Além de ser uma análise do mais recente lançamento da série, este texto também serve como parte da retrospectiva de jogos do nosso especial #Metroid30. Ainda esta semana, encerraremos a série com o texto de Metroid Prime 3: Corruption, que infelizmente sofreu um atraso. Para relembrar os outros jogos da série, não deixe de conferir os textos publicados nas semanas passadas. Na próxima semana, encerraremos nossa série com textos sobre outros aspectos de Metroid, como sua música, seu legado e seus fãs.
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Não é segredo que, após seis anos sem um jogo "normal" da série e quase uma década desde o encerramento da trilogia Prime, Metroid Prime: Federation Force (3DS) não é exatamente o que os fãs de Metroid queriam. Imediatamente após seu anúncio, pessoas ficaram extremamente revoltadas. "Não é Metroid," disseram. "Queremos a Samus," gritaram. "A Nintendo morreu," choraram.
Por mais que eu seja uma das pessoas que mais querem novos capítulos na série, tanto em 2D quanto em 3D, tentei abordar Federation Force com um olhar menos negativo. OK, claramente seria um jogo muito diferente do que estamos acostumados e esse visual de personagens cabeçudos não combina muito bem com a série, mas isso não o impede de ser um bom jogo.
A maior preocupação que eu e outros tínhamos era que, em sua essência, Federation Force fosse um jogo genérico com Metroid apenas no título. Afinal, talvez a Nintendo simplesmente quisesse uma desculpa para lançar um shooter co-op (também conhecido como Gênero Genérico da Oitava Geração™) no 3DS. Contudo, foi com muita satisfação que, ao começar a jogá-lo, percebi que a genética de Metroid ia mais fundo que apenas o nome.
Não muito mais fundo, devo admitir, mas com certeza um pouco mais. Foram embora todos os aspectos metroidvania, como o mundo misterioso e coeso que, aos poucos, torna-se um playground para as habilidades de Samus. No entanto, ao ser colocado atrás do visor de um soldado da Federação Galáctica, as coisas não parecem tão diferentes. A perspectiva, os controles, a ambientação, os inimigos e a narrativa são claramente derivadas da trilogia Metroid Prime. A configuração padrão dos controles, para jogadores no 3DS original, é quase idêntica à dos jogos de GameCube. No New 3DS (ou para aqueles com Circle Pad Pro), há uma configuração mais próxima às de shooters tradicionais.
Sob a perspectiva de primeira pessoa, é fácil esquecer que seu personagem tem proporções tão engraçadas. Além disso, o jogo não é tão galhofa quanto eu inicialmente esperava. Não há momentos de alívio cômico bestas, nem uma ridicularização do que conhecemos como Metroid. Apesar de ser desenvolvido com o aspecto co-op em mente, o jogo oferece um MOD (modificador da armadura) chamado Lone Wolf para permitir uma experiência solitária funcional. Algumas missões funcionam até melhor dessa forma, enquanto outras praticamente exigem uma equipe completa para alcançar todos os objetivos opcionais.
A maior diferença em relação ao Metroid tradicional é a estrutura do jogo. Em vez de uma missão longa e isolada, Federation Force é dividido em missões que geralmente duram de 5 a 15 minutos. Por um lado, isso praticamente o obriga a se desfazer da coleção de power ups e de backtracking, mas, considerando que o jogo foi desenvolvido para ser portátil e co-op, isto torna-se simplesmente necessário. Estruturado dessa forma, pude jogá-lo no ônibus e nos minutos anteriores a uma aula da universidade. Na verdade, cada missão me lembrou, de certa forma, dungeons de Zelda, apresentando um gimmick, usando-o para resolver puzzles e geralmente um chefe no final. Isso geralmente funciona bem, mas há uma exceção em particular que foi genuinamente irritante.
Em quase todas as fases, há um objetivo específico e distinto. Pode ser capturar espécimes de criaturas locais, escoltar um veículo de transporte ou infiltrar uma base inimiga. Geralmente, esses objetivos se rendem a estratégias diferentes e que precisam ser trabalhadas pelos jogadores, e até mesmo o número deles pode alterar a forma de abordar um objetivo. A exceção foi uma fase na qual o objetivo era capturar drones que percorriam o mapa. Sempre que um membro da equipe estava próximo a entregar um drone à nossa nave, algum pirata invisível aparecia para incomodar e o tal drone saía voando de volta para ser caçado e capturado. Passei uns 25 minutos nessa fase com dois jogadores desconhecidos online e foi o único momento legitimamente frustrante da experiência toda.
