Análise: Fast RMX (Switch) - Com grande velocidade vem grande responsabilidade

Veículos antigravidade, ambientes incríveis, mecânicas baseadas em trocas de cores e supervelocidade.

em 02/05/2018


Conhecido por muitos como sucessor espiritual de F-Zero, Fast RMX traz corridas alucinantes em belíssimos ambientes futuristas, se tornando a versão definitiva de seu antecessor Fast Racing Neo, lançado para Wii U.


A desenvolvedora Shin’en é uma empresa que parece gostar de trabalhar com consoles da Nintendo, tendo lançado seu primeiro jogo para o Game Boy Color em 2001. Depois disso, ela continuou trabalhando com os portáteis da Big N. Já nos consoles caseiros, atuou com o Wii, Wii U, e agora com o Switch. A proposta de Fast RMX começou então no Nintendo Wii, com o game FAST – Racing League. O jogo já apresentava as mecânicas aqui presentes e que foram lapidadas em seu sucessor para Wii U: Fast Racing Neo.


Wooow. Nice Graphics!

Fast RMX foi disponibilizado no dia 03 de março de 2017, como jogo de lançamento do Switch. Contando com atualizações gráficas e mais conteúdo, que inclui novos carros e pistas. Falando em gráficos, é impressionante como um título de lançamento de um console com uma nova proposta conseguiu sair tão bem otimizado.

O jogo envolve o jogador com gráficos impressionantes, tudo rodando lisinho, a 60 fps. O sistema de iluminação é muito mais polido, modelos e texturas também não deixam nada a desejar para um game do gênero. Os serrilhados estão menos aparentes que em sua versão anterior, foi um cuidado que a desenvolvedora teve e realmente obteve sucesso, apesar de ainda ser possível de vê-los através de um olhar mais atento.



Um outro ponto negativo são as animações quando o veículo sai da pista ou bate em algo. Visualmente, o resultado não empolga, mas, não necessariamente, chega a atrapalhar a experiência. Voltando ao lado positivo, o game apresenta cenários bem detalhados, e uma diversidade interessante de ambientes.

Em Fast RMX você pode correr por plataformas em meio a rochas flutuantes, pistas no espaço, enormes cidades futuristas, desertos, ambientes com vegetação tropical, plataformas em cima de lava incandescente e ambientes frios como a Antártida, só para citar alguns. Durante as corridas, há efeitos climáticos em algumas pistas que enchem os olhos, como chuvas fortes, com o efeito de gotas d’água escorrendo na tela, neve, além de provas durante o dia e durante a noite. Tudo isso rodando a 1080p em modo docked e em 720p no portátil, com gameplay frenético, empolgante e difícil.


Fácil de jogar, difícil de dominar 

Difícil? Sim, o game é daquele tipo que você consegue se divertir muito jogando casualmente, mas vencer as copas nos níveis mais elevados exige um pouco de dedicação. Veja bem, são três níveis de dificuldade e a cada um deles a velocidade dos veículos aumenta. Consequentemente, você precisa adequar seus reflexos e habilidade na condução.

Os adversários não dão trégua e não irão perdoar os seus erros. A IA usa os mesmos recursos que você e espere pela terceira volta para ver que eles não têm problemas em te deixar para trás ou te passar quando você já consegue ver a linha de chegada. As dicas são bater o veículo o mínimo possível nas laterais da pista e ficar atento até o final, buscando os melhores caminhos e usando e o boost sempre que possível.



Além disso, as pistas têm diversos obstáculos, como raios laser, lança-chamas, pedras, meteoritos, gelo, túneis com hélices e até mesmo robôs gigantes que parecem estar “bicando” o percurso. Há partes em que o caminho é dividido em plataformas e você dará saltos entre uma e outra. Para superar tal obstáculo, calcule bem a aterrissagem para não cair fora do trajeto.

Também há pistas sem muretas laterais em certas partes, exigindo uma precisão ainda maior nos controles. Parece o inferno falando assim, mas o level design é muito bem feito, há um bom espaçamento entre um obstáculo e outro e essas armadilhas ajudam a trazer emoção e diferenciar os circuitos presentes no jogo, tornando-os únicos.



Um ponto positivo em relação a versão do Wii U é que as copas apresentam uma progressão de dificuldade que me parece mais correta. A primeira pista do jogo no Switch é bem fácil, o que ajuda a se acostumar com os controles e mecânicas, essa dificuldade vai progredindo, sendo que as três últimas são as que têm as pistas mais difíceis. Claro que há uma prova ou outra perdida, que pode ser mais fácil ou difícil nas outras copas, mas a impressão passada é a de que o verdadeiro desafio ficou mesmo para a última copa e as outras duas que chegaram via DLC gratuita.

O game foi lançado em março, mas em setembro de 2017 recebeu uma atualização gratuita, adicionando duas copas (seis pistas novas).

