Análise: Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle (3DS) exercita o raciocínio lógico

Retire todas as pedras do caminho de Usagimaru nessa desafiante mistura de puzzle e plataforma.

em 06/10/2016


Uma das grandes vantagens dos portáteis é a possibilidade de experimentar variados títulos em qualquer lugar. Em situações tediosas, como nas salas de espera ou dentro do ônibus, basta sacar o console da mochila que a diversão é garantida. Nesses momentos, o ideal é que o game permita seções de jogo curtas, já que seria impossível explorar todo um Zelda ou Pokémon nos minutos aguardando o médico atender ou preso no trânsito. Uma opção interessante de passatempo para essas ocasiões é Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle, exclusivo para 3DS.


Desenvolvido pelo estúdio F K Digital e publicado pela Aksys Games, o título é um puzzle com elementos de plataforma que coloca o cérebro dos jogadores para funcionar em nível extremo. A missão do habilidoso ninja Usagimaru é explorar as 60 fases e, em cada uma delas, libertar os aldeões raptados. A mecânica do jogo é, basicamente, analisar os cenários estáticos e estudar a melhor maneira de movimentar as pedras para chegar aos prisioneiros. Após libertá-los, é preciso levá-los ao ponto de segurança no mapa.

Existem cinco fases tutoriais que ensinam todos os movimentos antes de a jornada de fato iniciar. Porém, quando o jogo realmente começa, a dificuldade é bastante elevada. Minha experiência com esse tipo de game mostra que é comum que os primeiros quebra-cabeças sejam mais simples e vão se tornando complicados conforme o avanço do jogador. O normal é que a introdução de novos elementos aconteça aos poucos, em um ritmo que as mecânicas sejam ensinadas um passo de cada vez. The Mysterious Karakuri Castle usa a fumaça ninja para sumir com todo esse conceito e exige desde os primeiros momentos que o jogador exercite seu raciocínio lógico.



O tempo médio que demorei para concluir cada fase variou entre 15 e 20 minutos. Isso pode ser considerado bastante, pois quando já se sabe o caminho para resolver o quebra-cabeça é possível finalizá-lo em menos de um minuto. Além da dificuldade, os puzzles têm uma sequência correta para serem solucionados e qualquer movimento equivocado obriga Usagimaru a voltar e recomeçar a fase. Ficar empacado em alguma parte, o que é bastante comum, pode ser uma experiência bem frustrante e desmotivar alguns jogadores a continuar. Quando isso acontecia comigo, eu desligava o 3DS e ia ventilar a cabeça. Depois, ao voltar para o jogo e analisar o desafio, conseguia encontrar o caminho mais facilmente e pensava: “Como não havia percebido isso antes?”.

Arsenal ninja

Usagimaru tem a sua disposição uma interessante quantidade de equipamentos que o auxiliam na aventura. Para destruir alguns blocos no caminho, ele usa as kunais. Puxar pedras que estão em locais inacessíveis é possível com o gancho. Em labirintos com correntes de ar, o ninja consegue voar usando uma espécie de asa delta. Há ainda o cata-vento que é fixado no chão e funciona como um checkpoint, fazendo com que o jogador salve seu progresso dentro de cada fase e não precise recomeçar em caso de erros. Todo esse material funciona para criar maneiras diferentes de se jogar e faz com que os quebra-cabeças não fiquem repetitivos.
O arsenal de Usagimaru


Às  vezes, os controles demoram um pouco para responder e são meio engessados. Tive que reiniciar determinadas fases mais de uma vez por errar saltos teoricamente simples, mas que se tornam complicados pela mecânica travada. A inteligência artificial dos aldeões, depois que estão livres, também acaba atrapalhando o progresso, pois se eles ficam muito para trás acabam se assustando e param de andar. Cabe ao ninja voltar para buscá-los.

Arte oriental

Tanto os cenários quanto as músicas de The Mysterious Karakuri Castle são totalmente inspirados na arte japonesa. As 60 fases são distribuídas em seis mundos temáticos, por exemplo, as dez primeiras acontecem na floresta e as dez seguintes ocorrem no gelado topo das montanhas. Cada mundo tem um fundo de tela estático, que costuma ser uma bela pintura a óleo, e sua própria trilha sonora, que consiste em músicas com cerca de 40 segundos de duração sendo executadas em looping.

Essa repetição de cenário e música não é enjoativa e colabora para imersão do jogador na aventura. Afinal, é praticamente impossível terminar qualquer fase logo na primeira tentativa e a palavra repetição estará sempre presente no jogo, seja recomeçando os quebra-cabeças, ouvindo o mesmo som ou vendo repetidas vezes uma única obra de arte. Insistir no puzzle, tentar a solução de diferentes maneiras e encontrar a saída acaba sendo a grande mensagem que os produtores transmitem com The Mysterious Karakuri Castle.



O jogo não recebe nota 10 para sua direção de arte por não aproveitar de nenhuma maneira o recurso de 3D do portátil da Nintendo. Já as duas telas são usadas de forma pouco útil, enquanto em uma delas acontece toda a ação, na outra fica uma imagem de Usagimaru dando dicas de como solucionar os quebra-cabeças. Entretanto, os conselhos do ninja vêm como provérbios e não colaboram muito na maioria das vezes.

Mais passatempo, menos diversão

O game, apesar de difícil, não é complexo e pode ser considerado um bom passatempo, como jogos de palavras cruzadas ou sudoku. Como esses exemplos, ele é melhor aproveitado em momentos de tédio, em que não existem outras opções. Já para quem procura algo para passar uma tarde inteira jogando no portátil, não recomendaria Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle.

Prós

  • Belos cenários e músicas;
  • Excelente nível de desafio;
  • Variedade de mecânicas de jogo com a existência de diferentes equipamentos.

Contras

  • Controles um pouco travados;
  • Necessidade de repetições constante pode afastar alguns jogadores;
  • Não aproveita o 3D do portátil.
Ninja Usagimaru - The Mysterious Karakuri Castle — 3DS — Nota: 6.5
Revisão: Luigi Santana

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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