Análise: Never Alone (Wii U) é uma gélida aventura que vai aquecer seu coração

Título de eShop retrata a aventura de uma garota e sua raposa, ensinando a cultura do povo Iñupiat.

em 13/09/2015

Ao jogar, nós entramos em universos criados pelos desenvolvedores e acabamos nos encantando por personagens (não suportando alguns, é verdade) e enredos fabulosos. Never Alone (Kisima Innitchuna) possui uma história interessante e protagonistas marcantes, porém, com um toque diferenciado. O jogo é baseado na cultura do povo Iñupiat, nativos da região do Alasca.


Never Alone conta a história de Nuna, uma garotinha que vive com sua família em uma gélida região. Devido a uma forte e incessante nevasca, os habitantes do local ficaram impossibilitados de caçar e passaram fome. Nuna decide partir em uma jornada para descobrir o que está causando essa nevasca e salvar a sua aldeia.

“We need your help... Fox!”

Logo no início de Never Alone, Nuna se mete em uma enrascada e é perseguida por um faminto urso-polar. Mas a garotinha nunca está sozinha e é salva por uma raposa-do-ártico. A amizade e relação entre Nuna e o pequeno mamífero é o principal aspecto do jogo.

Cada personagem possui habilidades únicas essenciais para a progressão pelas congelantes fases. Nuna arremessa um pequeno item chamado boleadeira que serve para destruir paredes de gelo, galhos de árvores e atrair atenção de inimigos. A raposa pode escalar elevações, passar por caminhos apertados e atrair espíritos que criam plataformas.
Isso é que é estar no "bico do corvo"
O jogador pode alternar entre o controle das protagonistas apertando Y. Apesar de algumas vezes a inteligência artificial cuidar da personagem que não está em seu controle, em diversos momentos você será obrigado a cuidar da movimentação de ambas, uma de cada vez. Há alguns puzzles pelas fases que envolvem Nuna e a raposa, mas nada complexo. Os enigmas normalmente se resumem em pular abismos com a força da nevasca, empurrar uma caixa para a raposa escalar a parede e derrubar uma corda para a humana.

Nunca jogue sozinho

Mesmo que o modo singleplayer seja totalmente funcional, é claro que Never Alone se destaca por seu modo cooperativo local. Com apenas um Wii Remote, outro jogador pode entrar e sair da partida a qualquer momento e cada um assume o controle de um personagem. E é aí que o jogo se destaca com uma jogabilidade mais fluida e a comunicação entre os jogadores para escapar de vilões e resolver enigmas.
Ser humano não é fácil. Tem que carregar caixas para salvar
bichinhos de estimação que se mete em encrencas
A interação entre os dois personagens fica mais dinâmica após a metade do jogo, quando a raposa deve movimentar ícones espirituais para que Nuna acerte-os com a boleadeira. Mas por ser um sidescroller 2D, Never Alone peca por sua linearidade. Sempre há apenas um caminho para seguir, não há segredos ou problemas com a progressão, já que sempre há checkpoints.

Um recurso que Never Alone poderia aproveitar no Wii U é a tela do GamePad. O título não faz uso algum da tela de toque do controle, que exibe a mesma imagem na tela da TV. O controle e movimentação de plataformas espirituais seriam bem mais dinâmicos se fossem realizados pela tela do GamePad ou até mesmo para arremessar a boleadeira de Nuna.


Sempre ouça boas histórias

Never Alone consegue passar toda a atmosfera do Alasca durante sua jogatina. Os cenários são bem construídos e o estilo gráfico bastante carismático combinam perfeitamente para que a gélida jornada seja competente. O que contribui para essa atmosfera tão bem retratada é a própria comunidade Iñupiat ter colaborado com a produção do jogo, pois mais de 40 anciões do local contribuíram com sua sabedoria para que Never Alone fosse desenvolvido.

Durante as fases o jogador pode encontrar corujas que desbloqueiam vídeos com entrevistas e relatos do povo Iñupiat. Os habitantes contam histórias que se refletem no próprio jogo. Por exemplo, a amizade entre a raposa e a humana é inspirada em um fato ocorrido com um Iñupiat que tinha o animal de estimação. Toda a mitologia, cultura e valores de sobrevivência, como a forma que o aquecimento global afeta a região, são contados em vídeos insights.
Never Alone traz relatos, fotos, entrevistas e vídeos retratando
a cultura do povo Iñupiat. Vale a pena conferir!
Obviamente os vídeos são opcionais, mas valem a pena serem assistidos para compreender e aprender a cultura do povoado do Alasca e o próprio Never Alone, além de funcionarem como colecionáveis pelas fases. Uma exclusividade da versão de Wii U é a presença de Artefatos Culturais. São 22 imagens de alta resolução de diversos itens, existentes no Instituto Smithsoniano, utilizados pelo povo Iñupiat. E você vai entender tudo porque o jogo possui legendas em português.

Never Alone possui curta duração, pois o jogo em si pode ser finalizado em menos de cinco horas de jogatina e não há motivos para replay. Entretanto, Never Alone é mais do que um jogo, é uma aula cultural e de história. É para ser jogado, assistido e ouvido, afinal boas histórias sempre aquecem o coração e alma.

Prós

  • Personagens e level design bem construídos;
  • Presença de modo cooperativo;
  • Uma experiência sentimental;
  • Visão cultural sobre os nativos do Alasca.

Contras

  • O jogo em si é curto;
  • Bastante linear;
  • Falta de proveito da tela do GamePad.

Never Alone — eShop/Wii U — Nota: 8.0
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Felipe Fabricio



Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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