Falar de jogos antigos traz sempre oportunidades bem interessantes. A primeira é entrar em contato com algo que faz parte da história da mídia, gastar um tempo imaginando como deve ter sido a recepção quando você não a viveu ou retraçando as memórias dispersas de algo que presenciamos há muito tempo. Daí que entra a nostalgia, já que é mais fácil para a memória selecionar e resgatar sentimentos, e tanto melhor se forem positivos. Dificilmente eu lembro bem de um jogo medíocre que joguei há muitos anos, e mesmo entre ruins e péssimos, bons e excelentes, tenho a tendência de recordar o que marcou positivamente.
Falar de jogos antigos traz a chance de falar do passado pensando no presente. Tanto em um nível pessoal (o que eu fazia na época? Como me senti? Que memórias consigo criar novos sentidos hoje?) quanto do ponto de vista da mídia (o que esse jogo de tantos anos tem a nos dizer hoje?).
Pois bem, eu não havia nascido ainda quando o arcade de Donkey Kong foi lançado em 1981. Mesmo em seu lançamento para NES, 1983, eu ainda chegaria poucos anos depois ao mundo. Donkey Kong, ao lado de outras máquinas como Pac-Man, foram essenciais para uma era dos fliperamas e arcades em determinados locais do mundo. E um jogo pensado para curtas sessões (e que quer fazer você gastar com fichas) tem suas particularidades.
Donkey Kong ladrão, ladrãozinho! |
No caso de DK precisamos desviar dos obstáculos através de um dos quatro tipos de cenários-base para chegar na nossa princesa (que não é a Peach) que foi raptada pelo Donkey Kong (ou não, existem teorias que mostram que o Mario é o vilão da antiga série DK). Correr, subir escadas, pegar itens para aumentar a pontuação e, sobretudo, pular.
Os cenários variam levemente, mas o uso de diferentes obstáculos e a distinção de cores é o suficiente para que pareçam, e joguem, como lugares não iguais.
A coisa é tão centrada no pulo que o nome do protagonista é Mario "Jumpman" Mario, como vocês provavelmente sabem. É interessante pensar também como a forma pela qual controlamos o baixinho já é bastante germinal da série que viríamos a amar a partir de Super Mario Bros. (1985). Aqui é essencial saber o momento de esperar, de aproveitar o movimento para continuar e, principalmente, quando pular.
E são ações, ou escolhas, que continuam sendo importantes até hoje na série Mario, mesmo com as abismais diferenças nesses 30 anos de jogos, a base de tudo é que o Mario pula e se movimenta de forma fluída pelos cenários.
Não pude aproveitar ou presenciar o sucesso de Donkey Kong em fliperamas na época, e confesso que só fui jogar muito recentemente, até pelo motivo de que meu irmão não tinha esse jogo no seu antigo nintendinho. Resta gastar um tempo pensando no que fez esse jogo tão interessante, e o que ele conversa diretamente com a indústria de jogos em 2016.
É só nostalgia? É uma forma de olhar, não a única e também não uma excludente. DK traz um loop de ação mecanicamente simples, mas que conquista pelo visual e pela vontade de conseguir a melhor pontuação. Traz, também, parte do início da principal série de jogos do mundo.
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Amanhã falaremos de Pac-Man em mais um breve texto. Esperemos que vocês gostem de passear por esses 30 clássicos com a gente ao longo do mês!