Relembrar bons títulos do passado já virou algo comum no mercado de games atual. Grandes produtoras relançam seus clássicos dos anos 80 e 90 para plataformas modernas, versões em miniatura de consoles antigos vendem que nem água, desenvolvedores independentes se inspiram em jogos prestigiados para realizar suas próprias criações, homenageando a era dos sprites. A onda retrô nos games continua forte e é nesse cenário de reverência e nostalgia que Super Destronaut DX tenta pertencer.
Produzido pelo estúdio Petite Games e distribuído pela Ratalaika Games, o título é um shoot ‘em up com referências aos jogos de arcades ー em especial, Space Invaders. Sua proposta é simples: trazer, para 2018, a experiência das casas de fliperama, onde o objetivo era estar no ranking de melhores jogadores, alcançando a maior pontuação possível em sessões rápidas de games fáceis de compreender, mas difíceis de dominar.
Esta simplicidade, no entanto, restringe seu destaque entre demais games do gênero. Apesar de uma jogabilidade principal sólida, o jogo apresenta modos e desafios curtos. Além disso, bugs inexplicáveis e uma forte influência de sorte nas partidas são capazes de frustrar e de levantar dúvidas sobre a real capacidade do game em reproduzir um ambiente arcade fidedigno.
Atire sem parar
Mecanicamente, Super Destronaut DX é muito semelhante a Space Invaders. O jogador controla uma nave, na parte inferior da tela, que deve atirar em uma série de diferentes alienígenas na parte de cima, os quais se movem, atacam e se aproximam da embarcação com o tempo. O objetivo final é derrotar o maior número de aliens, sobreviver à maior quantidade de levas de inimigos possível e conseguir uma boa pontuação como recompensa.Space Invaders versão 2018 |
Diferentemente do título de fliperama, cada extraterrestre possui um tipo de ataque diferente. Enquanto alguns possuem tiros comuns, outros lançam foguetes rastreadores, balas em zigue-zague, ou até mesmo dois a três projéteis de uma só vez. Não há aqui barreiras que contenham estas investidas, o que coloca a sobrevivência nas mãos do jogador e na sua habilidade de desviar delas.
Administrar tempo, aliás, também é uma característica importante do game. A cada alien explodido, soma-se 0,1 a um multiplicador de pontos, que retorna a 1 caso não haja outro inimigo derrotado em até três segundos. Assim, para conseguir um grande placar, é necessário encarar a linha de fogo e estar em constante investida para matar adversários rapidamente. Além disso, há outros aspectos a se considerar, como o valor em pontos diferente para cada alienígena, e as carcaças que alguns ETs destruídos deixam para trás, que fornecem 50 pontos a cada tiro acertado.
As carcaças dos inimigos caem em direção à nave, podendo ser atingidas enquanto for possível |
Estas mecânicas, embora nem um pouco inovadoras, são bem implementadas. Como bons arcades, os controles são simples de entender, utilizando somente um botão e o direcional analógico, o que torna a curva de aprendizado tranquila para qualquer pessoa. A necessidade de desviar constantemente dos ataques, somado ao mecanismo do multiplicador, faz com que o jogador esteja sempre engajado, se arriscando e tendo que demonstrar destreza na busca por um high score. Os power-ups atuam como uma recompensa a estes riscos, permitindo táticas e se tornando bem satisfatórios em momentos de aperto.
Luxo ou lixo?
Utilizado à exaustão ultimamente, o termo “DX” realmente significa uma versão “de luxo” para a franquia Super Destronaut. A série deu as caras duas vezes no Wii U, com Super Destronaut e Super Destronaut 2: Go Duck Yourself, e uma no New Nintendo 3DS, com Super Destronaut 3D. Ao comparar a versão DX com as anteriores, é nítida uma melhoria na qualidade da apresentação.Efeitos são bonitos, mas podem trazer mal estar e falta de leitura de informações importantes |
Porém, até mesmo para quem não se sentir nauseado, há malefícios em se usar os efeitos. Quando estão todos ativados ao mesmo tempo, pode não ser fácil de ver os tiros inimigos, o que, para um game que exige precisão, é uma falha. Também fica complicado de ler as informações da UI durante as partidas, já que elas ficam borradas a cada explosão.
Infelizmente, algo dispensável que não é possível desativar são inimigos cinzas que vêm de encontro à nave a partir do horizonte. Similares às carcaças dos extraterrestres derrotados, estes aliens não podem ser atacados e servem unicamente como mais um empecilho que o jogador deve desviar. Como já há bastante ação acontecendo entre a nave e os ETs coloridos, ter que prestar atenção também neste outro aspecto é inconveniente. Além de que é fácil confundi-los com as carcaças. É como se este elemento tivesse sido desenvolvido para surpreender o jogador, mas, se ele não estiver acostumado, acaba desorientando-no e causando mortes injustas.
Três aliens cinzas vindo do horizonte. É fácil se esquecer deles ou confundi-los, o que resulta em mortes |
A sorte está lançada
Outra característica que justifica a classificação “de luxo” do jogo é a presença do modo Challenges. Inédito na série, este modo possui 30 desafios com objetivos diferentes que variam de alcançar uma determinada pontuação em uma partida, ou matar uma quantidade específica de inimigos em menos de um minuto, até a atingir um certo número no multiplicador, ou sobreviver a ondas de aliens.Desafio com limite de tempo: sem power-ups é praticamente impossível |
Leaderboard questionável
Durante a produção desta análise, pensei que as críticas acima eram as únicas que teria para Super Destronaut DX e que terminaria o texto por aqui, sugerindo o jogo apenas para fãs de leaderboards. Porém, algo aconteceu que pode colocar toda essa experiência arcade a perder.Até o dia 23 de julho, não havia dados nos leaderboards dos modos Time Attack e Hardcore |
Acima, minha pontuação offline no modo Classic no dia 18 de julho. Abaixo, a pontuação registrada nos leaderboards no mesmo dia. |
Simples passatempo
Super Destronaut DX tenta pertencer à onda retrô dos games, mas não tem força suficiente para isso. Sua jogabilidade, apesar de não ser inovadora, é boa para um breve momento de distração, algo perfeito para o modo portátil do Switch.Porém, o que prejudica completamente este jogo é a possibilidade de acontecerem erros nos leaderboards online. Quando o próprio objetivo principal, que é chegar o mais alto possível no ranking, pode estar comprometido, o game não consegue deixar de ser somente um simples passatempo descompromissado.
Prós
- Boa jogabilidade inspirada nos clássicos shoot ‘em ups;
- Bom nível de apresentação baseada nos anos 80, com efeitos gráficos profissionais;
- Estrutura de jogo ótima para o modo portátil do Nintendo Switch
Contras
- Efeitos gráficos podem causar náuseas e dificultar a visibilidade da UI e dos ataques inimigos;
- Alguns inimigos desorientam e causam mortes injustas;
- Modo de desafios curto;
- Natureza randômica das ondas de inimigos tornam desafios com tempo limitado uma questão de sorte;
- Alguns leaderboards online ainda não funcionam;
- Glitches podem acontecer no momento de registrar uma pontuação ao ranking, comprometendo a classificação.
Super Destronaut DX - Switch/PS4/XBO/PC/PS Vita - Nota: 4.5Versão utilizada para análise: Nintendo Switch
Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games