentes dimensões. Após ter o quartel general invadido e equipamentos capazes de criar uma arma de destruição em massa na escala dimensional roubados, cabe a você descobrir como conseguiram invadir a R.I.F.T., inclusive um traidor, e impedir uma catástrofe que pode acabar com toda a existência de todas as dimensões.

Existe um traidor entre nós


Iniciando como mais um simples dia de trabalho, o jogo começa muito bem apresentando os personagens presentes na história. Uma forma de tutorial antes dos problemas se iniciarem. A introdução funciona muito bem, pois mostra como seus amigos são gente boa antes de dizer que um deles é um traidor. Fosse o contrário, eu já ia duvidar da planta musculosa. Nenhum fisiculturista que se preze pula o dia de malhar a perna. Como não é o caso, todos podem ser o culpado, e como são personagens legais para a heroína, qualquer resultado seria impactante tanto para a Zahra quanto para o espectador.



É impressionante como a história flui e como ela depende dos diálogos com seus companheiros. Além da necessidade de passar pelas fases e coletar pistas, são os outros agentes que vão analisar as suas descobertas e avançar a história. Assim, o jogador precisa primeiro saber qual personagem tem conhecimento no item recém descoberto. Por exemplo, levar um líquido natural encontrado em um ambiente de pesquisa para uma bióloga dar mais informações do que isso pode fazer. Felizmente, as interações não só servem para avançar a campanha, como também passa novas informações de todos seus amigos. Sempre que há um diálogo novo o gamer pode ficar com a pulga atrás da orelha, todos os personagens possuem motivos para tentar destruir a R.I.F.T. e só nos resta tentar adivinhar o culpado, assim como tentávamos adivinhar quem era o vilão nos antigos episódios de Scooby-Doo. Esses diálogos são bem escritos e passa bem a motivação das pessoas e impedem que a história pareça forçada. Todos os personagens possuem profundidade e variedade, um gosta de fazer trocadilhos em todas as frases, enquanto outro é muito sério e literal. Até as motivações são convincentes e você percebe tudo isso conversando.

A realidade crua das outras dimensões



Outra parte muito importante para o jogo são as fases. Após o ataque a R.I.F.T., os agentes coletam as informações que obtiveram e decidem investigar três dimensões diferentes. Todas as fases vão utilizar do elemento principal do jogo, o sling de próton, uma espécie de gancho que encaixa em certos pontos para puxar e impulsionar a personagem e também pegar projéteis para arremessar nos inimigos. Tirando isso, cada dimensão possui elementos próprios e proporcionam experiências diferentes, relacionados à história do jogo. Em um, por exemplo, a agente irá investigar um antigo laboratório que usa uma gosma encontrada na natureza e pode ser usada para fazer explosivos.



As fases possuem um bom level design. Os elementos são apresentados de uma maneira simples e de fácil solução para gradualmente dificultar o progresso. Algumas vezes o jogo irá cobrar raciocínio do jogador, apresentando o problema e os itens para solução. Assim, as fases possuem um ritmo variado dificultando o marasmo na progressão, pedindo aprendizado, habilidade e raciocínio.  Além disso, existem cristais, chamados upgradium, para serem coletados pelo cenário que aumentam o nível de Zahra, podendo desbloquear novas habilidades, tanto como opções de combo, quanto melhorias na força, defesa ou movimento.



Os cenários são distinguíveis entre si. Com cores diferenciadas, o jogo passa a ambientação necessária e cada dimensão parece um lugar único. A música também consegue passar a sensação ideal para a situação. Com ritmos eletrônicos, o jogador consegue sentir a urgência em uma cena de perseguição ou a suavidade de sua base. Ainda assim, as fases são poucas, com quatro dimensões, incluindo o R.I.F.T. existe a sensação de repetição. Felizmente, o level design consegue apresentar e variar seus elementos e esconder a mesmice do ambiente.

Passos suaves



As habilidades extras conseguem deixar o jogo mais divertido. Não são necessárias para se concluir a campanha, mas podem quebrar um galho. Para o combate, é divertido tentar fazer combos diferentes e aumentar o dano deferido antes que o inimigo caia no chão. A diversão nas batalhas é realmente importante, já que nessa parte, os inimigos são muito fáceis a ponto de não haver a necessidade de usar os golpes especiais. A habilidade de cura, por exemplo, será usada frequentemente graças aos buracos e espinhos do cenário. O único momento que o combate consegue ser desafiante é durante as lutas com os chefes, onde utiliza elementos de plataforma e os golpes extras são realmente necessários.



Outra coisa que pode diminuir o incentivo às melhorias, é a falta de apelo visual das animações. Enquanto a arte do cenário e dos próprios personagens são bem coloridas e únicas, a animação deixa a desejar. Os movimentos da heroína possuem poucos frames e o resultado são ações travadas. Os inimigos sofrem com menos quadros e a falta de pose impactante, dificultando a percepção do jogador para quando o inimigo irá atacar. Isso causa alguns danos desnecessários e injustos. Felizmente, essa dureza não é transmitida para o controle. Zahra responde bem aos comandos do controle, então pular, correr, atacar e usar o sling de próton funciona quando o jogador quer. Só não será visualmente apelativo.

Viagem rápida, porém, divertida



Double Cross é realmente divertido. O jogo consegue ser colorido e bem-humorado enquanto coloca o jogador em um mistério para ser resolvido. Mesmo com as animações travadas e sem impacto, é possível passar pelo jogo sem se importar graças ao controle que consegue fluir bem. Infelizmente, a diversão acaba rápido. O game possui poucas fases e deixa um gostinho de quero mais no final. Mesmo assim, para quem gosta de plataformas 2D, Double Cross vale a pena, com bom level design e uma boa história. E para quem gostar dos personagens, há um modo extra com suas artes conceituais e uma playlist com as músicas do jogo.

Prós

  • Ótimo level design;
  • Narrativa flui bem;
  • Incentivo à interação com o NPC.

Contras

  • Combate fácil;
  • Campanha curta.
Double Cross – Switch/PC – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Grafitti Games
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