Embora sua chegada na plataforma da Nintendo aconteça com um certo atraso atraso, a presença de Dragon Ball FighterZ no Switch carrega uma grande expectativa. O jogo teve uma boa recepção no seu lançamento nas plataformas concorrentes, apresentando belos visuais extremamente fiéis ao anime original e boas qualidades como um fighting game.
O jogo teve seu anúncio oficializado para o Switch em um Nintendo Direct durante o período da E3. Cerca de oito meses depois de seu primeiro lançamento, finalmente podemos ter a experiência de Dragon Ball FighterZ, desenvolvido pela Arc System, em nossas mãos.
Um anime jogável
É evidente que o estúdio teve cuidado com os detalhes, tornando Dragon Ball FighterZ o mais atraente possível para os fãs da obra de Akira Toriyama com grandes referências ao anime. Isso é evidenciado com o uso de modelos 3D renderizados com técnicas de cel shading, as pancadarias frenéticas de três contra três, os ataques e os diálogos interessantes que ocorrem em vários momentos do jogo.
Ao todo, e sem considerar os conteúdos de DLC, temos 24 personagens (três deles desbloqueáveis) que fizeram parte dos arcos mais icônicos de Dragon Ball Z e Dragon Ball Super disponíveis para jogar. Heróis como Goku, Vegeta, Kuririn, Androide 18, Trunks e Piccolo dividem espaço com vilões como Freeza, Majin Boo e Cell, além de algumas presenças mais recentes no anime como Bills e Goku Black.
Existem vários modos de jogo para curtir as lutas em Dragon Ball FighterZ, como a história, as partidas locais e o online. O jogador escolhe um personagem para representá-lo no lobby principal, que é o ponto de partida do jogo. Você pode passear pelo ambiente e ver informações sobre cada modo de jogo, ou apertar o botão ZL e se transportar diretamente para o seu destino.
Conheça a Androide 21
A história do jogo se inicia quando Goku e os demais guerreiros Z caem adormecidos por uma misteriosa onda de energia, que reduziu drasticamente os poderes de todos. Enquanto estão nocauteados, um exército de clones dos personagens surgiu espalhando o terror por todos os lados. Como se já não estivesse ruim o suficiente, vilões como Freeza e Cell foram trazidos de volta à vida — além do Androide 16, que foi reconstruído e agora aparentemente segue as ordens de uma renovada Força Red Ribbon.No centro de tudo isso está a Androide 21, uma personagem criada pelo próprio autor de Dragon Ball, Akira Toriyama, e que atua como principal antagonista no jogo. Ela foi inserida no universo da obra com ligações com outros personagens, além de suas motivações serem o gatilho para os eventos da história. Não seria estranho se, futuramente, ela fizesse parte do anime Dragon Ball oficialmente com novas histórias.
Existem três campanhas que contam a mesma história a partir de pontos de vista diferentes. A primeira é focada nos heróis, a partir do momento em que Goku desperta e vai em busca de seus amigos. A segunda representa o ponto de vista dos vilões, que foram revividos, enquanto a terceira é dedicada à própria Androide 21.
O enredo é mediano e o modo história traz alguns pequenos incômodos. Ele funciona através de mapas, nos quais o jogador tem uma visão dos cenários disponíveis e quais inimigos aguardam em cada um. Em algumas batalhas, a vitória adiciona um novo lutador para ser escolhido em seu time, enquanto derrotar o boss do mapa (geralmente um inimigo mais poderoso que os demais) permite avançar para o próximo.
O jogo aproveita este modo para incluir tutoriais nos combates mas, por alguma razão, ele insiste em repeti-los várias vezes, mesmo que o jogador já os tenha cumprido. Além disso, a maioria das lutas são contra clones que não acrescentam em nada à história — exceto por algumas conversas interessantes que podem acontecer dependendo do seu time. Esses fatores acabam deixando a campanha enjoativa e repetitiva, já que demora para que aconteça algo relevante.
Porém, se a execução do modo história ficou um pouco a desejar, o mesmo não pode ser dito sobre o que mais importa neste jogo: as lutas. Aqui, o nível é realmente mais de oito mil.
Sistema de batalha simples e funcional
Se você quer somente curtir os combates do jogo, sua melhor opção será o modo Arcade — que oferece três percursos com diferentes quantidades de lutas. O modo Local Battle permite disputar partidas rápidas e com várias opções diferentes, seja contra outro jogador ou contra a CPU.Como mencionado, Dragon Ball FighterZ usa um sistema de combate de três contra três, e a vitória é conquistada quando todo o time adversário estiver nocauteado. É possível alternar entre os personagens durante a luta ou pedir ajuda com um ataque. É um esquema que lembra um pouco o da série Marvel vs. Capcom (Multi).
Para os ataques comuns, existem três botões: o Y para golpes fracos, o X para médios e o A para fortes. A combinação deles com movimentos do analógico realizam ataques físicos diferentes, que variam de acordo com o personagem. O B é dedicado para especiais como o kamehameha. Os gatilhos esquerdos ficam com as funções de troca de personagem, enquanto os da direita servem para os especiais mais poderosos e outros tipos de movimentos.
