Análise: Paranautical Activity (Switch): o terror quadriculado em todos os sentidos

Com gráficos e jogabilidade old school, definitivamente é um jogo para gamers hardcore.

em 02/07/2018

Geralmente jogamos videogames para nos distrair, depois de um dia cansativo de trabalho ou uma rotina intensa de estudos, no fim do dia precisamos relaxar fazendo o que gostamos e os jogos eletrônicos se encaixam perfeitamente nesse quesito.


Buscamos nos games a diversão, a fuga da realidade nem que seja momentânea e o desestresse de um dia maçante, mas não são todos jogos que nos trazem esses benefícios agradáveis, pelo contrário, alguns nos deixam mais irritados e com uma sensação de impotência por não ter concluído uma determinada fase, e esse game é um bom exemplo disso.

Paranautical Activity é um game de tiro em primeira pessoa baseado nos clássicos Doom e Wolfenstein dos anos 90, desenvolvido pela Code Avarice e distribuído pela Digerati, o jogo foi lançado para diversas plataformas no passado e este ano chegou para o console híbrido da Nintendo.

Um FPS com características da “velha guarda”, mescla Doom com The Binding of Isaac, tanto com seu estilo quadriculado quanto nos elementos roguelike que estão presentes no jogo.

Um elevador, apenas isso...

Sem uma história definida o jogador surge em um elevador, munido de uma arma principal, uma secundária e algumas bombas, e o mesmo deve chegar até o oitavo andar. Parece simples não é? Infelizmente só parece, pois o pesadelo começa a partir de que o protagonista entra na primeira sala.



Os inimigos e os cenários são gerados aleatoriamente, da mesma forma que os itens encontrados e os bosses também são randômicos, o que passa a sensação de surpresa e tensão a cada sala explorada. As portas dos calabouços mais importantes são demarcadas com cores distintas que definem o destino do jogador. Durante o jogo, os inimigos derrotados “dropam” moedas que servem para comprar novas armas, itens e Power ups dentro de um calabouço específico que se encontra no respectivo andar.

Existem diversos monstros que foram inspirados na vida marinha e que estão inseridos no jogo, como por exemplo: uma baleia flutuante que cospe uma água mortal, uma tartaruga com um lança-foguetes acoplado no casco, um tubarão que nada na terra dentre outros inimigos bizarros que o jogo nos apresenta ao longo dos calabouços e andares explorados, entre eles: monges, demônios, ninjas e até uma cabeça ao estilo Doom.

Escolha sua arma e siga seu destino

O jogador em Paranautical Activity pode escolher entre um dos seis personagens disponíveis no jogo para iniciar sua aventura, cada qual com seus equipamentos e peculiaridades distintas:


  • GILEAD: Possui uma chain gun que dispara laser, é o personagem mais balanceado do jogo, apesar de sua arma não ser precisa;
  • DAVID BOWIE: Munido apenas com uma besta, sua barra de energia é baixíssima, mas sua arma causa um dano maior no inimigo, além de ter uma boa velocidade e cadência de disparos;
  • DY-NO-MITE!: Equipado com um lança-granadas e uma katana; seus destaques estão na cadência de tiro e nos danos causados, essa classe conta com a barra de energia e velocidade mediana;
  • GORTON: Sua arma principal é uma foice e a secundária é um rifle que dispara dardos embebidos em veneno de baiacu, seu maior trunfo é a velocidade, porém o nível de vida é o mais curto de todos;
  • THE TANK: talvez o personagem mais tradicional do jogo, ele carrega consigo uma shotgun e um canhão, suas características que se destacam são: a barra de energia que é a maior de todos os personagens e o alto dano que ele pode causar nos oponentes, porém sua velocidade é comprometida e o tempo de carregamento dos disparos é bem superior ao de outras classes.
  • THE BOUNCER: carrega consigo um rifle que dispara quatro projéteis ao mesmo tempo, o tiro quando acerta um determinado local ricocheteia para outras direções, sua velocidade, nível de dano e cadência de tiro estão no máximo, mas ao contrário disso, sua barra de energia é reduzida a zero.
Cada personagem exige uma estratégia diferente para que o jogador consiga avançar pelos calabouços do game. Os combates são muito rápidos e dinâmicos, em um piscar de olhos sua barra de energia esgota-se rapidamente e o jogo acaba.

Dificuldade punitiva

Como todos os jogos do gênero roguelike, o jogador convive com o terror chamado morte permanente, ou seja, depois de explorar vários calabouços, pegar itens importantes e derrotar inúmeros inimigos, qualquer falha o levará para o início do jogo e todo o sucesso da exploração será perdido.

Em certos momentos, a aleatoriedade do jogo o torna extremamente difícil e é preciso contar com a sorte para avançar, torcendo para que o próximo chefe seja mais fácil, o que é interessante, pois causa certa ansiedade no jogador durante a jogatina.





Em cada andar são encontrados um chefe principal e um secundário, sendo que o primeiro é obrigatório derrotá-lo para avançar para o próximo andar e o segundo pode ser ignorado, mas se enfrentá-lo será recompensado com um bom item que o auxiliará contra o boss principal e nos demais andares.

No entanto, ocasionalmente os chefes secundários são mais desafiadores do que os principais, essa dificuldade desbalanceada se torna um pouco frustrante, pois nos faz evitar o combate o máximo possível, ainda mais se o jogador for surpreendido por um deles no início do calabouço.

Uma visita aos velhos tempos

A primeira vista não tem como não associar Paranautical Activity aos FPS clássicos da ID Software Doom e Wolfenstein, o estilo gráfico dos cenários, das armas e inimigos nos faz lembrar dos primeiros jogos 3D que foram feitos, e isso é bem nostálgico de se ver, no entanto com uma certa frequência os cenários se repetem, às vezes após a exploração de um calabouço e avançando para o próximo, o cenário é o mesmo que o anterior, o que decepciona um pouco.



Os efeitos sonoros do jogo não são um destaque, eles são muito limitados e a música é repetitiva. Não existe nenhuma opção de volume para ajustar conforme o jogador deseja, há apenas a opção de desativar e ativar a trilha sonora e os efeitos sonoros ─ se não são bons, fica pior sem eles.



Para quem procura uma dose de desafio elevado e quer recordar os bons e velhos FPS do MS-DOS Paranautical Activity cumpre bem o seu papel, pois o game nos transmite uma sensação de nostalgia de um tempo que os jogos eram difíceis e nos proporcionavam uma felicidade ao passar uma fase e orgulho de concluí-lo.

Prós:

  • FPS aos moldes de Doom e Wolfenstein do MS-DOS;
  • Gráficos retrô do início da era 3D.

Contras:

  • Dificuldade desbalanceada;
  • Os cenários se repetem;
  • Efeitos sonoros limitados;
  • Trilha sonora repetitiva sem opção de ajuste no volume.
Paranautical Activity  ─ Switch ─ Nota: 7.5
Revisão: Pedro Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Digerati

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