Você não é um herói, mas de certa forma, talvez seja. Esse é o sentimento que o shooter bastante diferenciado da desenvolvedora britânica Roll 7 deseja passar. O jogo segue bem a linha de humor e certo requinte típico dos títulos da publicadora Devolver Digital. E com a Devolver não tem muito erro, pode dar uma olhada em qualquer um dos jogos que ela já disponibilizou que, no mínimo, você vai se divertir bastante. A lista inclui clássicos como Hotline Miami, Enter the Gungeon e Broforce, e recentemente eu tive o prazer de avaliar o fantástico Crossing Souls, também lançado para o Switch há pouco tempo.
Eu, eu mesmo e o Bunnylord
Uma coisa que muitos desses títulos da Devolver têm em comum é uma abundância de charme que pode ser ligada diretamente aos lindos gráficos em pixel art, naquela boa e velha vibe 8-bits que é tão agradável de se olhar (e jogar). Claro que existem outros aspectos que compõe o pacote. Por exemplo, gráficos retrô geralmente são acompanhados de uma fina trilha sonora 8 bits, além de possuírem certo espaço garantido para bastante criatividade. A limitação gráfica realmente pede um pouco mais dos outros aspectos, e aí que entra a genialidade de jogos desse tipo (que incluem a maioria dos grandes indies lançados recentemente).Na primeira passada de olho por Not a Hero talvez você não ache grandes coisas. Tudo é bastante pequeno (principalmente na telinha do Switch) e pode até ser difícil de enxergar mesmo. A premissa e os controle são bastante simples, e justamente por isso que o título merece reconhecimento. Imagine um shooter recheado de ação, violência e mecânicas envolventes. Agora retire todo o tipo de fantasia utópica de gráficos e mecânicas que você provavelmente pensou. O resultado é Not a Hero.
Um coelho roxo antropomórfico viaja diretamente do futuro com o objetivo de se tornar o prefeito da sua cidade e, assim, impedir um desastre. Você, inicialmente, é Steve, o melhor amigo do coelho, que decide entregar a justiça do amigo peludo com as próprias mãos (e armas). Bunnylord, como ele é conhecido, possui um plano simples para conquistar o controle da cidade, neutralizar completamente o crime, whatever it takes, enquanto trabalha a sua própria imagem e campanha política, claro. Esse plano é apresentado a você na forma de 21 missões, cada uma com um objetivo principal e três sub-objetivos facultativos
Em uma pegada minimalista, e não, simplificada, de um shooter, Not a Hero só pede que você use três botões: o Y atira, o X usa o item secundário e com o B você desliza pelo chão e dá um carrinho. O carrinho pode ser usado para fazer inimigos tropeçarem para então executá-los sem muitos problemas. Em uma perspectiva do jogo mais ou menos 2.25D (sim, isso existe), relativo a quando o seu personagem se esconde atrás de algum objeto do cenário. Steve vai abrir portas e saltar de prédios, despedaçando diversas janelas, enquanto coleta diferentes armas e bombas, em meio a uma verdadeira "chuva de balas". O único espólio garantido ao quase herói é um bom café da manhã com o seu melhor amigo do futuro.
Não só a dificuldade vai se tornando frustrante de uma forma um tanto repentina, quanto todo o processo acaba sendo um pouco repetitivo. O jogo possui mais camadas do que se imagina, e eu realmente acredito que ele é um título shooter sério e até profundo nas suas mecânicas, no entanto, Not a Hero não é um jogo que prende o jogador por muito tempo. É divertido tentar completar cada missão em todas as fases, só que os estágios são muito parecidos e oferecem poucas novidades ao longo da experiência. Além do modo de jogo normal, você também pode controlar o próprio Bunnylord em três estágios especiais, nos quais o ele do futuro (durante o café da manhã, claro) também traz uma missão especial para evitar possíveis desgraças. O jogo com certeza diverte, mas essa diferença pode não durar muito tempo.
Prós
- Lindos gráficos em pixel art;
- Mecânicas mais profundas do que parecem;
- História hilária e muito divertida.
Contras
- Dificuldade bastante alta, e até repentina, durante o processo;
- Fases repetitivas;
- Pouca variedade de modos.
Not a Hero - Nintendo Switch - Nota: 7.5
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital