Super Smash Bros. Ultimate (Switch) e sua enciclopédia dos games

O novo game abrange uma porção extraordinária da história, da música e da propriedade intelectual dos games.

em 03/12/2018

A grandiosidade de Super Smash Bros. Ultimate (Switch) é inquestionável. Depois de décadas desenvolvendo a indústria de games, há uma aproximação, ou conquista, de seu ápice com gráficos próximos do realismo fantástico inimaginável no começo dessa história e aprofundamentos nunca antes presenciados. Para tanto, a evolução de Super Smash Bros. acompanhou patamares mundiais e, com toda a bagagem possível, alcançou uma referência como enciclopédia, graças ao trabalho incomparável de Masahiro Sakurai e sua equipe.

Uma aula de história

Primeiramente, é notável a coerência informativa oferecida pela série Super Smash Bros. sobre diversas franquias de videogame reconhecidas mundialmente. Desde suas primeiras versões, a série se preocupou, e muito, com a representação de inúmeros ícones dessa indústria, mesmo que não sejam classificados como personagens jogáveis.

Assim, com os chamados trophies, o game sempre incentivou a coleta de centenas de figuras das mais diferentes franquias, todas com informações úteis e com curiosidades sobre cada criatura, objeto ou lutador. Desde Super Smash Bros. Melee (GC) a existência desses troféus corroboraram o caráter icônico de representação como nunca antes visto.

Há um total de 290 troféus obtidos inicialmente em Super Smash Bros. Melee. Posteriormente, os trophies continuam a aparecer em Super Smash Bros. Brawl (Wii) e seu número foi quase dobrado para 544 troféus, com uma galeria que pode ser classificada por série (universo) ou por tipo, que tem as seguintes categorias: Lutador, Relacionado com Lutador, Final Smash, Item, Assist Trophy, Poké Ball, The Subspace Emissary, Inimigos e Outros.

Em Super Smash Bros. for Wii U há um total de 716 troféus, somando com os 27 troféus adicionais de DLC para um total de 743 — todos com descrições e informações históricas referentes aos games em questão. Os trophies apresentados na versão para Wii U de Super Smash Bros. diferem-se da versão para o Nintendo 3DS na medida em que a maioria deles é baseada em jogos em sistemas de consoles domésticos, enquanto a versão para 3DS possui principalmente troféus baseados em consoles portáteis. Além disso, a versão para Wii U apresenta troféus de franquias de terceiros (third party) que não são representados em outras partes do jogo, como a franquia Rayman, da Ubisoft.

Por fim, a nova versão agendada para 7 de dezembro, no final desta semana, para o híbrido da Big N conseguiu aumentar ainda mais o conceito dessa biblioteca. O chamado Spirits Mode reúne (quase) tudo que conhecemos e cria uma experiência estilo RPG em que o jogador compartilha criaturas e personagens de diversos mundos dos games em batalhas como auxiliares, tornando a função colecionável de Super Smash Bros. uma forma de, também, interagir mais de 1000 “espíritos” das nossas memórias com o gigantesco roster de lutadores.

Resumindo, a história representada na série Super Smash Bros. cresce a cada nova versão e, sem dúvidas, Super Smash Bros. Ultimate aumentará ainda mais o repertório dessa parcela cultural. A par disso, podemos contar com sua ampliação em diversas áreas do game, incluindo cenários e, principalmente, diversidade musical.

Música para os meus ouvidos

A música pode mudar o mundo porque pode mudar as pessoas — Vox, Bono
Esse é outro aspecto interessante da grande enciclopédia que engloba a série: a soundtrack. Afinal, são mais de 800 músicas presentes em Super Smash Bros. Ultimate e, por mais que pareça simples discutir sobre a preciosidade das composições instrumentais dos games, é importante entender, primeiramente, o que torna a música tão importante para o ser humano e para todas as suas compreensões globais.

Para entendermos isso melhor, vamos nos remeter às observações filosóficas a respeito das músicas. Sua característica emocional é expressada por Platão como o poder de produzir estados emocionais em quem ouve a música. Isso é persistente principalmente quando o assunto é nostalgia, uma vez que nosso cérebro interliga sons e ruídos com memórias positivas guardadas em nosso inconsciente. Tendo como exemplo The Legend of Zelda: Ocarina of Time (N64), que completou 20 anos de lançamento este ano, de modo que representa um jogo importante para você e que te marcou em algum momento da sua vida, posso apostar que essa música, que está de volta na tracklist da franquia em Super Smash Bros. Ultimate, consegue arrancar um sorriso memorável dos fãs:

Dessa forma, a questão emocional trazida pela música é pertinente e observada em questionamentos filosóficos — e isso não exclui a influência das músicas nos games também. Desde os filósofos gregos, Platão e Aristóteles, até os pensadores mais modernos, a música sempre foi uma indagação interessante que pode, inclusive, ultrapassar o caráter racional do ser humano. Inclusive, Arthur Schopenhauer estudou sobre o assunto e reconheceu sua complexidade frente os dilemas do homem moderno.
A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende — Schopenhauer, Arthur
Seja qual for a explicação para tanta emotividade envolvida, a música tornou-se uma subdisciplina reconhecida do campo filosófico. Nesse viés, é fundamental que entendamos como, por exemplo, aquele jovem que passou uma parcela de sua infância carregando seu Game Boy para todos os lados junto com seu cartucho de Pokémon Red & Blue (GB) traz, ao escutar uma trilha sonora recheada de nostalgia, presente desde a versão para Wii e novamente em Super Smash Bros. Ultimate, uma afeição memorável de uma infância ou adolescência feliz e marcada pela simplicidade e pelas melodias presentes no mundo Pokémon.

Propriedade intelectual

Acredito que o direito autoral é um dos poucos empecilhos que impedem a série Super Smash Bros. de ser maior do que já é. Isso é pontuado partindo do princípio de que tudo que está sendo referenciado em Super Smash Bros. Ultimate até o momento passou, por algum momento, pela autorização de imagem.

Felizmente, essa barreira cedeu a diversas empresas até o momento, com claras menções à Konami, Capcom, PlatinumGames e Sega, por exemplo. Como o direito autoral — ou direito de autor — é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, os fãs anseiam por uma expansão ainda maior, junto com as expectativas de licenças e de contratos harmoniosos entre as empresas para que, enfim, a versão Ultimate consiga, com êxito, cumprir a expressão everyone is here.

Portanto, é imprescindível aguardar pelo produto final com altas expectativas, visto que é a versão “absoluta” de tantas histórias e memórias guardadas em franquias da Big N e de terceiros. Mesmo com limitações jurídicas, o crescimento de Super Smash Bros. Ultimate é extraordinário e, sem dúvidas, consegue deixar qualquer fã boquiaberto. Culminar em um jogo o marco histórico dessa manifestação da criatividade humana em transformar personagens fictícios em figuras importantes para nossa realidade é encantador e, principalmente, único — e que, sem dúvidas, o Nintendo Switch terá o grande privilégio de ser o mediador.

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É estudante e apaixonado por games desde seu primeiro contato com Duck Hunt e Ice Climbers do nintendinho em 2002. Fanático por Pokémon e admirador de diversas franquias, reúne seu tempo livre para escrever e tentar colocar as matérias da faculdade em dia.
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