O game funciona nos 3 modos do console — TV Mode, Tabletop mode e Handheld mode —, todos dão suporte para até quatro jogadores dividindo a tela (apesar de ser complicado tantas pessoas usando a telinha do Switch, é possível). O game também aceita todos os controles padrões: Joy-Con + grip, Joy-Con separados e Pro Controller.




Você move seu veículo com o analógico, mas usa os botões ZL e ZR para ajudar neste controle, fazendo desvios rápidos e conseguindo realizar curvas mais fechadas. O Botão R fica por conta do boost (o popular Nitro). Você consegue recarrega-lo coletando bolas de luz azuis e laranjas que estão espalhadas pela pista. Existe uma barra no canto inferior esquerdo da tela mostrando a quantidade de turbo disponível.

A mecânica mais marcante e interessante do game também funciona usando essas cores. Com o botão X você alterna as luzes do seu carro entre azul e laranja, e há diversas sessões no jogo onde estas tonalidades estão disponíveis, seja em faixas no chão, raios de luz verticais ou com setas próximo ao fim de plataformas. Para utilizar corretamente as marcações você deve estar com o carro na cor certa, passar sobre as faixas no chão da cor que seu veículo está para um impulso de velocidade ou em sessões de plataforma para conseguir saltar corretamente para o outro lado.

Também há lugares em que isso serve para se coletar as bolinhas que carregam o boost. Caso você passe com a cor errada, o prejuízo é certo. O botão A serve para acelerar o seu veículo. Jogando com o Joy-Con separado deitado, o boost funciona apertando o analógico.


Falando sobre conteúdo

O visual dos menus do Fast RMX também foi redesenhado, seguindo uma linha mais clean, combinando rosa e branco, e mostrando o primeiro veículo disponível no jogo na tela inicial. Todos os modos de jogo são divididos em três níveis de dificuldade, sendo eles: Subsonic, Supersonic e Hypersonic. As copas vão sendo liberadas de acordo com a progressão do jogador. Se você quiser tentar o 100%, o jogo tem um bom conteúdo. Para critério de comparação, eu tenho hoje 30 horas jogadas, fazendo 100% no modo principal e mais alguns desafios, além de partidas online. Você verá nos menus o seguinte conteúdo:

Championship: 12 copas, cada uma com três corridas, totalizando 36 circuitos. Aqui eu percebi uma mudança em relação a versão do Wii U, que possuía menos copas, e elas eram com quatro corridas cada. A soma de pontos das três provas determina o vencedor. São 10 corredores por copa. A progressão do jogo se dá de acordo com a sua colocação, tendo que ficar pelo menos em terceiro para liberar novas copas e veículos. Para chegar ao 100%, é necessário ficar em 1º lugar em todas as competições, isso não significa necessariamente o primeiro lugar em todas as corridas.

Multiplayer: Disponíveis os seguintes modos:
  • Splitscreen: dois a quatro jogadores em um mesmo Switch dividindo a tela. Neste modo dá pra escolher as opções de jogo, como se terá ou não corredores controlados pela CPU, nível de dificuldade (League), modo (copa, copa aleatória, circuito ou circuito aleatório), e o número de voltas que terão as corridas.
  • Online Communication: Jogue online com até mais sete pessoas (total oito com você). O online funciona parecido com o de Mario Kart 8 Deluxe, você escolhe uma pista entre as sugestões aleatórias do game e vai correndo para aumentar seus pontos. Infelizmente, o online do jogo não é muito populoso, você costuma ter sempre alguém para jogar, mas na minha experiência nunca encontrei mais de três adversários na mesma corrida. Costuma acontecer delay em algumas partidas, não todas.
  • Online Communication (Friends): Igual ao online normal, porém aqui o jogo busca apenas seus amigos do Switch que estejam online no game. Também funciona com oito players.
  • Local Communication: Também funciona igual o online, porém na sua rede local.


Hero Mode: Neste modo você corre em cada circuito do jogo com sua barra de boost funcionando também como escudo do veículo. O desafio é chegar em primeiro lugar no final da corrida sem explodir.

Time Attack: Popular em jogos de corrida, este é o modo que você corre contra um tempo pré-definido pelos desenvolvedores do game. Neste caso, não há o “carro fantasma” para acompanhá-lo.

Options: Nas opções do jogo é possível customizar os controles, mapeando cada botão, aumentar ou diminuir a intensidade do HD Rumble (sim, Fast faz uso dessa função do Switch) e habilitar ou desabilitar opção de controles de movimento (essa também). Ainda é possível alterar opções de interface e gráficos, além de controlar o volume da música e efeitos sonoros.

Credits: Opção para ver os créditos da equipe de desenvolvimento.


