Fractured Soul (3DS): É um game de plataforma hardcore e revolucionário

Revisitar Fractured Soul é entrar em um mundo de colapsos entre referências old school e novas mecânicas que alocam um simples game de plataforma em outro patamar.

em 30/04/2018


Nada mais gracioso que ver os games side scrolling sempre presentes na história dos jogos eletrônicos. Um gênero extremamente popular na era dos consoles clássicos de 8 e 16 bits que ainda está presente nas novas gerações de games, mostrando que uma boa ideia, quando bem aplicada, ainda vale mais que gráficos realistas, câmeras dinâmicas e frenéticas. Muitas empresas independentes atualmemente produzem jogos de plataforma que, a princípio, parecem simples, mas unidos a novos conceitos inseridos em suas jogabilidades e enredos, eles se mostram games complexos e viciantes. Esse é o caso de Fractured Soul (3DS).

Há um só corpo, mas dois espíritos

Lançado em 2012, Fractured Soul era uma ideia originalmente concebida para o Nintendo DS, todavia, o game foi movido para o 3DS e vendido apenas pela loja digital, eShop. Seu conceito utiliza muito bem de uma peculiaridade do hardware do Nintendo 3DS: suas duas telas. Trata-se de um side scrolling onde o jogo ocorre, simultaneamente, nas duas telas do console onde o jogador deve movimentar o personagem de uma tela para outra para conseguir passar pelos obstáculos e derrotar seus inimigos. Quando o protagonista é movido de uma tela para outra, apenas uma aura azul semitransparente permanece no ecrã de onde ele foi movido. Daí o nome do game: “Alma Fragmentada”, em tradução livre do autor.



Onde os fracos não têm vez


O game possui dificuldade elevada que atrai o público mais hardcore e exige absoluta concentração do jogador para superar seus desafios. Tudo é pensado para não dispersar a concentração e manter o jogador imerso durante os desafios. Sua trilha sonora é composta por músicas eletrônicas e sons robóticos sem frenesi, mas se mantém bastante presente em todo decorrer do jogo. Seus gráficos em 3D, apesar de simples, são limpos e bem contrastados, para que não haja poluição visual e confusão entre objetos. Apesar de difícil, ele se mostra justo, o que colabora para o alto replay, mesmo após diversas tentativas.



Fractured Soul tem seu início confuso, por se tratar de uma experiência absolutamente diferente de tudo que já presenciamos em side scrollings, mas o seu primeiro nível é um excelente tutorial que dá o tempo necessário para o cérebro do jogador se adaptar às constantes trocas de telas. Gradativamente se torna mais difícil e complexo de acordo com a progressão do jogador, levando a uma curva de aprendizagem ideal para que a alta dificuldade do jogo torne a experiência prazerosa ao invés de frustrante.

Estilo antigo, mas não antiquado


Outro ponto positivo é encontrado no level design. Cada estágio se mostra único, com diferentes obstáculos e características, que vão desde cenários aquáticos a diferenças gravitacionais entre as telas. Além disso, há momentos em que se torna um shoot’em up, onde o jogador controla uma nave com a câmera na horizontal, remetendo aos antigos games 8 bits do estilo, como Macross (NES). Tudo isso colabora para uma jogabilidade dinâmica que o afasta de experiências monótonas.



O game possui 25 estágios normais: 20 níveis side scrollings, 3 lutas contra chefes e 2 estágios de shoot’em ups, além de 6 estágios extras que podem ser desbloqueados quando o jogador atinge o ranking máximo de 5 estrelas em cada nível normal. Para conseguir o ranking máximo, o jogador deve coletar todos os cristais espalhados pelo estágio e bater o tempo mínimo do nível sem sofrer dano. Um prato cheio para os gamers hardcore que gostam de desafios.


Inovador, atual e digno de replay

Fractured Soul tem um grande potencial no que diz respeito ao fator replay e deve ser revisitado por aqueles que já tiveram contato. Sua estrutura, seu level design, sua trilha sonora, sua dificuldade e sua singularidade são apenas alguns fatores que fazem do game uma experiência única em um portátil, onde o conceito de "game casual" cai no momento em que o jogador percebe que já está há horas se desafiando.

Reúne mecânicas inovadoras e traz consigo uma jogabilidade no mínimo interessante para o 3DS, além de elevar a experiência de jogos de plataforma à patamares antes só atingidos por clássicos absolutos. Trata-se de um daqueles jogos, que apesar de simples, são únicos e se recusam a envelhecer.
Para aqueles que nunca jogaram, vale a experiência de um conceito que ainda se mostra inovador no mercado de games. O jogo ocupa 2981 blocos (cerca de 372MB) no armazenamento do Nintendo 3DS.
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Professor de História e Historiador
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