Prévia: o que esperar de Donkey Kong Country: Tropical Freeze no Switch?

A macacada mais querida do mundo dos games está prestes a desembarcar no Nintendo Switch, mas será que vai valer a pena?

em 01/05/2018





Já faz vinte e quatro anos. Mais de duas décadas. Foi em 1994 que uma desenvolvedora talentosa de jogos eletrônicos do Reino Unido ganhou uma chance imperdível de provar o seu valor para uma das mais famosas e bem sucedidas empresas do mercado de videogames do mundo inteiro. A empresa do Reino Unido é a Rareware, e a outra é uma tal de Nintendo.


Coube à Rare a desafiadora tarefa de dar cor e identidade para aquela que veio a ser uma das maiores franquias da Nintendo de todos os tempos. E bem, você sabe. Trata-se de Donkey Kong Country.

Esbanjando beleza com os até então inéditos gráficos em 3D pré-renderizados, a direção artística da franquia do macacão mais camarada dos videogames despertou ciúmes até mesmo no lendário Shigeru Miyamoto (história para outro momento), e finalizou sua jornada no Super Nintendo com uma trilogia inesquecível, elogiada até hoje por seu esmero.
Parece que foi ontem, mas já fazem 24 anos desde o lançamento de Donkey Kong Country


Do vindouro ano de 1996 até o não tão longínquo 2010, foram 14 anos de um longo descanso para a franquia Country. Quer dizer, a Nintendo até lançou um ou outro jogo estrelado por Donkey Kong e seus amigos, mas eram spin-offs e nada tinham a ver com a trilogia que outrora havia sido desenvolvida com tanto êxito pelo agora estúdio pertencente à Microsoft (que comprou a Rare em 2002). Mas aí, como uma fênix que renasce das cinzas, a Retro Studios (responsável pelo renascimento da franquia Metroid, com a trilogia Prime, e conhecida como a sucessora espiritual do que um dia foi a Rare) colocou fim no vácuo dos simpáticos macacos, produzindo o consagrado Donkey Kong Country Returns, lançado no final de 2010 para o Nintendo Wii.

Depois do retorno, o “congelamento tropical”

Depois do sucesso de críticas e vendas, o caminho mais natural para a franquia Country seria uma sequência, e que melhor plataforma para isso acontecer do que o sucessor do Nintendo Wii? E assim o foi! Pronto desde 2013, Donkey Kong Country: Tropical Freeze foi lançado em fevereiro de 2014 para o Nintendo Wii U. Esse título, na época, recebeu avaliações positivas da crítica especializada, obtendo uma honrosa nota 83 (ante 87 de seu antecessor) no site agregador de notas Metacritic.

O pequeno número de utilizadores do Wii U (que no momento do lançamento de Tropical Freeze contava com pouco mais de três milhões e quinhentos mil usuários), no entanto, fez com que este fosse o jogo com o mais baixo número de vendas da franquia Country, obtendo assim, uma visibilidade muito inferior de público quando comparado com todos os demais títulos da série. Uma grande injustiça. E foi provavelmente pensando por este ângulo que a Nintendo anunciou um port da obra para o seu mais novo sucesso: o Nintendo Switch.
Nem o retorno da adorável Dixie fez com que Troopical Freeze tivesse êxito de público no Wii U


Diferentemente do Wii U (o console menos vendido da história da Nintendo, desconsiderando, é claro, o famigerado Virtual Boy), o Nintendo Switch tem se mostrado um sucesso aos moldes do que foi o Nintendo Wii em 2006, e por isso, a Big N tem adotado uma política de portar boa parte de seus títulos do Wii U para o novo videogame híbrido. Foi assim com Mario Kart 8, Pokkén Tournament e Bayonetta 2, assim como será com os futuros Hyrule Warriors e Captain Toad, sem esquecer, é claro, do objeto desta prévia: Tropical Freeze. Até aí tudo bem, o problema é: como um port de quatro anos de idade será entregue? E sob quais contornos?

Quando Mario Kart 8 foi portado para o Switch, o seu preço era de um lançamento, ou seja, custando 60 dólares. Pontua-se, no entanto, que o jogo de kart vinha com todo o conteúdo de DLC’s pagos lançados na época do Wii U. Além disso, o jogo trouxe novos personagens, um reformulado modo de batalha, possibilidade de jogar entre oito jogadores localmente, uma nova mecânica de turbo e novos itens. Com Pokkén, isso não foi diferente. Sua versão deluxe veio com novos lutadores, modos de batalha, funções online, e mais recentemente, o anúncio de conteúdo adicional pago. No caso de Bayonetta 2 as adições foram menos intensas, mas existem. Diferentemente do original, agora é possível jogar no modo Tag Climax de maneira local (antes só era possível online), e utilizar amiibo para desbloquear roupas. Por fim, a Nintendo já anunciou que Hyrule Warriors e Captain Toad também irão trazer novos conteúdos quando forem lançados. Mas, e quanto a Tropical Freeze?

