Análise: Morphies Law (Switch) é inovador, mas ainda tem muito o que aprender

Morphies Law é um indie de destaque que precisa tomar cuidado para não desperdiçar seu potencial.

em 04/09/2018

Com a grande popularidade de shooters em todos os consoles atuais, a velha mecânica requentada durante os anos está perdendo cada vez mais espaço para ideias inovadoras e divertidas no gênero — ao menos é essa a tendência. Assim, Morphies Law (Switch) pegou os usuários do console de surpresa, com uma proposta de misturar tiros com a cultura mexicana e a capacidade de “morfar” seu avatar em um tom extremamente jocoso.

Engenhoso e ao mesmo tempo engraçado

A princípio é instigante entender as mecânicas do game, já que nunca houve funcionamentos anteriores assim em jogos populares. O menu é simples e direto, deixando claro que a proposta de Morphies Law é iniciar o jogo e ir direto para o campo de batalha. Não há nenhuma história que conte a origem ou a motivação das curiosas criaturas, mas isso na teoria não é nenhum problema, afinal estamos aqui para atirar nos inimigos.

É tudo bem estruturado a respeito da jogabilidade, com uma atenção especial nos gyro controls que melhoram ainda mais a experiência. Ao atirar em um jogador, seu avatar irá absorver a massa da parte atingida, ou seja, caso você atire na cabeça de seu adversário, essa área do corpo dele irá diminuir, enquanto a sua irá crescer. Isso é uma faca de dois gumes, já que você ficará com uma área atingível maior, ao contrário do seu adversário.

Com isso, o crescimento ou diminuição das partes do corpo são cômicas, formando espécimes engraçadas e deformadas com variações diversas para cada partida, gerando um certo tom jocoso para Morphies Law. No mais, o jogo te dá opção para disputar partidas tanto on-line quanto off-line e há três modos disponíveis até o momento. Não estranhe quando perceber que há dois avatares gigantes observando a partida, pois eles são a chave para todas as disputas.


O principal dos modos é o Morph Match, que funciona baseado no total de massa que o time adquiriu durante a partida. Assim, quanto mais massa absorvida pela equipe, maior será o avatar gigante de referência, vencendo o time que “cultivar” o maior gigante. Outro modo é o Head Hunt, que é muito parecido com o Rainmaker da série Splatoon, que se resume em uma partida onde os jogadores têm que recuperar a cabeça do avatar gigante e levá-la até a base, mas, por ela ser pesada, não é possível ser carregada por qualquer Morphie.

O último modo se chama Mass Heist, o mais confuso dos três. Para vencer essa modalidade, os jogadores, diminuídos até o tamanho mínimo, têm que alcançar pontos específicos do mapa e atirar no grande avatar inimigo, roubando sua massa e levando ela até o altar de sacrifício. Vence o time que conseguir roubar mais massa do adversário. Em síntese, são variedades interessantes e divertidas, mesmo que em alguns mapas específicos possam ter problemas de execução.

Para todos os gostos customizáveis 


Um grande destaque de Morphies Law é o sistema de customização presente no game. O jogador tem a liberdade de modificar a pintura corporal, a expressão facial e as animações durante a partida. Para que isso ocorra, é possível comprar novas opções na loja do jogo, com o “dinheiro” recebido nas partidas, ou ganhar através da piñata.

A primeira opção é mais demorada e, de certa forma, desnecessariamente cara. Por serem artifícios que não irão agregar diferenças práticas durante as partidas, o poder de consumo do jogador é desvalorizado, caso o intuito seja comprar novos formatos de olhos ou bocas, por exemplo. Por outro lado, a outra forma é bem mais interessante. Cada vez que o jogador acumula experiência suficiente para aumentar um nível, ele recebe uma piñata que, ao ser quebrada, contém três cartas que destravam customizações aleatórias — muito parecido com o sistema de Loot Boxes de Overwatch (PC).



No mais, a liberdade de mover as caracterizações das faces é admirável, já que é possível, dessa maneira, gerar combinações praticamente infinitas de rostos engraçados e deformados, característicos de Morphies Law. Além disso, a customização de armas e especiais, destravada ao progredir os níveis do jogo, aumentam ainda mais a possibilidade de combinações únicas e estratégias diversas durante as partidas.

Desperdício de potencial?

