Análise: Broforce — A porradaria dos bróders chega ao Switch

Ação desenfreada com os melhores brucutus da cultura pop.

em 20/09/2018

Em 2015, a desenvolvedora sul-africana Free Lives realizou o sonho de muito moleque que cresceu em meio a porradaria descomedida, e o festival de explosões dos filmes de ação dos anos 80/90. Ela criou Broforce: um título de ação-plataforma que coloca um sorriso no rosto de qualquer um que gastou muita ficha de fliperama e/ou borracha de controles nos igualmente agressivos jogos da época (a enxurrada de beat'em ups, shoot'em ups e jogos de luta em geral). 

O "Everyone is Here" dos filmes de ação de 80/90

É difícil não gostar de Broforce. Principalmente para quem curtia uma boa violência entre amigos em jogos como Contra ou Metal Slug. Encarnando não um, mas todos os heróis de filmes de ação da época de ouro, como os óbvios Brobocop, Rambro e Bronan The Broberian, e os não tão óbvios The Brode ("A Noiva" do Kill Bill), Mr. Anderbro (Neo de Matrix) ou, um dos meus preferidos, Broden (baseado em Rayden do, no mínimo, marcante filme de Mortal Kombat de 95) — cada um com as suas próprias habilidades, claro. A morte é constante em Broforce, e cada vez que você morre, você troca de "bro", ou melhor, você tem a chance de experimentar um personagem totalmente diferente. Essa foi com certeza uma das melhores decisões do título, e é algo que acrescenta muito ao ritmo frenético do gameplay.



Jogando do jeito certo — co-op local, obviamente, e rindo das inevitáveis mortes ridículas — você e seus amigos vão resgatar outros "bros" constantemente, assumindo essa nova personalidade (trocando de personagem), ou, se algum de seus amigos já tiver morrido, salvando o pobre coitado (dando mais um life para ele, que começa a controlar um novo personagem aleatório). Um tiro já é o bastante para aposentar o seu "bro", então, ao mesmo tempo em que as "vidas" são um pouco rápidas e descartáveis, elas também conseguem se manter extremamente valiosas. Afinal, se todos os "bros" morrerem antes de resgatar o próximo, é game over e todos voltam ao começo do estágio. 

Assim como os capangas aparentemente infinitos que os brucutus do cinema descartavam em abundância, os inimigos de Broforce não são assim tão inteligentes e seguem um padrão de comportamento um tanto "robótico". No entanto, levando em conta que apenas um de seus ataques já pode ser letal para o "bro", isso acaba não sendo um problema, mantendo as fases bem desafiadoras em vários momentos. Por sorte, o arsenal que temos a disposição para lidar com esse lacaios também é bastante vasto. Cada personagem possui o seu próprio tipo de tiro básico, ataque físico e um especial — que geralmente é uma granada, mas pode ser algum movimento diferente ou até mesmo algo que influencie todo o cenário, como um efeito slow motion. As variações não são tantas, mas de certa forma, todo "bro" possui um estilo de jogo diferente, que geralmente faz referência ao personagem no qual ele é inspirado: O "bro" Machete solta faquinhas, o "bro" Indiana Jones tem um chicote, e por aí vai. A sensação de estar um controlando uma versão miniatura 16 bits do seu herói de ação favorito é ótima.

Get to the chopper!!!

Essa clássica frase proferida por um, bastante abalado, Schwarzenegger em O Predador (que por sinal irá receber um remake esse ano) resume o espírito dos estágios de Broforce. Você precisa chegar até o helicóptero. Literalmente do jeito que der. No maior estilo Terraria ou Starbound (Terraria no espaço, pra quem não conhece), a única coisa que podia impedir o seu "bro" de avançar da esquerda para a direita da tela é a falta de chão. Toda parede e item do cenário (que geralmente é algum tipo de bomba) é destrutível/"explodível" e isso acontece com frequência. Essa provavelmente foi a segunda grande decisão da Free Lives no desenvolvimento de Broforce. Afinal, dada a caracterização do título, por que não simplesmente destruir tudo à sua frente?

Essa liberdade abre uma toda uma gama de possibilidades ao longo de cada fase. Às vezes você pode estar heroicamente derrotando hordas de inimigos (que variam entre capangas comuns até alienígenas) na "superfície", enquanto o seu amigo "cava" (atirando) um buraco que passa por baixo de toda essa confusão. Estratégia que também é totalmente válida durante as batalhas com os, igualmente exagerados, "chefões" — que muitas vezes são máquinas gigantescas de destruição.



Broforce não é perfeito. Em vários momentos, principalmente jogando com três ou quatro amigos, você nem vai entender o que raios está acontecendo, como você morreu, o que foi que explodiu e coisas do tipo. Só que essa mesma confusão também costuma ser bastante divertida. O jogo definitivamente consegue encontrar um equilíbrio agradável dentro do seu próprio caos. Já o aspecto das fases realmente desaponta um pouco — é difícil lembrar de alguma que realmente se destaque das outras — elas se assemelham mais a uma pequena progressão natural da mesma área e surpreendem pela falta de criatividade em um jogo tão criativo.

Em geral, o jogo pode se tornar repetitivo facilmente. Não é aconselhável jogá-lo por longos períodos de tempo ou em vários dias consecutivos. Trate-o como um bom vinho, ou um queijo caro: doses homeopáticas — uma jogatina ou outra de vez em quando. Até porque a variedade de modos de jogo não é tão grande: a Campanha conta com 15 estágios para serem jogados sozinho ou em co-op local e online, no modo Arcade você pode escolher os estágios na ordem que quiser, e o modo Versus parece mais um brinde. 



Broforce, de longe, é um dos melhores jogos para você jogar junto aos seus amigos no Switch. Nem que seja só pra poder falar para alguém: "Olha lá, agora eu sou o Blade! Curte só que espada irada". Diversão e risadas garantidas nesse jogo que já está por aí há alguns anos, mas encontrou uma nova casa no híbrido da Nintendo.

Prós

  • Co-op perfeito;
  • Humor cheio de referências e momentos hilários.

Contras

  • Estágios sem tanta criatividade;
  • Gameplay pode se tornar repetitivo.
Broforce - Switch/PC/PS4 - Nota: 8.5 
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital

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