Pirate Pop Plus, dos japoneses da produtora dadako, é um jogo de outra época. De quando os games eram de uma simplicidade fascinante, e você pegava o joystick do Atari ou NES e instantaneamente sabia tudo o que precisava fazer para se divertir. Ou quando colocava a fichinha na máquina do fliperama e já ficava de olho nos pontos na parte superior da tela, porque a diversão era tirar seu amigo do topo do ranking. Mas também é como aqueles minigames portáteis de um jogo só da década de noventa, que divertiam por alguns minutos antes de você enjoar e esquecer dele na gaveta do quarto.
Pirate Pang Plus
Pirate Pop Plus é descaradamente inspirado na antiga série Super Pang, que fez relativo sucesso nos arcades no final da década de 80 e no Super Nintendo no início da década de 90 — quando foi localizado pela Capcom como Buster Bros. para o Ocidente. E esta já era uma versão moderna de um conceito que nasceu em 1983 no jogo Cannon Ball, de MSX. Aqui o jogador segue a mesma fórmula dos jogos do passado, usando um arpão/âncora para estourar bolhas que se multiplicam pelo cenário.Lançado originalmente no Steam em 2016 e com versões para 3DS e Wii U, Pirate Pop Plus chega ao Switch sem grandes novidades pelas mãos da distribuidora 13AM Shipping Solutions — a mesma de Runbow. O jogo é exatamente o mesmo que já vimos nas outras plataformas, sem quaisquer opções exclusivas para o novo console da Nintendo. Então se você já jogou o título anteriormente, espere a mesma experiência no seu Nintendo Switch.
Sobre piratas e bolhas numa ilha misteriosa
Um dia, o pirata Pete Jr. acorda em uma pequena ilha misteriosa. Quando se levanta e olha para o horizonte, vê dezenas de bolhas enchendo o céu distante. Ao inspecionar com mais cuidado, Pete descobre que as bolhas estão cheias de moradores do vilarejo da ilha, e isso tudo só pode ser um esquema do vil Bubble Pirate! Pete Jr. pega sua âncora e segue para ajudar as pessoas em apuros.E isso é tudo para a narrativa de Pirate Pop Plus. Uma introdução simples, no melhor estilo arcade antes de você colocar a ficha. Se trata apenas de uma desculpa para você entrar no jogo e estourar o maior número de bolhas possível, ganhando muitos pontos. Até existem outros três personagens desbloqueáveis, mas não há qualquer explicação para suas presenças na aventura.
Estourando bolhas de cabeça para baixo
O game segue a tradição de antigos clássicos de arcade: não há fim, apenas aumento gradativo de dificuldade, e o objetivo é fazer o maior número possível de pontos. Os comandos são simples, usa-se apenas um botão e o direcional para controlar o personagem, movendo-o para a esquerda ou direita e atirando sua âncora para cima na tentativa de estourar as bolhas que quicam pelo cenário. A cada balãozinho estourado, dois menores surgem para complicar um pouco as coisas. Basicamente é isso o jogo inteiro, com apenas um diferencial: volta e meia o vilão Bubble Pirate aparece e inverte a gravidade do jogo, fazendo o jogador controlar seu avatar andando nas paredes ou no teto. Parece um pouco complicado, mas rapidinho se pega o jeito.Estas mudanças de gravidade apresentam uma das poucas mudanças de level design. Quando a direção do jogo muda, o jogador pode mirar sua queda nas bolhas que estão abaixo, conquistando pontos extras por cada pulo certo. É um detalhe importante, pois adiciona um certo tempero ao gameplay comum do resto do jogo. Além disso, há um sistema de combos, a cada acerto com a âncora em uma bolha, um número aparece mostrando quantas vezes em sequência você atirou sem errar. Quanto mais você acerta em cadeia, mais pontos adquire no próximo tiro certeiro. Se errar o alvo, o contador volta para o zero, recomeçando a contagem.
