Análise: Shin Megami Tensei: Strange Journey Redux (3DS) traz uma jornada ainda mais profunda

De volta ao 3DS, o jogo leva os jogadores a uma jornada ainda mais estranha.

em 22/06/2018


Lançado originalmente em 2009, Shin Megami Tensei: Strange Journey trouxe ao DS uma narrativa sombria, contando a história de um grupo de soldados prontos para explorar um fenômeno aparentemente natural que ameaça engolir e destruir todo o planeta.

Agora, 8 anos depois, Shin Megami Tensei: Strange Journey Redux chega ao 3DS, não contendo somente o conteúdo presente na versão original, mas também trazendo novidades extremamente bem vindas tanto em termos de gameplay quanto em enredo.

A elite da elite não é páreo para a missão

Em uma época contemporânea, uma catástrofe sem precedentes atinge o Pólo Sul, formando em sua região um domo negro em expansão que cresce a cada momento. Após uma série de estudos e mobilização mundial para entender e conter tal situação, um grupo de soldados escolhidos a dedo e com diferentes tipos de habilidades formam um esquadrão para desvendar os mistérios por trás de Schwarzwelt - o assim chamado fenômeno.

Após falharem em avançar domo a dentro, vários membros começam a ser atacados por misteriosas forças invisíveis. Logo depois de parte da equipe ser dizimada, os soldados, já sem esperança, são surpreendidos com um aplicativo instalado em seus trajes de batalha que permite a visualização, combate e ação contra os inimigos que se mostram - deixando todos incrédulos - demônios.

Demonica

DEMOuntable Next Integrated Capability Armor, ou Armadura Desmontável Futurística com Capacidades Integradas (em tradução livre) é uma das principais diferenças presentes no jogo, separando-o do restante da série. Contando com a mais alta tecnologia, a armadura Demonica é a peça chave para que os soldados sobrevivam nas condições hostis dos diversos ambientes que exploram, além de estar estritamente ligada ao gameplay, seja durante a exploração ou combate.

Diferente da grande maioria dos RPGs - mas sendo comum na série -, Strange Journey Redux conta com uma movimentação e combate em primeira pessoa, o que pode ser um fator determinante para desmotivar os jogadores que não estão habituados com o estilo. Apesar de parecer estranho a primeiro momento, tal característica mostra-se deveras imersiva em relação ao enredo do jogo, transmitindo uma sensação de que cada passo dado é determinante para o avanço da história.

Durante a exploração dos cenários, a armadura demonstra ainda mais valor por conta de seus diversos aplicativos instalados e obtidos ao longo da progressão do game.

Ainda sobre o enredo, após a obtenção do aplicativo na Demonica que permite a interação com os demônios, o grupo de avanço começa a desbravar o local onde se encontram, divididos entre cumprir a missão de parar o que quer que esteja acontecendo, e voltar para a realidade.



Para alcançar tal objetivo, o time de exploradores deve, além de eliminar os inimigos, usar sua força, também usando um app disponível nos trajes. Sendo uma das principais características  da série, obter a ajuda de demônios não é uma tarefa simples. Agradá-los e entendê-los faz parte do processo para que eles estejam inclinados a aceitar fazer parte do seu time.

Durante o combate, cada personagem conta com uma série de habilidades e tipos de ataque que podem ser efetivos, neutros ou fracos contra determinados inimigos. Aparecendo pela primeira vez nesse remaster, agora há a possibilidade de trocar demônios durante a batalha, permitindo que novas estratégias sejam realizadas, além de tornar as coisas menos difíceis contra inimigos muito poderosos. E graças ao traje, todas as informações dos inimigos são computadas à medida que mais batalhas são realizadas.

Humanos, demônios e suas semelhanças

Depois do que foi dito, o que mais me chamou a atenção foi claramente seu enredo e a maneira como ele é contado. Como dito anteriormente, a movimentação em primeira pessoa foi uma grata surpresa, pois a imersão causada durante a exploração e diálogos é algo que não se encontra presente em qualquer jogo. Somando com o fato que essa versão Redux agora conta com dublagem em japonês, parar para prestar a atenção nas conversas do esquadrão tornou-se uma experiência muito mais profunda.

