Análise: Xenoblade Chronicles X (Wii U) é uma incrível aventura de proporções planetárias

Imensidão, liberdade e complexidade são alguns dos aspectos que fazem de X uma aventuram infinitamente divertida

em 13/01/2016
A Monolith Soft já havia provado seu potencial com RPGs de larga escala ao presentear o Wii (e mais recentemente o New 3DS) com Xenoblade Chronicles. No Wii U, porém, a desenvolvedora resolveu aumentar ainda mais a escala de seu mais novo título. O fruto disso é Xenoblade Chronicles X (Wii U), que se consagra como um dos mais vastos e ousados RPGs da atualidade. Apresentando ao jogador um mundo aberto de proporções colossais, o jogo estimula a livre exploração e realização de missões. Será essa aventura tão cativante quanto é enorme ou está fadada à repetição e a objetivos genéricos como em tantos outros jogos desse tipo?


Em busca de um lar

Em Xenoblade Chronicles X, a humanidade encontra-se em constante ameaça. Com a iminente destruição do planeta Terra, que estava no fogo cruzado de uma enorme batalha espacial entre duas raças alienígenas, não resta outra alternativa aos terráqueos senão abandonar seu planeta natal. Em uma desesperada missão de fuga, um grande número de seres humanos chega ao longínquo planeta Mira. Lá, fundam uma colônia, sediada na cidade de New Los Angeles. 

Agora, cabe a esse grupo de seres humanos lutar pela sobrevivência, o que envolve defender-se de criaturas nativas, explorar a fauna e flora do novo planeta, procurar por mais sobreviventes do ataque à Terra e encontrar respostas para toda a tragédia vivida pelos seres humanos. Para realizar todas essas funções (e muitas outras), é fundada a organização militar BLADE. É aí que entra você, jogador. Como o mais novo membro da BLADE, está em suas mãos a tarefa de garantir a sobrevivência da espécie humana nesse hostil planeta.
Nem o Quarteto Fantástico, a MIB e os Evas da NERV puderam salvar a Terra dessa ameaça alienígena
O enredo do jogo serve bem à sua proposta, uma vez que a versatilidade dos agentes da BLADE abre espaço para que o jogador possa desempenhar o papel que quiser. Mesmo havendo a necessidade de escolher uma especialização, isso não lhe impede de executar qualquer função. Ao mesmo tempo, há também muito mistério por trás de vários aspectos do enredo. Afinal, por que a Terra foi escolhida como palco de uma batalha espacial? Nesse sentido, a história de Xenoblade Chronicles X guarda algumas revelações bem interessantes.
Ainda assim, por mais enigmático e denso que seja o enredo principal do jogo, é possível aproveitar X por horas sem se aprofundar nele. Isso porque as Story Missions são apenas um dos vários tipos de missão disponíveis para o jogador. Basic, Normal, Affinity e Squad Missions exploram outros aspectos da mecânica de jogo, do planeta Mira e dos membros da BLADE. O resultado disso é um jogo que pode ser vivido de infinitas formas e durante infinitas horas de jogatina.

Ao ataque

Apesar da liberdade dada ao jogador, não há como negar que o aspecto mais crucial da mecânica de jogo são as batalhas. Derrotar criaturas nativas e sobreviver a ameaças alienígenas são a principal forma de progredir no jogo. Para realizar essa função, entra a mecânica de batalha de Xenoblade Chronicles X. Os confrontos ocorrem de maneira muito semelhante ao primeiro Xenoblade Chronicles, porém X os aprimora em vários aspectos e traz novidades muito bem vindas.

No geral, trata-se de uma mistura do aspecto tático e dividido em turnos das batalhas de RPGs orientais com a ação e liberdade de movimentação dos RPGs ocidentais. Enquanto desfere ataques automáticos de curta ou longa distância, o jogador deve acionar suas Arts, que são as habilidades especiais dos personagens, para derrotar os adversários. Há inúmeras Arts no jogo, e as peculiaridades de cada uma, quando bem utilizadas e encaixadas, podem resultar em combinações devastadoras.
As lutas misturam elementos de RPGs orientais e ocidentais
Até aqui, tudo ocorre da mesma maneira que no primeiro jogo, de forma que veteranos da franquia se sentirão bem familiarizados com a mecânica de batalha. X inova em relação a seu irmão mais velho por duas funcionalidades chave: Soul Voice e Overclock. Enquanto a primeira potencializa o trabalho em equipe e a sensação de estar, de fato, ajudando e sendo ajudado por seus companheiros, a segunda desafia a competência do jogador de equilibrar custos e benefícios.
Dessa forma, a mecânica de batalha sustenta, do início ao fim do jogo, a sensação de ser estar se superando e, é claro, executando combinações de Arts cada vez mais arrasadoras. Mesmo quando estiver resolvendo missões aparentemente chatas e repetitivas, os confrontos com inimigos não perdem o charme. Quando o esquema começa a cansar, o jogo periodicamente ensina-lhe novos elementos para a receita. As Skells, por sua vez, são o principal frescor novo do jogo.
Os incríveis mechas de Xenoblade Chronicles X, embora sejam um dos aspectos mais chamativos do game, só são liberados para o jogador após algumas missões da história principal. Ao entrar em uma dessas gigantescas máquinas, tudo ganha uma nova proporção. Os ambientes que antes pareciam enormes tornam-se minúsculos, inimigos anteriormente colossais passam a estar no mesmo páreo que o jogador. Com uma lista de Arts própria, as Skells aumentam ainda mais a riqueza da mecânica de batalha do jogo.
O uso de Skells abre outras possibilidades de batalha e locomoção

