#Kirby25th: conheça Nightmare, o verdadeiro pesadelo de Dream Land

A hora do pesadelo chega até mesmo para os habitantes da terra dos sonhos.

em 22/04/2017



Diferentemente da grande maioria, meu primeiro contato com Kirby não se deu através dos jogos da série. Foi com o anime Kirby Right Back at Ya! lá em meados de 2002 que enfim conheci a nossa tão amada bolotinha rosa. E foi lá em Pop Star, planeta que nosso herói passou a residir após cair de sua nave espacial, que tive meu primeiro contato indireto com Nightmare, o verdadeiro pesadelo de Dream Land. Um vilão pouco conhecido pelos admiradores menos assíduos de Kirby, seja por ser ofuscado pelas traquinagens e estrelismo do pinguim monarca Dedede ou por apenas ter tido breves passagens nos jogos, mas que deixou sua marca e merece seu destaque na comemoração de 25 anos da franquia.

Esse texto contém spoilers sobre a trama principal de Kirby’s Adventure e demais jogos da série que envolvem a aparição de Nightmare. Seria inviável discutir questões que envolvem o vilão sem mencioná-las. Portanto, leia por sua conta e risco!

A chegada do pesadelo

Kirby’s Adventure (NES) foi o primeiro jogo de Kirby para um console de mesa lançado em 1993 e não foram poucas as inovações trazidas para a franquia: a cor rosa do nosso herói (antes branco); o poder de ganhar habilidades ao absorver os inimigos (24 no total); a introdução de um anti-herói (o misterioso Meta Knight) e, claro, o surgimento do vilão em questão acompanhado do primeiro plot twist (o fator surpresa) da série.

Ao final da trama, descobrimos que Nightmare é o real responsável por corromper a Fonte dos Sonhos de Dream Land. Na tentativa de impedir a propagação de seus pesadelos, Rei Dedede quebra a Star Rod, varinha que concede poder a Fonte dos Sonhos, espalhando-a pelo reino em diversos pedaços, o que impossibilitou os habitantes de terem qualquer espécie de sonho agradável. O único porém é que Kirby só descobre a boa intenção do Rei Dedede ao reunir os pedaços da Star Rod e, consequentemente, despertar Nightmare.


A sua primeira forma é a de uma esfera azul cintilante com estrelas prateadas em volta. Essa parece ser a maneira que Nightmare encontrou para conservar a si mesmo e seus poderes. Ao perseguirmos e derrotarmos o grande globo cintilante em posse da Star Rod, Nightmare revela sua verdadeira forma que é a de um mago que carrega um par de ombreiras, chifres nas laterais da sua cabeça e uma longa capa que, quando aberta, expõe a real essência do vilão: uma vasta imensidão de pura trevas. O confronto decisivo de Dream Land, então, começa, dando início a uma das batalhas finais mais épicas do gênero plataforma.

Seja pela agilidade, fluidez e estratégia ou por sua música marcante, as mecânicas da luta final contra Nightmare se mostram além de seu tempo. Aliás, Kirby’s Adventure é um jogo além do seu tempo. Fazendo uso de apenas 6-bit, o game proporciona uma experiência como nenhum outro da sua geração devido a sua trama, visual, cenários e mini-games que não ficam muito atrás de jogos da era SNES. 




Praticamente tudo que se entende sobre Kirby hoje nasceu com Kirby’s Adventure. O jogo tirou o máximo da potencialidade do NES nos anos finais do console quando quase nenhuma desenvolvedora investia mais nele e se destacou em meio a sucessos de SNES como Megaman X, encerrando toda uma era com chave de ouro. Tamanho sucesso e importância não poderia passar em branco sem um merecido remake, o que garantiu o retorno do mago Nightmare em uma nova geração, desta vez para o portátil que foi o primeiro lar de Kirby.

O retorno do pesadelo

Nightmare retorna para assolar Dream Land dez anos depois em Kirby: Nightmare in Dream Land (GBA), completamente repaginado e mais estiloso em 32-bit. Agora o vilão possui o dobro de ombreiras e carrega um colar com uma pedra vermelha em volta delas, além de ter seu rosto, chifres e braços maiores e mais detalhados. A arte aqui já é bem mais próxima da encontrada no anime, que inclusive foi lançado no mesmo ano.

Além do aperfeiçoado Nightmare, tivemos a inclusão do 4-player mode no remake, no qual até quatro jogadores poderiam jogar no modo cooperativo, cada um com seu GBA. Todos os mini-games do primeiro jogo foram substituídos por novos e algumas habilidades do Kirby foram melhoradas, seja no design ou na mecânica. Um modo extra que trazia Meta Knight como personagem jogável durante toda trama principal também era disponibilizado ao finalizar o jogo, podendo, inclusive, enfrentar Nightmare com o misterioso cavaleiro.