Ao jogar online com amigos e desconhecidos, as missões curtas se mostraram ideais para se divertir sem ficar cansativo. A experiência online foi surpreendentemente agradável. Jogar com estranhos me lembrou The Legend of Zelda: Tri Force Heroes (3DS), por utilizar os recursos limitados de comunicação (aqui, frases como "good job!", "help" e "follow me", ao invés de emojis do Link) para tentar coordenar sua equipe. Jogando com amigos, pude me comunicar verbalmente por Skype, o que tornou as missões um pouco mais regulares, mas ainda bastante divertidas. A falta de comunicação por voz, totalmente esperada num jogo da Nintendo, de certa forma traz uma camada adicional ao jogo. Pessoas não são burras e, se tem uma coisa que aprendi com Journey (PS3/PS4), elas são capazes de se comunicar através de dicas sutis.
É claro que a Next Level Games tem um carinho pela série e fez o seu melhor para agradar àqueles fãs que abrirem seu coração para dar uma chance a Federation Force. O jogo pode não ser espetacular, muito menos é o Metroid Prime que queremos há quase dez anos, mas claramente é um jogo mais que competente e consegue fazer as coisas de seu jeito sem desmerecer o legado que o construiu. Não se trata de Metroid 5 nem Metroid Prime 4, mas Federation Force e AM2R (PC) conseguiram fazer este mês de agosto satisfazer razoavelmente minhas necessidades metroidísticas e, enfim, fizeram com que o aniversário da série não passasse completamente em branco.
Por mais que eu seja uma das pessoas que mais querem novos capítulos na série, tanto em 2D quanto em 3D, tentei abordar Federation Force com um olhar menos negativo. OK, claramente seria um jogo muito diferente do que estamos acostumados e esse visual de personagens cabeçudos não combina muito bem com a série, mas isso não o impede de ser um bom jogo.
A maior preocupação que eu e outros tínhamos era que, em sua essência, Federation Force fosse um jogo genérico com Metroid apenas no título. Afinal, talvez a Nintendo simplesmente quisesse uma desculpa para lançar um shooter co-op (também conhecido como Gênero Genérico da Oitava Geração™) no 3DS. Contudo, foi com muita satisfação que, ao começar a jogá-lo, percebi que a genética de Metroid ia mais fundo que apenas o nome.
Jogos de 3DS em geral ficam horríveis em screenshots, e este não é exceção. Ao vivo é muito mais agradável. |
Sob a perspectiva de primeira pessoa, é fácil esquecer que seu personagem tem proporções tão engraçadas. Além disso, o jogo não é tão galhofa quanto eu inicialmente esperava. Não há momentos de alívio cômico bestas, nem uma ridicularização do que conhecemos como Metroid. Apesar de ser desenvolvido com o aspecto co-op em mente, o jogo oferece um MOD (modificador da armadura) chamado Lone Wolf para permitir uma experiência solitária funcional. Algumas missões funcionam até melhor dessa forma, enquanto outras praticamente exigem uma equipe completa para alcançar todos os objetivos opcionais.
Usar a pintura da Samus como jogador 4 (visor verde) quase me fez me sentir como a lendária caçadora de recompensas. |
Em quase todas as fases, há um objetivo específico e distinto. Pode ser capturar espécimes de criaturas locais, escoltar um veículo de transporte ou infiltrar uma base inimiga. Geralmente, esses objetivos se rendem a estratégias diferentes e que precisam ser trabalhadas pelos jogadores, e até mesmo o número deles pode alterar a forma de abordar um objetivo. A exceção foi uma fase na qual o objetivo era capturar drones que percorriam o mapa. Sempre que um membro da equipe estava próximo a entregar um drone à nossa nave, algum pirata invisível aparecia para incomodar e o tal drone saía voando de volta para ser caçado e capturado. Passei uns 25 minutos nessa fase com dois jogadores desconhecidos online e foi o único momento legitimamente frustrante da experiência toda.
Blast Ball diverte com amigos, mas não passa de um extra pequeno |
É claro que a Next Level Games tem um carinho pela série e fez o seu melhor para agradar àqueles fãs que abrirem seu coração para dar uma chance a Federation Force. O jogo pode não ser espetacular, muito menos é o Metroid Prime que queremos há quase dez anos, mas claramente é um jogo mais que competente e consegue fazer as coisas de seu jeito sem desmerecer o legado que o construiu. Não se trata de Metroid 5 nem Metroid Prime 4, mas Federation Force e AM2R (PC) conseguiram fazer este mês de agosto satisfazer razoavelmente minhas necessidades metroidísticas e, enfim, fizeram com que o aniversário da série não passasse completamente em branco.
Prós
- Primeiro jogo do estilo no 3DS ou feito pela Nintendo;
- Apesar do visual chibi, a atmosfera remete à trilogia Prime;
- Aproveita bem as funcionalidades do New 3DS;
- Tanto Federation Force quanto o extra Blast Ball são ótimos passatempos para jogar com os amigos;
Contras
- Nem todas as missões funcionam igualmente bem solo ou co-op;
- Melhorias para o New 3DS deixam jogadores do sistema antigo em uma breve desvantagem;
- Não é o Metroid tradicional que gostaríamos.
Metroid Prime: Federation Force — 3DS — Nota: 8.0
Revisão: Jaime Ninice