Há também uma diversidade de itens que aparecem na tela durante a jogatina, que variam desde frutas que dão mais pontos até armas diferentes para facilitar a sua vida. A aleatoriedade das quedas de itens acrescenta um pouco mais de fôlego para cada partida. E não se esqueça de coletar muitas moedas, assim pode ir até a lojinha para dar uma repaginada no visual do jogo.
“Pixelart com quatro cores de alta resolução e som digital de 8-bit”
A frase acima fica escrita na parte inferior da tela o tempo inteiro, entregando as influências dos designers quando o assunto é audiovisual. Mas a estética é uma faca de dois gumes em Pirate Pop Plus. Tudo é muito simples e quase sem graça, mas se você tem nostalgia pelo estilo que o Game Boy — ou outros minigames monocromáticos da década de 90 — apresentava, vai achar demais as opções de personalização que o jogo oferece.Como dito anteriormente, usando as moedinhas coletadas durante as partidas, é possível comprar dezenas de opções de personalização, como skins para o console que aparece na tela simulando um portátil, cores diferentes para a imagem, para os botões, adesivos e até novos personagens que possuem estatísticas levemente diferentes de Pete. Também ficam à disposição para compra outras três músicas para dar uma variada durante a jogatina, todas bem bacanas e seguindo o estilo 8-bits do resto do pacote.
Diversão fugaz
Há apenas duas opções de jogo: Normal e Hyper! (que só é possível acessar gastando 25 moedas de ouro). O diferencial do último modo é que você inicia com apenas um coração de energia e o jogo fica mais frenético. Como recompensa, todos os pontos são dobrados. Depois que dominei as nuances da jogabilidade do game, comecei a divertir-me muito mais no modo Hyper!, visto que o jogo se torna consideravelmente mais desafiante e os placares vão às alturas.A partir daí, começam os problemas. Se você alcançar o topo da tabela e não encontrar ninguém para pegar o seu Switch e tentar bater seu recorde, a magia se quebra. Não há chefes ou mudanças drásticas de level design para diversificar o gameplay. É um crime que um game focado em pontos e placares como este, não tenha um ranking online. O jogo se torna repetitivo muito rápido, toda partida é igual e, sem uma maneira para comparar seus pontos com os de outros jogadores, não há motivação para tentar se superar de novo. Até mesmo os achievements (conquistas), que são apresentados ao completar certas condições, são sem graça e ficam escondidos nos menus do jogo.
Um jogo perdido no tempo
Não há nada de errado com as mecânicas de Pirate Pop Plus. Na verdade, pelo que se propõe, ele é extremamente competente. Mas de cara dá para notar que o que falta para o game no Switch é o que sobrava na antiga série de arcade e Super Nintendo na qual ele se inspira: multiplayer. Fica claro que seria muito mais divertido se pudéssemos compartilhar os Joy-Con com um amigo ou familiar para jogar de forma cooperativa. Mas essa opção fica para o futuro: os desenvolvedores já confirmaram que Pirate Pop 2 terá multiplayer para até 8 jogadores. Enquanto isso, nos resta uma experiência breve e solitária.Sem ranking online, multiplayer de qualquer tipo, variações relevantes de jogabilidade ou mesmo chefes para vencer durante as partidas, o jogo parece um minigame dentro de outro título. É como uma das modalidades de Mario Party, mas sem a diversão multiplayer que a turma do Reino dos Cogumelos proporciona. É divertido e gostoso de jogar nos primeiros 30 minutos, mas com tantos jogos de qualidade para desfrutar hoje em dia, perde a graça rápido demais. Tivesse sido lançado para Game Boy em 1992, seria, com o perdão do trocadilho, um estouro. Em 2018, parece um jogo perdido no tempo.
Prós
- Simples e competente em suas mecânicas;
- Referências visuais e sonoras da era Game Boy.
Contras
- Sem multiplayer ou ranking online;
- Repetitivo, perde o brilho rapidamente.
Pirate Pop Plus – Switch/3DS/Wii U/PC – Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela 13AM Shipping Solutions