A vida ficou difícil para qualquer coletânea que chega ao mercado após o lançamento da caprichada
SNK 40th Anniversary Collection. Mais ainda para a SEGA, que não cansa de relançar seus jogos nas mais variadas formas: seja com as fantásticas versões 3D para o Nintendo 3DS; edições com qualidade duvidosa lançadas para smartphones; em diversas outras coleções espalhadas por gerações anteriores; ou mesmo pelas mãos do sempre competente estúdio M2, na série SEGA Ages.
O fato é que os títulos de
Mega Drive estão sempre meio saturados e na boca do povo — mesmo trinta anos depois da chegada do console ao mercado. Se você é fã de longa data, sabe exatamente o que esperar de
SEGA Genesis Classics. Mas se é novato, essa é a melhor maneira de descobrir essas jóias do passado da empresa, num catálogo com uma quantidade generosa de games interessantes.
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Streets of Rage 2 |
Jogos para (quase) todos os gostos
Parece repetitivo para quem não se importa com este velho sistema 16-bit. Mas para quem é fã do console e consegue ouvir "Seeegaaa" toda vez que enxerga aquele logotipo, é nostalgia pura. Porém, será que depois de aproveitar esses clássicos em tantas plataformas diferentes, vale o investimento também no Nintendo Switch? A resposta é um sonoro sim!
Em primeiro lugar porque o catálogo ganhou muito em qualidade em comparação a coletâneas anteriores com as adições de Landstalker, Gunstar Heroes, Alien Soldier, Shadow Dancer, The Revenge of Shinobi e ToeJam & Earl 1 e 2. Em segundo, porque nada se compara ao prazer de poder jogar esses clássicos na tela do Switch e ter disponível a facilidade de compartilhar os Joy-Con com os amigos em partidas multiplayer descompromissadas.
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ToeJam & Earl é um dos melhores jogos cooperativos do Genesis |
No total, são 52 títulos do saudoso Mega Drive, em quase todos os estilos imagináveis como plataforma, aventura, ação, puzzles,
beat 'em ups, tiro
side-scroller,
shoot 'em ups, luta, diversos tipos de RPG (de estratégia, de ação e tradicional), alguns jogos de ação em Super Scaler e até um pinball diferentão.
Confira a lista completa dos títulos presentes, em ordem alfabética:
Alex Kidd in the Enchanted Castle, Alien Soldier, Alien Storm, Altered Beast, Beyond Oasis, Bio-Hazard Battle, Bonanza Bros., Columns, Columns III: Revenge of Columns, Comix Zone, Crack Down, Decap Attack, Dr. Robotnik's Mean Bean Machine, Dynamite Headdy, ESWAT: City Under Siege, Fatal Labyrinth, Flicky, Gain Ground, Galaxy Force II, Golden Axe, Golden Axe II, Golden Axe III, Gunstar Heroes, Kid Chameleon, Landstalker, Light Crusader, Phantasy Star II, Phantasy Star III: Generations of Doom, Phantasy Star IV: The End of the Millennium, Ristar, Shadow Dancer: The Secret of Shinobi, Shining Force, Shining Force II, Shining in the Darkness, Shinobi III: Return of the Ninja Master, Sonic 3D Blast, Sonic Spinball, Sonic the Hedgehog, Sonic the Hedgehog 2, Space Harrier II, Streets of Rage, Streets of Rage 2, Streets of Rage 3, Super Thunder Blade, Sword of Vermilion, The Revenge of Shinobi, ToeJam & Earl in Panic on Funkotron, ToeJam & Earl, Vectorman, Vectorman 2 e Virtua Fighter 2. Ufa!
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Estante virtual recheada de nostalgia |
Nem todos os clássicos estão aqui
No entanto, algumas faltas são sentidas logo de cara. Além da ausência de vários clássicos de
third-parties (o que é compreensível), não há qualquer exemplar de esporte ou corrida na extensa lista. Em um console que contou com jogos fantásticos como Super Hang-On, Super Monaco GP e Out Run, é uma pena não contar com nenhum desses. Os dois títulos da série Ecco the Dolphin também são ausências no mínimo curiosas.
No topo desta lista de propriedades
first-party da SEGA que não estão presentes neste pacote estão Sonic the Hedgehog 3 e Sonic & Knuckles, que costumavam marcar presença em outros lançamentos da empresa e são títulos extremamente importantes para o console. Além, é claro, da inexplicável ausência de Wonder Boy III: Monster Lair e Wonder Boy in Monster World, dois jogos que estão nas outras versões desta mesma coletânea para as outras plataformas, mas foram retirados da edição Switch sem motivos aparentes (DLC, talvez?).
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Se procura um jogo de luta, Virtua Fighter 2 é a única opção |
Alguns jogos também são dispensáveis e acrescentam pouco: Sonic 3D Blast continua sendo o ponto baixo da franquia no console 16-bit; Flicky é aquele nome onipresente que ninguém dá bola; dois games da série Columns é um a mais do que o necessário para qualquer coleção; e Virtua Fighter 2 é a única opção de luta mas, sejamos francos, é ruim demais no Mega Drive.
Phantasy Golden Streets of Shining Sonic Heroes & Earl
Levando em consideração que o catálogo conta com dezenas de exemplares da era de ouro dos gráficos 2D, fica difícil reclamar, não é mesmo? Em especial porque a maioria dos títulos 16-bit envelheceu muito bem e seguem extremamente divertidos de jogar. Nesse acervo temos alguns dos exemplos mais exuberantes de gráficos e ação frenética desse período, com três exclusivos do Mega Drive provindos da produtora japonesa Treasure: Alien Soldier, Dynamyte Headdy e Gunstar Heroes.
