Knights of the Round (SNES): Pancadaria e evolução muito além da Távola Redonda

Um beat’em up à frente de seu tempo, cheio de inovações e muita pancadaria que rendeu horas de diversão entre os melhores amigos.

em 07/05/2018


Quem não se lembra dos games de “porrada pra dois” no Super Nintendo? Os famosos beat’em ups, muitas vezes portados dos arcades para o console, como Final Fight (SNES/Arcade), Captain Commando (SNES/Arcade) e Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (SNES/Arcade). Outros eram exclusividades nos video games de mesa como os icônicos Batman Returns (SNES/Genesis) e Mighty Morphin Power Rangers: The Movie (SNES).Esse gênero foi muito famoso na década de 1990 em fliperamas e consoles domésticos de 8 e 16 bits, o que gerava um grande número de jogos semelhantes apenas com personagens diferentes. Nesse contexto, muitas empresas incrementavam seus jogos com mecânicas diferenciadas e originais, como é o caso de Knights of the Round, lançado pela Capcom em 1991 para arcades e adaptado em 1994 para o Super Nintendo.

Um game épico, em todos os sentidos!

Knights of the Round é um game inspirado nas lendas e histórias do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. E apenas inspirado mesmo, pois o enredo se distancia da história original em quase tudo! Todavia, isso nunca foi um ponto forte de jogos desse gênero. Sua narrativa se enquadra após a retirada da espada Excalibur por Arthur, onde o mago Merlim pede para que ele e seus cavaleiros derrotem o Rei Garibaldi a fim de retirar de suas mãos o Cálice Sagrado, para então encerrar o processo de unificação dos reinos ingleses em uma só nação.
O jogador pode escolher entre três personagens jogáveis: o próprio Arthur que é o personagem mais equilibrado, Percival que, apesar de lento, é muito forte e Lancelot, um personagem com golpes mais fracos, entretanto, muito ágil.
O jogo conta com belos gráficos em 2D, bons efeitos sonoros, excelentes músicas e suporte para dois jogadores. O avanço é padrão side scrolling, na horizontal para a direita com possibilidade de alcançar profundidades diferentes, assim como os beat’em ups clássicos da Capcom. O game não se utiliza de barra de energias especiais, com isso o custo para utilização de golpes especiais é descontado na própria barra de vida, os quais têm a capacidade de causar dano em todos os inimigos próximos ao personagem . Os combos são realizados com sequências de golpes feitos com o botão “Y”. O jogador pode, inclusive, obter montarias durante o jogo para colaborar (ou não) com seu avanço no game.

Um beat’em up inovador

O leitor deve estar se perguntando: “Tá, até aí tudo bem! Mas por que Knights of the Round merece destaque no Blast from the Past”? A resposta está em sua inovação!
A Capcom acrescentou a um simples beat’em up elementos de evolução que até então só eram comuns em games de RPG: a evolução em níveis, que tornava o jogo diferenciado e divertido . O jogador conseguia avançar de nível de acordo com o aumento da quantidade de pontos que conquistava. Esses pontos eram adquiridos derrotando inimigos e recolhendo itens durante os estágios. A cada nível de personagem que o jogador alcançava, ele recebia upgrades em seus equipamentos. No decorrer do jogo, dava gosto de ver os personagens com as armas e armaduras cada vez maiores e mais bonitas.

Diversão à moda antiga

A melhor forma de jogar Knights of the Round era com o melhor amigo ou até mesmo o vizinho da rua, em seu modo multiplayer para até duas pessoas no Super Nintendo. A versão de arcade tinha suporte para até três jogadores. Seu mecanismo de evolução de personagens causava algumas desavenças inusitadas e divertidas entre os jogadores, pois os pontos não eram divididos igualmente entre eles. Aquele que coletava mais itens sempre avançava de nível mais rapidamente. Um game que, definitivamente, rendeu horas de diversão com os amigos!

Dificuldade esmagadora!

Um ponto negativo está presente em sua dificuldade injusta, principalmente nas batalhas contra os chefes do jogo. Terminar todos os sete estágios do game requer uma grande habilidade do jogador para que não perca todas as vidas e continues durante a jogatina, visto que ele carrega consigo a dificuldade da versão de fliperama, que era um verdadeiro “engole fichas”. Algo que pode frustrar muitos que desejam zerá-lo um dia. Todavia, insistir e terminar o game traz um sensação única de desafio completo.

Um velho amigo

Knights of the Round é uma obra prima que merece ser revisitada por jogadores old school, pois a sensação de nostalgia é mais que garantida. Quanto aos mais novos, vale a experiência de conhecer um game à frente do seu tempo que trouxe inovações no mínimo curiosas e divertidas para nossas casas e locadoras!

Revisão: João Paulo Benevides

Professor de História e Historiador
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