Isso é basicamente o que sabemos sobre o vilão em questão nos jogos de Kirby. Nada é dito ou revelado além do seu objetivo e de sua aparência. Sakurai e sua equipe pareceram não se importar muito com o aprofundamento do vilão e deixou a questão a cargo da equipe de Kirby Right Back at Ya! que trouxe uma teoria interessante não só em torno do passado de Nightmare, como também da origem do Kirby e Meta Knight.

Nightmare Enterprises 

Esse é o nome da empresa por trás da produção em massa dos monstros fornecidos ao Rei Dedede para atacar o planeta Pop Star no anime, mais especificamente os habitantes do vilarejo de Cappy Town. E quem comanda essa empresa é o próprio Nightmare (como o próprio nome sugere) mas dessa vez sob a alcunha de eNeMaE. Ainda assim, foram raras as aparições do vilão durante os 100 episódios da animação, visto que a comunicação entre o Rei Dedede e a Nightmare Enterprises era mediada por um de seus capangas.



Diferentemente dos jogos, o objetivo não era simplesmente corromper a Fonte dos Sonhos, mas sim produzir e comercializar monstros em massa para dominar o universo com uma horda deles. Contudo, alguns desses monstros por vezes eram purificados ou simplesmente resistiam ao poder de controle de mentes de eNeMaE e é a partir desse contexto que surge a forte teoria de que Kirby e Meta Knight seriam exemplos desses casos.

Os dois teriam sido “falhas” criadas pela Nightmare Enterprises e, tomando conhecimento de seus planos malignos, ambos decidiram se unir a outros monstros a fim de se rebelarem contra seu fundador, formando assim a aliança dos Guerreiros Estelares. Durante essa guerra, no entanto, apenas Meta Knight teria sobrevivido a tempo de colocar Kirby na sua nave especial e fugir para Dream Land, local onde virou servo do Rei Dedede.



A nave de Kirby estaria programada a aterrissar em Dream Land anos luz depois, mas devido ao iminente perigo, acaba caindo em Pop Star cerca de 200 anos antes do esperado e esse seria o motivo pelo qual Kirby não consegue falar e compreende muito pouco do mundo e de si mesmo.

Claro que nada disso é comprovado e não passa de uma teoria baseada nas próprias falas do Meta Knight e em outros eventos do anime, mas não deixa de ser uma explicação plausível, principalmente se considerarmos que a própria HAL Laboratory, desenvolvedora dos jogos, esteve envolvida com a produção da série animada.

O próprio crescimento e amadurecimento de Kirby durante a trama até a batalha final parece ser uma resposta a isso, visto que, assim como nos jogos, o único capaz de derrotar Nightmare é a bolotinha rosa em posse de sua Star Rod. Evidentemente, há inúmeras controvérsias, mas tratando-se do vilão em questão esse possível prólogo da franquia merece o destaque.

Assolando mais sonhos por aí

Após o seu retorno em Kirby: Nightmare in Dream Land e do seu antagonismo na série animada, a aparição do vilão se restringiu apenas a algumas participações especiais nos demais jogos da série. Em Kirby’s Avalanche (SNES), por exemplo, é possível visualizar a forma de esfera do vilão durante a fase da Fonte dos Sonhos. Já em Kirby: Canvas Curse (DS), jogo que faz um uso estupendo das duas telas do console, o vilão surge como um dos quadros a serem pintados no mini-game Paint Panic.

Nightmare ainda surge como o boss final de Strato Patrol EOS, mini-game de Kirby Mass Attack (DS). A batalha final épica contra o vilão também recebeu uma homenagem recente em NES Remix 2 (Wii U), aparecendo como um dos vários desafios reciclados e repaginados pelo jogo.

Por fim, Super Smash Bros. for Wii U e 3DS trouxeram Nightmare como um Assist Trophy. As suas duas formas surgiam durante a luta nesse modo, trazendo uma escuridão completa para a arena.

Por mais breves e rápidas que tenham sido suas participações, elas comprovam que Nightmare sem dúvidas deixou seu legado. O vilão teve (e ainda tem) uma importância sem igual para a franquia como um todo. Resta saber se haverá uma próxima vez, quem sabe em algum especial nesses 25 anos de comemoração ou, sonhando um pouco mais alto, em um novo papel antagônico de mais relevância em jogos futuros.

E você, leitor? Sabe algum outro fato, aparição ou curiosidade sobre Nightmare que não mencionamos? Não deixe de compartilhar conosco nos comentários.

Revisão: Ana Krishna Peixoto

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