Cutthroat Island: um game hardcore do Super Nintendo

Ilha da Garganta Cortada era um desafio que destacava o ego dos gamers de verdade.

em 11/06/2018

A nova geração de consoles conta com games, no geral, bastantes lúdicos para inserção de novos jogadores no mercado, opondo-se a isso algumas poucas exceções. Para facilitar essa demanda, os jogos contam com tutoriais ou até mesmo com dificuldades baixas demais, apelando, por vezes, apenas para sua qualidade visual. Uma estratégia muito diferente desse mesmo mercado era utilizada na década de 90, que buscava, através de games com dificuldade elevada, trazer desafios intensos e viciar os jogadores em seus produtos. Cutthroat Island (Multi) foi um desses games que usava e abusava de sua dificuldade alta para atrair um público gamer mais hardcore.

Nostalgia da TV

O game é baseado em um famoso filme de piratas que habita nas lembranças de quem viveu sua infância e adolescência na última década do século XX. Ilha da Garganta Cortada é um filme que repetia incansáveis vezes na TV aberta em horários do turno vespertino. Era aquele programa básico de quem chegava da escola, almoçava e se deitava no sofá a fim de curtir algum filme clichê na televisão. Trata-se de um longa-metragem sobre piratas e caça ao tesouro perdido, que conta com várias cenas de ação e erros cinematográficos.

Cutthroat Island segue exatamente a mesma linha do enredo do filme, algo comum nas versões de jogos de longas e séries de TV da época. Isso tudo com várias fases baseadas em cenas do mesmo e músicas que buscavam alcançar a fidelidade mais próxima possível à trilha sonora original no hardware de som limitado do Super Nintendo.

Um desenvolvimento de dar inveja

O jogo é um beat’n up bastante simples, mas com um olhar cuidadoso percebe-se que é um trabalho muito caprichado. Tem gráficos simples em 2D,todavia, são muito coloridos, bonitos e bem animados. A trilha sonora é excelente e viciante e a movimentação dos personagens aparenta ser praticamente um fork dos primeiros Prince of Persia (Multi). Os detalhes de cenários são poucos e a variedade de inimigos não é grande, mas também não é algo que deixa a desejar. Tudo no game é na medida para uma ótima gameplay.

Para completar, o game ainda permite um divertido modo cooperativo, em que jogávamos em casa com o vizinho ou no lar de nossos melhores amigos. Mas isso não quer dizer que sua dificuldade era reduzida, muito pelo contrário, aumentava. Cada jogador jogava com um personagem específico do filme, no caso a dama Morgan Adams e o pirata Willian Shawn.


Um game para poucos


Algo que ainda é uma marca inesquecível de Ilha da Garganta Cortada para Super Nintendo é a sua dificuldade elevada. É muito comum ouvirmos comentários do tipo “nunca passei da segunda fase, aquela do carrinho”. Pois é, Cutthroat Island irritou muitos jogadores que ficavam agarrados em alguns estágios, principalmente na famosa “segunda fase”, onde o personagem está em alta velocidade em um carrinho de mineração e precisa desviar dos obstáculos. Fico imaginando quantos

Os inimigos do título não estão ali apenas para servir de saco de pancada para os jogadores, ao contrário disso, eles estão ali para deixar o jogo ainda mais desafiante. Cada inimigo pode desviar de ataques, defender, correr e atacar os protagonistas de surpresa.


Todavia, Cutthroat Island (Multi) é desafiante na medida certa. Jogadores mais experientes acabam por “pegar as manhas” de cada parte do jogo com o tempo, o que o torna em um desafio divertido e nostálgico. Trata-se de um game que deve ser revisitado pelos gamers oldschool e, para quem não conhece, vale a pena a experiência (às vezes frustrante) de desafiá-lo.

Revisor: Vinícius Rutes
Siga o Blast nas Redes Sociais

Professor de História e Historiador
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).