Vozes que roubam a cena

As músicas do jogo seguem uma linha eletrônica, que combina bastante com o visual futurista do game. A trilha sonora é composta por poucas faixas e nenhuma é tão marcante a ponto de você se lembrar delas com nostalgia daqui alguns anos. Porém, elas ajudam a compor o ambiente que você precisa para imergir em toda essa velocidade.

A música do menu principal já é um pouco mais "chiclete" e, provavelmente, você se lembrará dela mesmo após fechar o jogo. Alguns detalhes nos efeitos sonoros são legais se você reparar, como um trovão numa pista de chuva forte que está relampeando, ou dos drones que lhe dão a largada, mas, em sua maioria, são apenas normais. Eu particularmente não gosto do barulho das explosões e nem do fogo nas pistas que têm lança-chamas, mas são apenas alguns detalhes que não atrapalham a experiência do jogo. E com toda a velocidade, talvez o jogador com foco no trajeto nem repare.



Um dos destaques no jogo com certeza está em sua narração. É vibrante e extremamente animador você passar com boost fazendo seu adversário rodopiar e ouvir do narrador um “Totally awesome!” ou um “Legendary!”. Compensa a frustração de perder várias corridas até finalmente conseguir vencer.

Além disso, tem algumas sacadas que o narrador fala quando algumas provas são encerradas, e a melhor delas é o título dessa análise — “With great speed comes great responsability” —, uma referência direta a história do Homem-Aranha. Isso me deixou muito feliz quando estava jogando, mesmo perdendo veio uma frase engraçada que fez referência direta a um ícone da cultura pop que eu adoro.



Um universo não explorado, não que isso seja problema

Mas então, se você leu até aqui deve estar se perguntando por que diabos eu ainda não falei dos carros quando estou falando sobre um jogo de corrida. E o motivo é simples: eu gostaria de saber mais sobre eles. É, vou explicar melhor.

O jogo conta com 15 deles, chamados pelos produtores de veículos antigravidade. Cada um com seu design único, cores e decalques. Para melhor referência, eles lembram aqueles disponíveis em F-Zero e Wipeout. Eles também têm diferenças de status que justificam alguns jogadores preferirem uns aos outros. As informações disponíveis para escolhermos é o quão bons são em Aceleração, Velocidade Máxima e Boost.

Também constam dados de seu peso e jogando eu percebi que alguns são melhores para manobrar do que outros, mesmo sem essa informação no menu. E o legal é que o nome deles é mostrado como se fosse de uma equipe específica, com logotipo e tudo. E é aí que eu quero chegar...



O jogo é totalmente arcade, você inicia a copa, escolhe o seu carro e já está jogando. O que é um ponto positivo para os amantes do gênero. Acredite, o que vou dizer agora não é um problema do jogo. Ele ser simples é um dos seus pontos fortes, já que sua premissa é ser um game de corrida em alta velocidade. Mas, eu gostaria muito que o título tivesse uma história por trás, para saber melhor o que é esse mundo futurista e quem são esses seres pilotando esses carros.

Eu me lembro de um game que joguei na minha infância chamado POD, que era de corrida futurista, mas tinha uma história simples envolvendo um vírus consumindo o planeta e os corredores disputam a última vaga para fugir do mundo condenado. Nunca mais vou esquecer este game. Imaginando um pouco, alguns desses nomes de carros/equipes em Fast RMX aparentam ser nomes de empresas, que poderiam ou não ser construtoras ou patrocinadoras desses veículos.



Alguns exemplos são Willard Labs, Kamagori Clone Tech, e Mueller PLS — Alien Pet Exchange, que tem em sua logo uma criatura que lembra um molusco ou as criaturas de Galaga, ou até mesmo um Metroid.  Os cenários do jogo também favorecem a imaginação e eu adoraria saber mais sobre esse mundo. Por que eles estão correndo? Isso se passa em apenas um planeta? Ou seria um sistema solar ou uma galáxia? Corremos no espaço, em minas e em megalópoles futuristas em altíssima velocidade, então, seriam seres humanos evoluídos?

Infelizmente, o jogo não tem história, ficando para a imaginação de cada jogador essa questão. Espero que eles futuramente consigam lançar um novo game do tipo, eu adoraria ver uma história por trás.



Por fim, Fast RMX é uma ótima escolha para todos os fãs de jogos de corrida arcade, apresentando muita velocidade, corridas frenéticas em ambientes diversificados, controles precisos e muita diversão.

Prós:

  • Belos gráficos, rodando com fluidez;
  • Diversidade de ambientes e desafios;
  • Controles precisos e responsivos;
  • Velocidade frenética;
  • Multiplayer local para até quatro jogadores sem quedas de desempenho.

Contras:

  • Cutscenes genéricas de explosões;
  • Dificuldade pode afastar jogadores casuais;
  • Multiplayer online desabitado e com problemas de delay.
Fast RMX —  Switch — Nota: 8.0
Revisão: Vinícius Veloso
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator

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