Análise: Reigns: Kings and Queens (Switch) — ser rei nunca foi tão simples

Simulação medieval encontra o Tinder no título da Nerial.

em 03/10/2018

Reigns deixa você tomar o controle da sua história de uma forma que condiz bastante com os tempos atuais: escolhas binárias em que você arrasta o cursor para esquerda ou para direita. Trazer esse conforto de fazer decisões relevantes com o simples toque de um dedo, prática tão comum da nossa era moderna, para um jogo no qual você administra um reino, foi uma decisão legitimamente genial da desenvolvedora. No entanto, será que isso entretém o bastante enquanto videogame? E será que esse formato, perfeito para um celular ou um tablet, funciona também no Switch?

Sim ou Não

As minhas primeiras horas com Reigns foram ininterruptas e cheias de empolgação. A premissa do baixo nível de comprometimento, que ainda mantém algumas boas camadas de profundidade, é inicialmente bastante atrativa, principalmente para as pessoas mais ocupadas durante o dia a dia. Ao iniciar o jogo, um menu bastante simples logo lhe coloca no papel de um rei — o primeiro governante do seu reino. Após receber como alcunha algum nome genérico da monarquia britânica (Henry, Joseph, William e por aí vai), não demora muito até você começar a fazer as suas decisões. Decisões que irão afetar não só o seu reino como um todo, mas o seu tempo de vida e legado como governante.



A interface é muito simples: Reigns se apresenta como um jogo de cartas solitário. As escolhas que afetam o seu reino são nada mais nada menos do que cartas que você coloca para esquerda ou para direita (com qualquer um dos analógicos do Switch), dependendo da sua escolha. Um número limitado de personagens compõe a (interessante) "história": o carrasco do bem, o bobo da corte com mania de grandeza, o papa, a rainha, o general e o cachorro misterioso — entre outros vários que são acrescentados aos poucos, de acordo com o seu progresso. Esses personagens pedem ajuda, conselhos ou simplesmente lhe apresentam alguma informação sobre o seu reino, sempre esperando ouvir a sua decisão. Cada um desses momentos representa um ano da sua história e, na maioria das vezes, altera de alguma forma as quatro "barras" de energia que são a própria espinha dorsal do reinado: a cruz, que representa a influência da igreja; a espada, que ilustra o exército; um bonequinho que mostra a satisfação do povo; e um cifrão que funciona como um banco nacional.

Preencher completamente um desses indicadores é ruim. No entanto, esvaziá-los completamente é igualmente prejudicial. Essa é a mecânica principal de Reigns: conseguir manter um equilíbrio constante entre os quatro indicadores. O que acaba sendo uma interpretação honesta da administração de um governo — em que no final é preciso agradar (e desagradar) à todas as esferas da sociedade para manter a ordem. Complete a barrinha de dinheiro e o mercado toma conta do país, esvazie a do exército e prepare-se para ser invadido por nações inimigas. É, a vida de monarca absoluto com certeza não é fácil. 


A morte é normal e constante em Reigns, ou melhor ainda, ela faz parte integral da experiência do jogo — inclusive, o fato de você ser uma alma imortal faz parte da narrativa —, uma longa linha do tempo marca o tempo de vida de cada rei (o que funciona com um scoreboard de recordes pessoais) e ela está sempre pronta para coroar o próximo. As suas escolhas ao longo desses curtos períodos de reinado não só alteram os indicadores, como possibilitam que você complete os objetivos que o título coloca a sua frente — a real forma de se avançar na história do jogo. Completar esses objetivos adiciona cada vez mais cartas ao grande baralho da vida: adicionando novos personagens, tramas e até certos "sub-modos" alternativos de jogo — como um recorrente minigame de luta de espadas; powerups vitálicios que afetam os indicadores de diferentes formas; eventos de grande influência no mundo; ou até mesmo, no melhor estilo dos velhos RPGs de texto, momentos em que você precisa navegar entre dungeons e florestas, geralmente procurando uma saída (ou perecendo no caminho).

Agora, após essas primeiras horas em que tudo é novidade e os achievements são conquistados com certa facilidade, Reigns infelizmente estagnou um pouco. O título continua sendo perfeito para ficar ali no Switch, sem compromisso, esperando uma ou outra jogatina eventual, às vezes até mesmo mais prolongada. E esse realmente parece ser o seu objetivo desde o começo. A história é muito bem escrita e a experiência diverte bastante, só que o jogo definitivamente é melhor apreciado em doses homeopáticas, além de certamente não ser para todo mundo — afinal, Reigns envolve muita leitura, certo pensamento lógico e quase nenhuma ação.


Essa versão para o híbrido da Nintendo reúne o jogo original (Kings) e Reigns: Her Majesty (Queens), ambos lançados previamente para PC, celulares e tablets. Queens funciona mais ou menos como uma expansão, a "história" é diferente, com um muito bem-vindo foco no papel da rainha dentro do reino, adicionando alguns detalhes a mais — como a habilidade usar itens em alguns momentos — e fazendo com que você aprenda novamente quais são as respostas certas para as várias perguntas apresentadas. Alternando entre as duas campanhas (Kings e Queens), Reigns rende umas boas horas de diversão enquanto você constrói o legado do seus dois diferentes reinos.

Prós

  • Fácil e rápido de se jogar;
  • Bastante criativo e interessante;
  • Trilha sonora marcante.

Contras

  • Um tanto repetitivo;
  • Limitado em suas funções.
Reigns: Kings and Queens - Switch/PC/iOS/Android - Nota: 7.5

Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital.
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