Como dito anteriormente, são avatares carismáticos e interessantes que poderiam, de fato, desenvolver uma narrativa que explicasse, ao menos, o contexto vivido pelos personagens. Infelizmente isso não acontece e não há nenhuma espécie de modo campanha no jogo. Por ser um indie e não haver um grande time de desenvolvedores para promover essas mudanças, é justificável a ausência de mais modos assim no momento.


Por ser um jogo focado em partidas multiplayer, é impossível não compará-lo a jogos como Splatoon 2 (Switch). Como sabemos, a franquia Splatoon também inova muito o gênero e possui uma história sólida e um modo offline. Mesmo sendo 40 dólares mais barato que Splatoon 2, acredito que Morphies Law pode aprender mais com os Inklings, sendo capaz de desenvolver futuramente reparos nos servidores constantemente e atualizações gratuitas com mais conteúdo para manter a atenção dos jogadores, ação fundamental nesse tipo de game.

Aliás, uma das qualidades de Splatoon 2 é a trilha sonora rica e bem feita. Entretanto, Morphies Law não possui músicas durante as partidas, o que me incomodou um pouco, já que o jogo poderia se inspirar na rica cultura mexicana para produzir uma trilha sonora cativante que possa enriquecer as jogatinas on-line.

Além disso, Fortnite (Multi) é, de certa forma, o concorrente do jogo. Por ser de graça para todas as plataformas e Morphies Law custar vinte dólares, é requerido, pelo consumidor, uma maior qualidade e quantidade de conteúdo, fato que, de certa forma, não acontece muito bem. Por haver problemas de conexão on-line e bugs durante as partidas, os servidores ainda precisam evoluir para entregar aos jogadores um serviço melhor e mais interessante.


Também é notável a carência de mapas no game. Com uma seleção de apenas quatro mapas inicialmente, o conteúdo se torna enjoativo visualmente e, mesmo jogando modos diferentes no mesmo ambiente, o anseio por novas áreas que possam ser disputadas é inevitável. De qualquer forma, vale ressaltar que as peculiaridades de encontrar áreas acessíveis com tamanhos específicos em cada mapa tornam as partidas muito mais proveitosas.

Partidas turbulentas 

Nos dois primeiros dias após o lançamento, as partidas on-line estavam, de certa forma, impossíveis de serem jogadas devido aos problemas de conexão dos servidores do game. Felizmente, com um patch lançado na mesma semana pelos desenvolvedores, o jogo ganhou uma melhor “estabilidade”. Digo isso entre aspas porque ainda não é possível disputar uma partida on-line sem que o lag cause interrupções ou trave o jogo.

É bom saber que há interesse em melhorar a estabilidade das partidas, já que agora é possível, pelo menos, jogar por horas sem grandes problemas. Mesmo assim, o lobby não é o mais agradável de todos e as opções de partidas para votar não são as melhores. Como não há muitos mapas, os modos de jogo são dispostos aleatoriamente e, muitas vezes, não há como jogar o modo que você deseja — justamente pela falta dessa opção.


É fortuno perceber que Morphies Law priorizou o híbrido da Big N como plataforma de lançamento e nos deu a chance de morfar avatares inspirados na rica cultura mexicana durante divertidas partidas do gênero shooter. Mesmo com tantas ideias inovadoras e uma tendência positiva de futuras atualizações, o game peca em entregar o produto final sem fluidez de partidas on-line e a ausência de mais opções de partidas, principalmente dos modos campanha e ranqueado. Enfim, o jogo é uma experiência criativa e inovadora que pode trazer dezenas de horas de diversão, mas que ainda não “morfou” o suficiente.

Prós 

  • Mecânicas inovadoras e interessantes;
  • Gyro controls melhoram, e muito, a experiência;
  • Muitas opções e configurações para partidas locais;
  • Grande customização e variedade de skins;
  • Piñatas!

Contras

  • Acessórios desnecessariamente caros;
  • Ausência de modo campanha e modo ranqueado;
  • Poucos mapas inicialmente;
  • Instabilidades durante partidas on-line.
Morphies Law - Switch - Nota: 7.5
Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Cosmoscope

É estudante e apaixonado por games desde seu primeiro contato com Duck Hunt e Ice Climbers do nintendinho em 2002. Fanático por Pokémon e admirador de diversas franquias, reúne seu tempo livre para escrever e tentar colocar as matérias da faculdade em dia.
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