Preto e Branco
O subtítulo de Deru resume com precisão tudo o que você precisa saber sobre a experiência que ele proporciona: arte e cooperação são as palavras-chave. Desde o menu bastante minimalista até a fluidez dos pincéis digitais que compõem as diversas linhas de tinta presentes, é fácil de se perceber Deru como arte, ou, no mínimo, como um jogo que claramente se expressa de forma artística a toda hora. Até mesmo o bizarro (e quase engraçado) trailer de lançamento passa exatamente esse sentimento: atores entediados, vestidos como os diferentes "protagonistas", um círculo preto e um triângulo branco; mudam drasticamente de humor enquanto apresentam de forma simples o funcionamento do jogo — "O preto bloqueia o branco; o branco bloqueia o preto".
Deru, como a própria desenvolvedora coloca, é uma jornada de opostos. Microcontos em que o branco e o preto se auxiliam através de "pontes e barreiras" para chegarem aos seus respectivos objetivos. Funciona assim: duas formas geométricas (geralmente círculos ou triângulos) precisam impedir o caminho de constantes jatos de tinta de cor oposta às suas, para que então o seu companheiro consiga chegar até o objetivo, e vice e versa. Se você for da cor preta, por exemplo, jatos de tinta preta vão desintegrar a sua forma geométrica até destruí-la completamente. Por isso, para acabar a fase, o seu amigo de cor branca precisa abrir o caminho para você da forma que for possível — geralmente bloqueando diferentes jatos no tempo certo, enquanto você bloqueia os jatos brancos no caminho dele. A premissa até que é simples, mas alcançar estes objetivos é consideravelmente (e incrementalmente) mais complexo.
O ideal é você jogar sempre com um amigo (ao lado, nada de modo online). Embora exista a opção para um só jogador, é bastante claro que o jogo foi feito justamente para explorar a dinâmica da cooperação entre duas pessoas — e Deru realmente explora esse aspecto de uma forma, no mínimo, impressionante. A comunicação é obrigatória para que você e seu amigo consigam superar cada obstáculo. Prepare-se para vibrar com cada pequena etapa conquistada em algum dos puzzles e, acredite, o sentimento de superação e de "missão cumprida" compartilhado ao final de cada estágio é muito forte e constante durante todos os cinco "mundos" de Deru — cujos nomes combinam perfeitamente com a proposta quase meditativa e minimalista do jogo: faith, courage, liberty, abundance e dependence.
Deru: The Art of Cooperation não vai mudar o mundo, no entanto, com certeza cumpre o que promete: uma experiência cooperativa local excelente inserida em contexto artístico refinado. Você pode até jogar sozinho, controlando as formas geométricas com cada um dos analógicos do controle, mas o próprio título do jogo não recomenda esse modo. A dificuldade é alta e o gameplay não tão variado. Então, o maior desafio é encontrar um amigo disposto a encarar essa aventura ao seu lado. Para convencê-lo você pode falar o seguinte: Deru é um jogo com uma identidade clara e uma personalidade única, ambientado através de pinceladas de tinta e um visual minimalista, além da trilha sonora e da sonoplastia que só podem ser descritas como perfeitas para a proposta. Este é um jogo que só pode ser realmente compreendido quando experienciado — e vale a pena viver essa jornada de opostos.
Prós
- Identidade única através de uma estética original;
- Trilha sonora e sonoplastia excelentes;
- Co-op bastante satisfatório.
Contras
- Um tanto curto e repetitivo;
- Dificuldade elevada.
Deru: The Art of Cooperation - Switch/PC - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela INK KIT Studios
Análise produzida com cópia digital cedida pela INK KIT Studios