Análise: Rogue Legacy (Switch) traz uma herança de diversão, humor e muitas mortes

Um dos maiores sucessos indie de 2013 chega ao Switch misturando os gêneros "Metroidvania" e "Roguelike".

em 06/11/2018


Quando pensamos em uma “grande família”, é normal que o famoso seriado de televisão brasileiro seja uma das primeiras coisas que apareça em nossa cabeça. No entanto, basta jogar um pouco de Rogue Legacy (Switch) para presenciar o que é, literalmente, uma verdadeira “grande família”.


Desenvolvido pela Cellar Door Games, Rogue Legacy é um Metroidvania Roguelike com cenários gerados proceduralmente. Lançado originalmente em 2013 para o PC, o título foi um sucesso de crítica na época por apresentar um conceito viciante, além de compartilhar muitos elementos com os antigos clássicos da série Castlevania.

Muito unida e também muito ouriçada

Uma família de nobres guerreiros quer resgatar o rei do Castelo Hamson que fora amaldiçoado e eles estão dispostos a tudo para cumprir esse objetivo, mesmo que isso signifique milênios e mais milênios de tentativas frustradas. Para combater a maldição, é necessário destrancar a porta para a sala do rei derrotando os 4 grandes chefões do jogo.

Em suma, é uma premissa simples para um jogo que não necessita dela para conquistar o público. Rogue Legacy consegue ser charmoso e único, apesar de seguir a fórmula básica de um Metroidvania sem muitas inovações. Com controles precisos e confortáveis, o título faz o básico e oferece uma jogabilidade impecável.



Existem muitos fatores que destacam Rogue Legacy acima dos demais jogos do gênero, mas a mecânica de hereditariedade é, de longe, a mais notável. Depois de morrer uma vez, você só poderá voltar à aventura na pele de um herdeiro do personagem que foi morto. Ao contrário do que manda o manual do gênero Roguelike, o herdeiro carrega todo o dinheiro, equipamento e melhorias obtidas pelos seus antecessores.

Porém, assim como na vida real, todas as pessoas da enorme família de guerreiros têm suas características únicas, chamadas de “Traits”. Elas podem ser talentos específicos, doenças ou até mesmo traços de personalidade inspirados na vida real que afetam bruscamente a jogabilidade do jogo. Por exemplo, um personagem com “miopia” não enxerga muito bem de longe, outros podem ser anões, já alguns não tem talento para magias e etc., totalizando ao todo 31 Traits diferentes.

A aleatoriedade dos Traits promove a adaptação do jogador que precisa saber conciliar os pontos negativos e positivos de cada personagem. A mecânica é divertida e ajuda a diversificar a jogabilidade ao oferecer diversos tipos de combinações diferentes.

Aleatoriamente divertido

Além dos Traits, todos os personagens têm uma classe específica. Existem 10 no total, e todas proporcionam uma mudança significativa nos atributos e nas habilidades especiais únicas de cada uma. Por exemplo, Ninjas são rápidos e frágeis, Bárbaros têm muita vida e pouco dano, Magos são focados em magias e assim por diante.



Certas classes especiais só podem ser destravadas comprando upgrades na loja. Aliás, quase tudo deve ser comprado nesse jogo. O sistema de progressão em Rogue Legacy é feito quase inteiramente com base na compra de melhorias, equipamentos e runas com o dinheiro deixado pelos antecessores.

A lista de upgrades é vasta. Desde o tradicional aumento de ataque, mana e defesa, até evoluir as classes e conseguir novos poderes. Os equipamentos são mais básicos e oferecem apenas acréscimos nos atributos. Por último, mas não menos importante, estão as runas, que compõem a parte mais divertida da customização do jogo. Elas dão buffs especiais que podem acumular de acordo com o número de runas semelhantes. Esses buffs oferecem habilidades como o pulo duplo, roubo de vida ou mana, poder de voar, dashes e muitos outros.

Depois de customizar o guerreiro e equipa-lo de acordo com o seu gosto, chega a hora de finalmente entrar no castelo. Lá dentro, todas as áreas são geradas proceduralmente e estão encharcadas de inimigos perversos, como caveiras, armaduras vivas, olhos gigantes e mulas-sem-cabeça. Apesar da dificuldade hostil, a aleatoriedade dos cenários é muito viciante e instiga o jogador a nunca enjoar da aventura. É preciso ter um ótimo controle mental para saber a hora de parar depois que Rogue Legacy te prende de vez.

Além de castelos, o título também conquista corações com o seu bom humor. Desde as divertidas descrições de poderes e características, até a possibilidade de evoluir a classe de “Ninjas” para “Hokages”, igual ao personagem de anime “Naruto”. Porém o destaque das referências vai para a “maldição dos ouriços”, que remete claramente ao Sonic the Hedgehog. Quando se é amaldiçoado por ela, o protagonista deixa cair dezenas de moedas quando recebe qualquer dano e, mesmo que seja prejudicial, ainda é impossível não levantar um sorriso de tão inusitado e criativo que é.

Imperfeitamente humano

Você vai morrer muito jogando Rogue Legacy, mas isso não significa que a dificuldade seja injusta. Tudo está na medida certa para quem quiser ter um desafio justo, pois basta acumular dinheiro e comprar equipamentos melhores para facilitar bastante a aventura. Quem ainda não conseguir, pode equipar runas que facilitam o jogo em troca de receber poucas recompensas. Essa mesma runa também tem sua versão oposta para quem quer desafios e recompensas maiores.

Porém, assim como os próprios personagens do jogo, Rogue Legacy também tem seus defeitos. O título pode ter bastante conteúdo variado, mas é pouquíssimo diverso quando o assunto é o elenco de inimigos. A maior parte dos adversários são apenas versões maiores e mais fortes dos inimigos básicos, sendo que o mesmo também vale para os chefes.

A trilha sonora é acima da média e demora para enjoar, porém os visuais não apresentam nada de interessante ou criativo. Os gráficos são compostos de uma Pixelart caricaturesca sem muita personalidade e as temáticas dos cenários são bem genéricas. O design dos inimigos também não são lá muito criativos.

Uma família maluca, mas honrada

O trabalho de port do título para o Switch é bem feito e não apresenta nenhuma diferença quando comparado às outras versões, porém, a versão do híbrido acaba se destacando pela possibilidade de poder jogá-la em qualquer lugar. A portabilidade é um fator que só favorece ainda mais as características rápidas e o estilo de jogo arcade de Rogue Legacy.



Viciante, preciso e divertido, Rogue Legacy não pega leve quando o assunto é tirar leite de pedra. Ele não é um Metroidvania perfeito, mas cumpre perfeitamente o seu papel de divertir e oferecer um bom desafio. Repleto de conteúdo para dar e vender, o título da Cellar Door Games é uma das melhores opções disponíveis no Switch para quem quer um jogo de plataforma exemplar.

Prós:

  • Replay praticamente infinito;
  • Jogabilidade impecável;
  • Ótimo sistema de hereditariedade;
  • Dificuldade difícil, mas justa.

Contras:

  • Não há muita variedade de inimigos;
  • Visuais rasos;
  • Temática de cenários genérica.

Rogue Legacy – PC/Switch/Vita/PS3/PS4/XBO – Nota: 9.0

Versão utilizada para análise: Switch
Revisor: Vinícius Rutes Henning
Chave para análise cedida pela Cellar Door Games
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Estudante de jornalismo que não vê a hora de achar um estágio. Apaixonado por videogames e esperando o fim de Hunter x Hunter e Berserk desde que me entendo por gente.
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