De fenômeno a esquecido: a jornada de dois anos de Pokémon Go (Mobile)

Após comover o mundo todo, o game da Niantic perdeu grande parte de seu público desde o lançamento.

em 22/07/2018


Por mais que em nossas mentes pareça menos tempo, o primeiro anúncio de Pokémon GO foi feito há quase três anos. Em 2015, quando o trailer foi divulgado, causou uma enorme euforia naqueles que acompanham a franquia dos monstrinhos há muitos anos. Vê-los interagindo com o mundo real graças a realidade aumentada era divertido e atraente. Mas nada poderia nos preparar para o que estava por vir.



Uma brincadeira super produtiva

O conceito base para o jogo foi criado por Satoru Iwata, o então presidente da Nintendo em 2014. Em parceria com o Google, numa uma espécie de brincadeira de primeiro de Abril, era possível encontrar os monstrinhos ao redor do mundo através do aplicativo Google Maps para smartphones. Ao perceber o enorme interesse das pessoas, a ideia de transformar aquilo em um jogo de verdade surgiu.

A Nintendo sempre relutou em lançar suas franquias para celulares, mas viu ali uma oportunidade de lucrar, e claro, atrair jogadores para seus consoles e acabou cedendo. Foi em busca de pessoas experientes em jogos de realidade aumentada, que misturam o mundo virtual com o real, e encontrou na desenvolvedora americana Niantic a parceria perfeita. Um dos motivos da escolha foi a visibilidade que o jogo Ingress estava recebendo, que cada dia aumentava o número de seus jogadores ao redor do mundo graças a competência da empresa em explorar pontos turísticos e lugares conhecidos das cidades, os transformando em locais estratégicos no game.


A bombástica recepção do anúncio

Em 2015, Tatsuo Nomura, que entrou para a Niantic graças ao bom desempenho no desenvolvimento da brincadeira de Pokémon no Google Maps, fez o anúncio de GO. Com direito a dedicação ao Satoru Iwata, que havia falecido alguns meses antes, o trailer foi muito bem recebido.

Finalmente o sonho de andar pelas ruas de verdade capturando os monstrinhos de bolso como nos jogos dos consoles portáteis da Nintendo era real. A promessa de batalhas de ginásio e grande interação com o nosso mundo deixou os fãs eufóricos. A cada novidade, mostradas a conta-gotas, a ansiedade crescia, pois tudo parecia perfeito e divertido para quem acompanhava a franquia há muitos anos.


A inesquecível demonstração

Em junho de 2016, durante a E3, os detalhes finais foram revelados e toda a expectativa foi atendida. Pokémon GO era realmente um sonho realizado. Diferentes tipos de Pokébolas, líderes de ginásios, personalização de personagens e as criaturinhas da muito querida primeira geração marcavam presença. A forma de capturar os Pokémon causou estranheza inicialmente, porém, como o público alvo não era somente os fãs e jogadores mais entusiastas, era compreensível uma facilitação nessa parte.






O acessório Pokémon GO Plus foi mostrado pela primeira vez na E3 2016 e se tornou objeto de desejo no mundo todo

Derrubando servidores no lançamento

Finalmente em Julho de 2016 o game foi lançado e a comoção foi além do esperado. Não só jogadores que acompanhavam a série estavam interessados. Era possível ver pessoas que nunca ligaram um videogame na vida saindo atrás de capturar os simpáticos monstrinhos de bolso. O potencial de alcance da franquia já era conhecido pela Nintendo e Pokémon Company, mas ainda foi surpreendente o enorme número de gente querendo jogar. 

O game foi disponibilizado aos poucos, baseado em regiões. Primeiramente Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos. Alguns dias depois era a Europa que estava infestada dos personagens. O sucesso foi tão grande que alguns lugares precisaram ser “desligados” por alguns dias para evitar a sobrecarga dos servidores. Mais tarde aqui no Brasil algo parecido aconteceu e algumas operadoras passaram a ter problemas para acessar o jogo, sendo preciso “gambiarras” para ativá-lo.

Quando o primeiro comercial surgiu, pensávamos que aquele tipo de cena, onde pessoas de várias cidades do mundo se mobilizavam em busca dos monstrinhos não se tornaria realidade. Era tudo apenas uma representação do jogo. Será mesmo?

Seja por curiosidade ou por realmente gostar da série, todos queriam jogar Pokémon GO. Era comum lugares terem o trânsito parado ou até mesmo uma multidão correndo para caçar alguma criatura mais rara que apareceu nas proximidades. Um dos episódios mais icônicos é o do Vaporeon que surgiu no Central Park em Nova York e fez todos em volta se mobilizarem para capturá-lo.

