Análise: Yooka-Laylee (Switch) é uma homenagem aos clássicos de plataforma 3D

Desenvolvido por ex-membros da velha Rareware, título é repleto de referências e mantém o espírito dos clássicos do gênero da era Nintendo 64.

em 08/01/2018


Quando ganhei meu Nintendo 64 na infância, gostava de explorar cada cantinho dos mundos abertos e fantasiosos dos games poligonais que jogava. Queria encontrar a forma de alcançar aquela estrela em um dos quadros de Super Mario 64 e descobrir o local da última nota musical que faltava de Banjo-Kazooie. Passava várias tardes com meus irmãos tentando desvendar os mistérios e tínhamos aquele sentimento de vitória quando, enfim, conquistávamos nosso objetivo.

Tenho que confessar que Yooka-Laylee chamou minha atenção desde quando ainda era conhecido apenas como Project Ukulele, um sucessor espiritual de Banjo-Kazooie pelas mãos dos membros da velha Rare. Como um amante dos clássicos desenvolvidos pela ex-subsidiária da Big N, criei expectativas pelo título. Demorou um pouco para poder jogá-lo em um console da Nintendo, é verdade, mas a espera valeu a pena. Yooka-Laylee é um clássico moderno de plataforma 3D.



O camaleão e a morcega

Yooka, o camaleão verde, e Laylee, a morcega lilás, encontram os restos de um navio naufragado e decidem arrumá-lo para transformá-lo em um novo lar. A dupla encontra um livro com folhas douradas, mas ele é sugado pela fábrica Hivory Tower, pertencente ao vilão Capital B, e várias páginas se espalham pelo mundo. A dupla decide então restaurar o livro.

Se você jogou Banjo-Kazooie alguma vez, ficará familiarizado com Yooka-Laylee. Controlando a dupla, é preciso explorar diferentes mundos e ajudar vários personagens carismáticos para ganhar as douradas Pagies como recompensa. Assim como os saudosos jogos de plataforma tridimensionais dos anos 1990, o jogador precisa dominar os movimentos de Yooka e Laylee para explorar ao máximo os segredos dessas áreas. Movimentos essenciais são ensinados por Trowzer, uma cobra que veste uma bermuda e se interessa em negócios. Alguns deles são gratuitos, mas outros mediante pagamento de Quills, uma espécie de pena que é um dos colecionáveis do jogo. Desse modo, o jogador nunca consegue explorar o mundo todo na primeira visita, pois certas áreas exigem movimentos específicos e que só são obtidos conforme se avança no game.


Enquanto Yooka pode rolar, ficar invisível temporariamente e utilizar sua língua como um gancho e para comer frutas, cuspindo fogo, gelo ou ficando brilhante, Laylee tem um golpe sonar e pode ajudar o parceiro a planar e voar por um curto período de tempo. Os movimentos são realizados ao pressionar botões em sequência e exigem o domínio pelo jogador. O game não dá indicações do que fazer, o que é ótimo, cabendo a quem está no controle imaginar as possibilidades, principalmente nas batalhas contra os chefes.

Yooka-Laylee possui apenas cinco mundos temáticos. Pode parecer pouco, mas eles são grandes e repletos de segredos. Coletando determinada quantidade de Pagies, é possível expandir cada mundo, acessando novas áreas e desafios. Certamente a maior ausência é o mapa da área, principalmente no terceiro mundo (Moodymaze Marsh), então ficar perdido ou não lembrar onde viu determinado personagem será algo que provavelmente acontecerá com você. O que surpreende é a variedade de coisas para fazer: disputar corridas, passar por argolas, ativar plataformas invisíveis, encontrar chapéus de bonecos de neve e até coletar cristais em trilha de carrinho de mina. É impossível não lembrar de Donkey Kong Country (SNES) nesses momentos.


Para quem gosta de colecionáveis, Yooka-Laylee é um prato cheio. Além de Pagies e Quills, cada mundo possui ainda fantasmas para serem capturados (exigindo táticas diferentes para pegá-los), expansores de vida e de barra de energia, Mollycool e Play Coin. Até mesmo a Hivory Towers, que funciona como um hub para acessar os mundos do título, tem seus segredos e colecionáveis espalhados.

A trilha sonora é simplesmente fantástica. Com composições de Grant Kirkhope e David Wise, as músicas grudam nos ouvidos ao trazer uma pegada leve e alegre, e você estará assobiando-as em pouco tempo. Até mesmo os grunhidos emitidos pelos personagens durante os diálogos são engraçados. E por falar neles, você dará boas risadas com as conversas, repletas de referências e indiretas aos jogos do passado. Os diálogos de Laylee são o destaque, pois a morceguinha é impaciente e sem papas na língua.


Fazendo bonito no Switch

O trabalho da Playtonic Games no Nintendo Switch merece elogios e justifica a demora no lançamento. Yooka-Laylee manteve todo o seu colorido e brilho no console híbrido, principalmente no modo portátil. É verdade que a resolução diminui fora do Dock, mas o game se mantém estável e fluido. A diferença visual entre os modos é ínfima e taxa de quadros se mantém constante.

Apesar da versão do Switch já possuir as melhorias e correções incluídas em atualizações nas outras plataformas, a câmera ainda se mantém problemática em algumas situações. É possível deixá-la automática ou controlá-la manualmente. Enquanto na primeira opção a câmera muda de ângulo em momentos nada oportunos, como em saltos ou durante a rolagem, prejudicando o jogador a ponto de ter que recomeçar toda a ação, a segunda opção exige domínio para controlá-la simultaneamente com os movimentos de Yooka e Laylee. De um modo ou outro, a câmera não é perfeita e você precisará se adaptar a um dos estilos. A possibilidade de pular cutscenes e diálogos também estão presentes, mas vale a pena assisti-los.
Em cada mundo, Yooka e Laylee ganham uma transformação diferente e inusitada
Mesmo com a possibilidade de jogar os minigames com os amigos ao compartilhar um Joy-Con, o HD Rumble foi implementado em um recurso bastante curioso. O jogador pode ativar um tônico para ajudar a encontrar colecionáveis nos mundos. Conforme ele vai se aproximando do local do item, o controle começa a vibrar com mais intensidade, sendo de grande ajuda quando você perdeu um Quill ou Pagie e não sabe onde encontrá-lo.

Yooka-Laylee é mais uma prova do retorno dos jogos de plataforma 3D. Não são Banjo-Kazooie e Rare no nome, mas jogá-lo em um console Nintendo é como viajar duas décadas no passado e sentir a mesma diversão dos games do gênero na era Nintendo 64. Os velhos tempos não voltam, mas Yooka-Laylee mostra que as experiências sempre podem retornar renovadas.
Rextro Sixtyfourus (pegou a referência?) é um alegre dinossauro poligonal
responsável pelas máquinas de arcade com diferentes minigames

Prós

  • Taxa de quadros consistente tanto no Dock quanto no modo portátil;
  • Trilha sonora viciante;
  • Variedade de objetivos para obter Pagies;
  • Carisma dos protagonistas e NPCs.

Contras

  • A câmera prejudica a ação em diversos momentos;
  • Ausência de mapa das áreas dos mundos.

Yooka-Laylee — Switch/PC/PlayStation 4/Xbox One — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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