O primeiro ponto assustador vem logo de cara. O que vai ser exposto aqui parece piada, mas infelizmente não é. Quando lançado no Wii U, o game dos símios custava 50 dólares (10 a menos que o preço padrão de um lançamento), e mais recentemente, depois de entrar para a linha “Nintendo Selects”, Tropical Freeze passou a valer 20 dólares, tanto em sua versão física quanto digital. E qual não é a surpresa em descobrir que um port para o Switch vai custar 60 dólares, 10 a mais que sua versão original quando de seu lançamento, e 40 a mais que seu preço atual (no Wii U)? “Mas talvez o conteúdo adicional desta versão possa justificar este preço”, pode questionar legitimamente você. O problema é que isso, pelo menos até aqui, não aconteceu.
Essa foi a cara que o amigo Donkey Kong fez quando descobriu o preço de seu jogo no Switch

Quando revelou o port para o Nintendo Switch em um de seus Nintendo Directs, a Nintendo deu ênfase única e exclusivamente à adição de um novo personagem jogável, o descoladão “Funk Kong”. E... só! Isso mesmo, parou por aí. E às vésperas de seu lançamento, nada mais foi anunciado, em excluso um ou outro detalhe insignificante, como por exemplo uma mudança na animação de descanso de Donkey Kong, quando este troca um 3DS por um Switch. Ah, claro, e como já fazem quatro anos desde seu lançamento no Wii U, o gorilão (que aparentemente ficou rico depois de coletar tantas bananas) aproveitou estes mais de mil dias de férias para fazer uma rinoplastia, gourmetizando, assim, o seu nariz (leia-se que o modelo dele foi alterado). Deus!

Mas então, vai valer gastar 60 dólares de bananas nesse port?

O jogo ainda não foi lançado, e é possível (ainda que improvável) que a Nintendo revele alguma nova adição para o port de Tropical Freeze até o dia 4 de maio. De todo modo, o título, já na época de seu lançamento original, poderia facilmente ser vendido por 60 dólares. É porque, estruturalmente falando, ele realmente valia isso. Na época, a Retro Studios recolheu todo o feedback dos jogadores de Returns e adicionou uma série de novas ideias para sua sequência, até mesmo para justificá-la, claro. E não foi pouca coisa, não. O título é uma aula de level design, com cenários estonteantes e criativos, a exemplo do nível “Horn Top Hop”, onde a estação de outono é tão orgânica, que os primatas podem (e devem) pular sob folhas secas que flutuam enquanto caem das árvores que abrilhantam o background da fase. Ah, claro, tudo isso ficou ainda mais lindo graças ao hardware do Wii U, que permitia que toda a beleza da obra fosse visualizada em alta definição.
No nível "Horn Top Hop" a beleza do jogo é ilustrada por meio de seu belíssimo background


A trilha sonora, então, foi um brilho à parte. Com o retorno do aclamado David Wise (o compositor por trás da trilogia Country do Super Nintendo), a organicidade das fases ganhou novo tom e capricho, em um trabalho de áudio tão primoroso que efetiva uma imersão ainda maior de acordo com a mensagem que cada floresta, vilarejo, montanhas e fases aquáticas querem passar ao jogador. E por falar em cenários aquáticos, eles tiveram o seu retorno triunfal em Tropical Freeze (eles haviam ficado de fora em Returns). Alia-se a isso novas perspectivas de câmera, apresentando diferentes ângulos de partes de um cenário, que puderam ser explorados com a adição de dois novos kongs: a já conhecida e amada Dixie e a estreia (em formato jogável) do resmungão e rabugento Tio Patinha..., quer dizer, Cranky Kong.

Todos estes pontos (e vários outros) conferiram a Tropical Freeze um valor à altura da trilogia original do Super Nintendo. Entretanto, esperava-se (e ainda se espera) que o port produzido para o Nintendo Switch tivesse/tenha novas adições, ao invés de ficar restrito a apenas um novo personagem jogável e as evidentes melhorias gráficas, já que o hardware do Switch é muito melhor do que o de seu antecessor.

Originalmente, a Retro Studios havia desenvolvido um sistema de conquistas para o game, mas a Nintendo acabou cortando-o da versão final. Agora, este poderia ser um elemento muito interessante para ser adicionado ao título, tendo em vista que o Switch (diferentemente de seus consoles concorrentes) não possui um sistema de conquistas integrado (o que é uma pena, diga-se). Para além, isso poderia ser uma justificativa mais plausível para incentivar os jogadores a usufruir do modo “time trial”, que recompensa o usuário com medalhas de bronze, prata, ouro e platina, de acordo com seu desempenho em cada fase. Talvez desbloquear novos conteúdos fosse outro motivo para estimular a caça de medalhas neste modo.
Pela primeira vez na história canônica da franquia, Funky Kong será um personagem jogável
Não obstante, a versão de Tropical Freeze para o Switch poderia ter adicionado novos níveis ao jogo, a exemplo do que foi feito no port de Nintendo 3DS de Donkey Kong Returns.

Fato é que, se você não jogou esta pérola no Wii U, é provável que assim que for lançado, Tropical Freeze seja uma compra obrigatória para o seu Switch. Agora, se você já desbravou cada detalhe da obra com seu gamepad, talvez não seja o momento ideal para se criar expectativa, a não ser que a Nintendo venha a surpreender com um ou outro anúncio de adição ao conteúdo do game que seja mais relevante que apenas a presença de um novo personagem e melhorias gráficas obrigatórias. Ah, claro, graças aos controles destacáveis do híbrido da Nintendo, considere que Tropical Freeze já virá prontinho para o multiplayer local, para você jogar com um amigo ou parente.
Graças aos dois Joy-Con que acompanham o Switch, jogar no multiplayer local vai ser uma bananada
De todo modo, a expectativa em assistir a chegada dessa macacada carismática ao Switch é uma ótima terapia para todo aquele nintendista que está apreciando o grande momento que vive a Nintendo, e também uma nova forma de fazer justiça com a baixa visibilidade que teve esta grande pérola da Retro Studios durante sua estadia no Wii U. Agora, se valerá ou não 60 dólares, é você quem irá decidir!
Donkey Kong Country: Tropical Freeze - Switch
Desenvolvimento: Retro Studios
Gênero: Aventura/Plataforma
Lançamento: 04 de maio de 2018
Expectativa: 3/5
Revisão: João Paulo Benevides

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Jornalista e ator nas horas vagas. Adoro animes e mangás, assim como leituras poéticas. Gamer desde sempre, com preferência pela Nintendo.
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