Olimpíadas sem Pokémon nem são olimpíadas

Não demorou muito para que os lugares do mundo que ainda não tinham o game começarem a pedir o lançamento em sua região. Era ano de olimpíadas e a pressão para que o jogo fosse liberado na sede dos jogos, que no caso era o Brasil, foi gigantesca. Em 3 de Agosto de 2016 o game finalmente foi disponibilizado em terras tupiniquins e tudo se transformou. Famílias saíam juntas para caçar Pokémon em suas cidades. Crianças, adultos e até mesmo idosos estavam participando da brincadeira. Amigos combinavam viagens e passeios para fortalecerem seus companheiros de batalha a fim de conquistar novos ginásios entre outras interações.

Se está na TV, viralizou na internet

Todos só falavam de Pokémon, inclusive os jornais da televisão brasileira, que com aquela dose de sensacionalismo que não pode faltar, ressaltou os incômodos causados pelo jogo a museus e igrejas ao redor mundo, além dos terríveis danos sofridos por jogadores distraídos. A franquia da Nintendo novamente se tornava um fenômeno.

Recordes sendo quebrados

Ultrapassando a marca de 275 milhões de downloads, Pokémon GO fez o lucro da Nintendo, Pokémon Company, Game Freak e claro, da Niantic subirem exponencialmente. Não que a franquia lucrasse pouco. Seus jogos para os portáteis da Nintendo estavam sempre entre os mais vendidos das plataformas. O último lançamento até então, Pokémon Alpha Saphire / Omega Ruby vendeu mais de 13 milhões de unidades. Um feito e tanto para jogos de nicho em um console portátil, principalmente em tempos que smartphones ameaçam a existência desses consoles.

Colocar os amados personagens nos populares dispositivos, que estão nas mãos de quase todas as pessoas no mundo potencializou os lucros, algo ainda mais surpreendente se tratando de um jogo free to play, onde se baixa e joga gratuitamente, mas com itens dentro dele que podem ser comprados para agilizar o progresso. Outros apps para celulares aproveitaram a onda criada por Pokémon GO para promover seus próprios games, como os divertidos comerciais de Clash Royale na TV aberta e em horário nobre que tentavam embarcar na febre dos monstrinhos.



Entrando de cabeça no mundo Pokémon também no 3DS

Com uma visão de mercado única, o querido e inesquecível Satoru Iwata visualizou as chances de aumentar o consumo dos dispositivos e jogos Nintendo graças ao sucesso dos games para celulares, que além de tudo, funcionavam como publicidade para os produtos da empresa. Os frutos de Pokémon GO começaram a aparecer já em 2016.

Em Novembro daquele ano, Pokémon Sun / Moon chegou às lojas e rapidamente superou o número de vendas das versões anteriores. O pequeno notável Nintendo 3DS ganhou ainda mais fôlego, sendo um dos consoles mais vendidos atualmente, mesmo após sete anos do seu lançamento. Nada poderia parar o gigante que havia nascido. Pelo menos era o que se pensava.


Os indícios de queda na popularidade começavam

Com alguns meses após ser lançado, Pokémon GO sofreu uma queda brusca de usuários online. Mesmo que fosse algo esperado pelas empresas envolvidas, era preciso mexer dentro do game para dar aquela saculejada. Descobrir o que estava fazendo o jogo deixar de ser uma febre virou prioridade e com pouco tempo começamos a ver divertidos eventos, como o de Halloween, onde os assustadores e curiosos fantasmas infestaram os cantos das cidades. Infelizmente não foi o necessário para reter todos os jogadores e a debandada foi grande. Até mesmo entusiastas estavam deixando o game. Isso foi causado pela falta de muitas funcionalidades prometidas no anúncio que ainda não haviam sido disponibilizadas. Batalhar e trocar os monstros com os amigos parecia estar distante de chegar e a presença apenas dos 150 Pokémon iniciais não empolgava tanto.

Cidades de interior sofriam com a falta de Ginásios e Poképaradas fora dos centros e andar pelas ruas causavam apenas encontros com Zubat e Carterpie. Ver Golbats fortalecidos ao lado de jogadores nos ginásios era bem comum. Itens chegando ao fim sempre no meio da jogatina e problemas conhecidos dos brasileiros, como a limitação do pacote de dados, que acabava mais rápido que o normal quando se passeava por aí com o game ligado, desanimaram muitas pessoas. O abandono por parte dos jogadores só foi aumentando, restando apenas um grupo de fãs que jogava para completar a Pokédex ou para se divertir com amigos nos finais de semana.