Muito o que fazer

Como já dito, há inúmeras tarefas para serem desempenhadas pelos membros da BLADE. E não estou falando apenas das centenas de missões disponíveis, mas de uma série de objetivos secundários que devem ser realizados. A instalação de Data Probes, o aprimoramento das armas e equipamentos, o resgate de tesouros pelo planeta Mira, a customização das Soul Voice, a catalogação da fauna e flora do planeta, o desenvolvimento dos relacionamentos entre os personagens... é difícil não encontrar algo para se entreter em Xenoblade Chronicles X.


Infelizmente, esse grande volume de atividades também é responsável por sobrecarregar a mecânica de jogo. Não que não seja positivo que um game explore diversos aspectos de sua mecânica ou que não caiba ao jogador descobrir como se inserir neles, mas o fato é que muitas informações negligenciadas ao jogador não podem ser acessadas através do jogo ou são muito complicadas para serem compreendidas sozinho.

A localização dos itens para as missões do tipo Gathering, como funciona o aperfeiçoamento de equipamentos e o acesso às Squad Missions são exemplos de como a falta de informações prejudica o aproveitamento desses recursos. As Squad Missions, por sua vez, permitem entrar em jogatinas multiplayer online, porém são facilmente esquecidas por muitos jogadores, uma vez que há pouquíssimas informações, dentro do jogo, sobre o seu funcionamento.
Não deixe de ler e ouvir as instruções dadas pelos personagens
Está perdido em Xenoblade Chronicles X? Confira algumas dicas que elaboramos para quem está se aventurando por Mira! Temos dicas básicas, tudo sobre o funcionamento de Data Probes e um guia de missões.

Bem vindo a Mira

O mesmo nível de excelência audiovisual empregado pela Monolith no primeiro Xenoblade Chronicles é marca registrada de X. Apesar de igualmente bela, a direção de arte de X é muito diferente da utilizada na aventura de Shulk. Aqui, a desenvolvedora utilizou um maior realismo nos gráficos, o que ajuda o jogador a sentir-se, de fato, como um humano em busca da sobrevivência da espécie. E esses gráficos deram vida a visuais fanst. Cada centímetro do planeta Mira é muito bem representado, e a variedade de inimigos, cenários, personagens e equipamentos é incrível.
A trilha sonora, por sua vez, também é genial, embora muito diferente da vista no primeiro game. Em X, as composições misturam estilos contemporâneos, como rock, jazz e música eletrônica. Além disso, há muitas faixas cantadas. Em vários momentos do jogo, as músicas conseguem causar uma incrível sensação de empolgação com as batalhas e com a exploração do planeta. Tudo isso só aumenta a expectativa pela direção artística dos próximos jogos da Monolith.

Um jogo denso

Poucos jogos conseguem alcançar a vastidão e liberdade oferecidas por Xenoblade Chronicles X. E menos jogos ainda conseguem oferecer um mundo gigantesco sem deixar que tudo se torne genérico e enfadonho. Seja pela atenção na construção cada missão (por menor
que ela seja), seja pela mecânica de batalha sempre divertida, seja pela história vivida de diversas maneiras, X consegue ser sempre interessante. 

Aventurar-se pelo planeta Mira pode parecer ameaçador à primeira vista, afinal, a quantidade de mecânicas de jogo envolvidas em X chega a ser assustadora. Ainda assim, o título é competente em ensinar-lhe como jogar, embora alguns aspectos tenham sido infelizmente negligenciados. Se topar esse desafio, terá em mãos uma jornada capaz de entretê-lo por horas, dias, semanas, meses e anos. De fato, nunca se chega ao fim de X, mas sempre se tem a sensação de estar cada vez mais fundo nele.

Prós

  • Vastidão e liberdade muito bem desenvolvidas;
  • Complexidade e profundidade das mecânicas de jogo;
  • Centenas de missões e tarefas para serem realizadas;
  • Mecânica de batalha divertida mantém o game sempre interessante;
  • Direção de arte impressiona com visuais e trilha sonora impecáveis;
  • Enredo denso traz revelações interessantes;
  • Profunda customização da aparência, equipamentos, classes, Skells e muito mais.

Contras

  • Algumas mecânicas de jogo mal explicadas prejudicam a jogatina;
  • Funcionalidade multiplayer é pouco acessível;
Xenoblade Chronicles X — Wii U — Nota: 9.0

Essa matéria foi possível graças a Big Boy Games, que gentilmente nos cedeu uma cópia de Xenoblade Chronicles X. Para adquiri-lo, visite a página do jogo na loja!





Revisão: Robson Júnior
Capa: Peterson Barros 
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