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Gunstar Heroes é uma pérola da Treasure |
Se somarmos estas três pérolas da Treasure com os jogos das séries Phantasy Star, Shining Force (e Shining in the Darkness), Shinobi, Golden Axe e Streets of Rage, além do quase
rogue-like Toejam & Earl, Landstalker, Beyond Oasis e, naturalmente, Sonic 2, temos um pacote poderoso e que oferece centenas de horas de diversão. Sem dúvidas, estes clássicos fazem valer o investimento.
Alguns títulos possuem a opção de escolher entre jogar a versão americana ou japonesa, o que é bacana para quem quer conferir as modificações ocorridas nas localizações — Streets of Rage 2 e 3 foram censurados no Oeste, por exemplo. É uma pena que não seja possível ver as artes das capas dos jogos no menu — e também não há imagens dos manuais para matar a saudade. Mas se você quiser deixar a sua coleção um pouco mais customizada, pode colocar as caixinhas preferidas nos favoritos, deixando os melhores no topo da estante virtual.
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Gilius Thunderhead marcando presença no clássico Golden Axe |
Sem conteúdo desbloqueável, mas com muitos extras diferentes
Diferentemente da Sonic's Ultimate Genesis Collection — lançada para Playstation 3 e Xbox 360 com diversos itens de museu e até games de Master System e Arcade a serem desbloqueados — os extras do novo título limitam-se a opções na apresentação, configuração de emulação e filtros, além de um muito bem-vindo sistema de
rewind (rebobinar) e
fastforward (acelerar o jogo), contando até com uma animação que imita as fitas de videocassete de antigamente.
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Shining Force na TV CRT com scanlines fica ainda mais nostálgico |
Essas configurações de apresentação são realmente bem variadas e interessantes, deixando o jogador livre para customizar seu quarto e a "tela da TV" do jeito que melhor lhe convém. Eu, por exemplo, escolhi jogar com o televisor virtual aparecendo na tela do Switch. E para adicionar ainda mais nostalgia, ativei o filtro de
scanlines e um efeito de tela curvada, exatamente como as antigas TV's de tubo costumavam ser.
Existem ainda diversas opções de
pixel scaling; bordas nas laterais que referenciam a estética da época; opção de tela-cheia (que estica a imagem) e o exclusivo
Mirror Mode, que faz com que todos os jogos fiquem espelhados — dando nova vida a velhos clássicos. Isso tudo sem contar a fantástica apresentação do menu da coletânea, representado em um ambiente que remete a um quarto pré-adolescente dos anos 90 — incluindo os velhos pôsteres de revista nas paredes.
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O quarto de um "Sega Kid" serve de menu para a coletânea |
Para adicionar ainda mais valor replay ao título, há dois sistemas distintos de troféus/conquistas. O primeiro chama-se
Feats e é tradicional modo que os donos de consoles da Sony e Microsoft estão acostumados. Já o segundo,
Challenges, coloca muito mais tempero à mistura.
Nesse modo, condições específicas são exigidas do jogador para vencer o desafio, como, por exemplo, completar o ato 2 da Green Hill Zone de Sonic The Hedgehog no modo espelhado e em menos de um minuto. E nestes casos o uso de
save ou
rewind é bloqueado, o que pode ser realmente desafiador.
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Beyond Oasis é uma bela aventura no estilo Zelda |
Falando em
saves, são quatro espaços para salvamentos normais e ainda um
save/
load rápido extremamente útil em atalhos no direcional analógico direito. Fechando a fatura de extras, há
leaderboards online para comparar suas pontuações com os amigos e outros jogadores pela internet.
E, naturalmente, também há jogatina online, que pode ser filtrada por título específico ou aberta para qualquer partida encontrada. No entanto, confesso que sofri para encontrar pares com conexões confiáveis e o
lag foi parte constante da minha experiência.
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Coleção conta com três ótimos títulos da série Shinobi |
(Nintendo) Blast Processing no Switch
Com uma emulação competente e que não compromete a experiência,
SEGA Genesis Classics pode até pecar na falta de extras mais substanciais, mas sobra nos quesitos quantidade e qualidade dos jogos. Não há como negar que a maioria dos 52 games presentes na coletânea seguem fazendo bonito com seus gráficos pixelados e jogabilidades que envelheceram muito bem depois de quase trinta anos.
Mesmo com algumas faltas sentidas de games
first-party, a SEGA entrega um pacote realmente poderoso para os fãs do velho console 16-bit. Tudo fica ainda melhor no Switch, com a possibilidade de compartilhar os Joy-Con e aproveitar um multiplayer com os amigos a qualquer hora e em qualquer lugar. Se você é fã (ou curioso) do Mega Drive, essa coleção é obrigatória!
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Vai deixar o Sonic esperando? |
Prós
- Dezenas de ótimos jogos, que oferecem centenas de horas de diversão;
- Apresentação bacana e nostálgica, com diversas opções de customização;
- Mirror Mode e Challenges acrescentam ainda mais valor replay ao pacote.
Contras
- A ausência inexplicável de jogos como Sonic 3 e Wonder Boy;
- Sem os extras e desbloqueáveis presentes em outras coleções.
SEGA Genesis Classics — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela SEGA