O jogo adotou um sistema simplificado para a execução de combos, onde basta pressionar repetidamente um dos botões de ataque que algo será feito. É realmente fácil construir sequências de golpes. Mas é interessante observar que isso não fez o jogo ficar limitado — os lutadores são bem balanceados e bem diferentes, e há comandos elaborados para executar combinações e estratégias mais variadas. Em Dragon Ball FighterZ, as mecânicas são simples, mas não simplórias.
Para incrementar as referências ao anime, existem algumas opções de finalização bem legais nas batalhas. Por exemplo, os destructive finishes fazem as imensas explosões de energia que acabam com tudo ao redor, e são feitos com a execução de um especial no fim da partida. Mas a cereja do bolo são os dramatic finishes, que exigem condições específicas para seu time, adversários e cenário da luta. Se tudo estiver certo, você verá a reprodução de uma cena memorável ao fim da batalha.
Com isso, temos um jogo que é simples o suficiente para cativar novatos, mas oferece uma profundidade interessante para ser disputado por jogadores profissionais. Nas lutas mais acirradas, aguardar por uma abertura é fundamental para vencer, já que qualquer passo em falso pode significar uma boa surra.
Disputas online
Para suas partidas online, Dragon Ball FighterZ oferece vários modos de jogo no lobby. Antes de começar as partidas, o jogo permite a escolha de um servidor a partir de uma lista global. Uma vez dentro do lobby, você poderá interagir com outros jogadores, desafiá-los para disputas ranqueadas ou casuais e assistir a replays.Para encontrar outros adversários, você pode ir ao modo World Match. As batalhas do tipo ranked match são mais sérias e afetam sua pontuação ao terminar — ao contrário disso, as partidas do tipo casual match não interferem na pontuação. Já no modo Party Match, seis jogadores poderão disputar partidas de três contra três, organizados em dois times aleatoriamente. Para jogar com amigos em partidas fechadas, a melhor opção é o formato Ring Battle, que permite a criação de salas para organizar as batalhas com até oito jogadores.
Se você quiser apenas observar outros jogadores em ação, a área Replay permite visualizar partidas do próprio jogador salvas anteriormente, além de contar com replays de batalhas recomendadas pela própria Bandai. Você também pode demonstrar o seu carinho por um dos personagens de Dragon Ball entrando em um dos clubes disponíveis no Z Union.
Infelizmente, os modos online sofrem com muitas inconsistências, mesmo que seus adversários apresentem boa qualidade de conexão — o que sugere um problema do próprio netcode do jogo. Durante partidas em vários servidores, encontramos travamentos e lags constantes, o que inevitavelmente interfere negativamente na experiência de qualquer jogo de luta.
Incomoda um pouco o fato de que o jogo exige que o jogador defina seus times antes de se preparar para um modo de jogo online, em uma interface pouco prática. Seria muito melhor se a escolha dos lutadores pudesse ser feita logo antes do começo das lutas.
Experiência completa
Os visuais de Dragon Ball FighterZ são competentes e bonitos na versão para Switch, embora estejam só um pouco abaixo das outras versões. No modo TV, temos um bom desempenho no geral, com alguns pequenos downgrades visíveis depois de explosões ou cutscenes. O modo portátil apresenta ainda alguns serrilhados e quedas de resolução, mas nada grave ou que atrapalhe a fluidez dos combates.Durante as animações nas cutscenes, transições de combate e dramatic finishes, o jogo reduz o framerate do jogo de propósito para 24 FPS. Isso é feito para aproximar ainda mais o jogo dos animes na TV, que usam a mesma taxa de quadros. Assim que o jogador assume o controle, o jogo retorna aos seus 60 FPS.
Apesar de estar chegando ao Switch com alguns meses de diferença, Dragon Ball FighterZ não traz no pacote todos os conteúdos adicionais pagos lançados desde seu lançamento original. Personagens como Zamas (fusão), Androide 17 (em sua versão de Dragon Ball Super), Vegetto e outros precisam ser adquiridos à parte — ou através do caro season pass oferecido pela Bandai.
Em resumo, Dragon Ball FighterZ é um jogo robusto, fluído e com profundidade. Mesmo com seus pequenos tropeços e problemas com seus recursos online, ele é o primeiro jogo atual de luta de alta qualidade no catálogo do Switch até o momento. Toda a experiência do jogo está disponível no híbrido da Nintendo. Recomendado para jogadores casuais e veteranos, é obrigatório para os fãs de Dragon Ball.
Prós
- Muito fiel à obra original;
- Traz toda a experiência no Switch sem limitações;
- Sistema de combate acessível;
- Profundidade e liberdade para lutas complexas.
Contras
- Modos online com performance instável;
- Modo história enjoativa e repetitivo;
- Season pass caro.
Dragon Ball FighterZ — PS4/ XBO/ Switch/ PC — Nota 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Arthur Maia e André Carvalho
Análise produzida com cópia adquirida pelo próprio redator