Se movimentando para não deixar a peteca cair 

Rapidamente a Niantic se mexeu e atualizações passaram a ser constantes. A segunda geração chegou trazendo novos Pokémon e desafios. Brincadeiras temáticas, como o Pikachu de chapéu de papai noel ou óculos de sol se tornaram comuns, assim como as batalhas de Raide para captura de monstros mais raros e fortes, que surgiu alguns meses depois. Já era possível novamente ver grupos de pessoas que se organizavam em torno de alguma praça com ginásio para enfrentar os lendários Lugia ou Ho-Oh!, por exemplo.

Clima dinâmico, novos ginásios e Poképaradas, estavam entre as novidades que foram surgindo para tentar trazer jogadores de volta. Passear pelas cidades era interessante novamente, pois se via mais elementos para interagir. Se antes Zubat e Caterpie se revezavam nos encontros pelas ruas, agora se esbarra em Illumise, Nosepass e outros. Até mesmo versões alteradas dos clássicos monstrinhos, que faziam parte do jogo de 3DS Sun / Moon começaram a dar as caras com frequência. Capturar o Exeggutor com o pescoço gigante ou o carismático Meowth de Alola virou uma das grandes atrações. A terceira geração chegou tímida, apenas com Pokémon de água e gelo, mas agora já faz parte da rotina dos treinadores.

As novas atrações serviram para dar uma aquecida na comunidade, mas não por muito tempo. Mesmo com funções extras, eventos e missões de pesquisa de campo, que adicionam uma pitada de desafio à exploração, não foi suficiente para toda aquela comoção inicial voltar, o fenômeno parecia realmente ter acabado.


Vamos Eevee, vamos Pikachu!!!

Pokémon GO ficou esquecido entre tantos aplicativos do celular. Muitos o deixaram “pegando poeira” por meses e teve até quem excluiu o app para liberar espaço extra. Mas tudo parece estar para mudar. A Nintendo em um evento quase surpresa realizado no Japão, revelou a nova entrada da franquia que aterrissa pela primeira vez no híbrido Nintendo Switch. Pokémon Let´s GO Eevee / Let´s GO Pikachu funcionará como meio termo entre o game de celular e os tradicionais da série. Misturando elementos clássicos dos jogos de console com as novidades vistas nos smartphones, Let´s GO será uma releitura do primeiro episódio para GameBoy Color, mais especificamente, a edição Yellow, que se aproveitava da popularidade do ratinho elétrico Pikachu. 

Os novos jogos servirão principalmente para aqueles que nunca se aventuraram no RPG já irem se familiarizando com elementos da história e exploração. Tudo isso claro, sem deixar os velhos jogadores de lado, que terão motivos nostálgicos de sobra para percorrer a região de Kanto mais uma vez. Dessa forma a Nintendo já está preparando terreno para a nova geração que foi anunciada para 2019 também no Nintendo Switch. Alguém duvida que será um enorme sucesso?


A revelação fez com que muitas pessoas voltassem a explorar as ruas das cidades em busca dos monstrinhos. A possibilidade de transferir Pokémon entre as versões foi celebrada e já temos treinadores fortalecendo e evoluindo sua equipe pensando nessas interações. Ainda que não seja o retorno de toda comoção causada nos primeiros meses de lançamento do GO, já é visto com bons olhos pelas empresas envolvidas.
Quem não jogava há muito tempo voltou a andar pelas ruas com o jogo aberto, já pensando em transferir seus companheiros mais fortes para o jogo de Switch.

De fenômeno mundial a esquecido entre os ícones do celular, Pokémon GO viu sua ascensão e queda durante esses dois anos desde seu lançamento. Para quem jogou em seus primeiros meses, retornar atualmente resulta em choque, pois encontram um jogo diferente, bem mais completo e divertido. Uma pena que muitas funções que poderiam ter retido aqueles que o abandonaram cedo só ficaram disponíveis meses depois, inclusive a falta de ginásios e paradas nas cidades do interior que foi sanada tardiamente. 

Com a chegada da possibilidade de adicionar amigos, enviar e receber presentes, a interação entre os jogadores foi para novos níveis. Trocar os monstrinhos finalmente é possível e com a quarta geração a caminho, Pokémon GO parece estar renascendo aos poucos. Mesmo sabendo que a euforia vista no mundo todo há dois anos atrás provavelmente não voltará, a brincadeira de caçar monstrinhos de bolso no mundo real está longe de acabar. 

E você, ainda joga Pokémon GO? Faz parte da comunidade que está sempre ligada nas novidades e não consegue por o pé na rua sem abrir o jogo? Ou só dá aquela espiada de vez em quando? Diz nos comentários qual sua relação com o game e compartilhe suas aventuras com a gente.

Revisão: Pedro Franco
Siga o Blast nas Redes Sociais

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).