Outro ponto que merece atenção é como a missão e as escolhas realizadas pelo jogador influenciam diretamente no humor e na confiança do esquadrão, além de ser um fator decisivo para alcançar determinados tipos de finais. O medo e a preocupação envolvem o ambiente quando algo sai errado, seguido de alívio e esperança quando algum objetivo é alcançado, mesmo que pequeno.

Não sendo o bastante, um ponto muito interessante presente geralmente em RPGs de tabuleiro é o sistema de tendências. Bom e mau, lei e caos, a tendência presente também tem suas influências no jogo, principalmente lidando com a interação de demônios.





Em contrapartida, os demônios presentes no jogo vão muito além do que é apresentado nas mitologias. Com suas formas remetendo a divindades já conhecidas pela humanidade, a surpresa fica por conta das personalidades presentes em cada um. Alegria, raiva, paixão, curiosidade; cada um conta características distintas, variando de demônio para demônio, que podem mudar de humor dependendo até mesmo das fases da lua. Seja ele uma peça chave para o enredo ou alguém cuja adição seria interessante no time, os diálogos presentes quase sempre serão diferentes, com suas respostas sendo cruciais para o desenrolar da situação.

Um ótimo título, mas não para todos

Como já mencionado, o fato de contar com batalhas e exploração em primeira pessoa pode não ser um atrativo para a maioria dos jogadores. Com movimentação travada, o jogo não conta com vastos cenários e detalhes. Mesmo que haja uma boa variedade de dungeons, andar quadrado por quadrado acaba por tornar-se uma tarefa maçante, principalmente quando os inimigos encontram-se em níveis acima do esperado.



Evoluir os personagens também pode não ser uma das tarefas mais simples. Adquirir bons demônios demanda um certo cuidado e, caso não haja conhecimento prévio, sorte. Além de convidá-los para a equipe, a Demonica também conta com um sistema que permite a fusão entre eles, obtendo assim monstros mais fortes e preparados para os desafios que podem surgir. A dificuldade só piora quando é preciso conseguir melhores aliados, onde certos níveis mínimos são necessários.

Por fim, graficamente falando, o jogo funciona como deveria. O fato de se tratar de um remaster não limitou as mudanças em simples polimento visual, mas também contou com diversas áreas refeitas, assim como tivemos um upgrade na arte dos personagens presentes.

Uma jornada estranha, mas recompensadora

Tendo sido minha primeira experiência com a série, devo admitir que ainda estou surpreso em como o jogo consegue ser difícil, mas prazeroso. Superar os obstáculos com demônios não tão poderosos, mas com a estratégia certa, faz com o que o jogo fique ainda melhor. A história pode não parecer a mais coesa no primeiro momento, mas durante seu desenrolar, o fato de perguntas serem respondidas sendo seguidas por novos questionamentos faz com que a curiosidade em saber o que nos aguarda no final dessa jornada valha a pena. Junte isso com personagens e demônios tão humanos como a própria realidade, e temos um excelente RPG em mãos.

Prós

  • Dublagem em japonês;
  • Sistema de batalha intuitivo e de fácil aprendizado;
  • Jogabilidade imersiva;
  • Enredo peculiar, mas sem excessos;
  • Vasta quantidade de demônios e aplicativos, favorecendo a criação de estratégias;
  • Diversas melhorias gráficas;
  • Grande quantidade de melhorias em relação ao lançamento original, principalmente no quesito Quality of Life (que afeta principalmente a jogabilidade).

Contras:

  • Curva de dificuldade elevada;
  • Falta de informações em relação a fusões de demônios;
  • Movimentação imersiva, mas travada.
Shin Megami Tensei: Strange Journey Redux - 3DS - Nota: 8.5

Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo redator
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