Em um claro momento de crise, em que a Big N por seguidas vezes não conseguiu fechar o ano fiscal com lucro e o Wii U é uma ideia que até agora não “colou” (suas vendas estão abaixo das do GameCube em comparação com o mesmo intervalo de tempo), os haters — que não são poucos — decretaram já seu fim, enquanto que alguns analistas disseram que, para a Nintendo continuar relevante no mercado de jogos, o Wii U precisaria se encontrar mais cedo que o previsto com as Deusas Nayru, Din e Farore.
Rest in peace, Wii U! |
NX é a resposta da resposta
Como dito anteriormente, há anos a Nintendo vinha sofrendo com prejuízos financeiros, e muitos enxergavam como saída o desenvolvimento de jogos para o mercado mobile, composto por tablets e smartphones.Após muito tempo negando que Mario pudesse alguma vez mostrar seu bigode em uma tela mobile, eis que a Nintendo surpreende a todos e responde com o anúncio de uma parceria com a também japonesa DeNA para a produção de conteúdos para o novo mercado, trazendo frutos já para o final de 2015. Foi o suficiente para que a internet se enchesse de comentários afirmando que a gigante first party estava fugindo dos danos causados com o Wii U e se instalando de vez no formato de jogos mais “simples”.
"Toca aí, parça!" |
Console novo e o abandono de um antigo
Desenvolver um novo console não significa necessariamente que o atual está destinado a viver apenas nas memórias dos jogadores. Quer dizer, até o mais bem-sucedido produto de entretenimento eletrônico um dia será descontinuado e deles só restará a lembrança — até mesmo o PlayStation 2 precisou ser substituído —, mas o velho e o novo podem conviver mesmo que por um breve período.Esses dois parecem conviver muito bem juntos. |
Por esses motivos, não chega a ser surpresa que a casa de
O Wii a todo vapor e a Nintendo já planejava o próximo passo. |
Ocupando o espaço do Wii U
Tá, mas qual o lugar do NX no mercado de videogames? Em uma rápida observação, é fácil imaginar que ele viria para substituir o Wii U. Ou o 3DS. Pensando um pouco mais além, talvez uma terceira categoria que a Nintendo tenha enxergado.Pensar que a nova plataforma virá para substituir o Wii U faz todo o sentido. Como já apontado neste texto, o atual console de mesa da companhia japonesa não vingou, amargando uma das piores vendagens que a Nintendo já teve em hardwares até hoje. Com quase nenhum apoio de thirds, a maioria das principais franquias da Nintendo já tendo aparecido na plataforma, o já notável pouco poder de fogo para acompanhar a concorrência e o baixo aproveitamento da principal novidade do console, o GamePad, além de uma rede online que não bate de frente com a Xbox Live ou a PlayStation Network, talvez a melhor saída seja mesmo a retirada do Wii U das prateleiras, já que dificilmente a empresa daria suporte a dois consoles de mesa simultaneamente (considerando o histórico da Big N, suas plataformas são praticamente abandonadas quando uma nova é lançada, vide Wii e DS).
Em 2016, quando a Nintendo dará detalhes do NX, o Wii U fará quatro anos de vida. Se pensarmos num ciclo de cinco anos para cada console da empresa, até que o Wii U não terá saído de vista assim tão cedo. Se o lançamento ocorrer em 2017, o console atual ainda terá que se segurar por mais dois anos, tarefa bem difícil e improvável.
O que esperar para 2016? |
Não é ruim, mas será bom o bastante? |
Ocupando o espaço do 3DS
Tomar o lugar do 3DS também não parece ser algo absurdo. Lançado em 2011, o portátil completou este ano quatro anos de vida, portanto se fosse substituído em 2016 teria cinco anos, tempo normal para um portátil da Nintendo.De lá para cá, o console rendeu muitos rupees para a Big N, mas claramente está mostrando sinais de cansaço, já tendo recebido jogos das principais franquias nintendistas (considerando apenas The Legend of Zelda, Tri Force Heroes e Hyrule Warriors farão a quarta e quinta aparições no portátil) e com menos lançamentos third parties de peso do que víamos tempos atrás — e esse número só tende a diminuir.
Também há que se levar em conta o fator tecnológico. O PS Vita também não tem recebido muita atenção da Sony, mas de vez em quando vemos versões de jogos de consoles de mesa saindo para ele, sem nem menções para o portátil da Nintendo [e todos olham para Resident Evil: Revelations 2 (Multi)]. Não acha? Assassin’s Creed III: Liberation, Need for Speed: Most Wanted, Borderlands (dois títulos!), Child of Light, entre outros, além do já citado Revelations 2 e os jogos episódicos da Telltale Games.
Tal situação deixa claro que a Nintendo precisa de uma máquina nova e mais poderosa, capaz de surpreender e receber os jogos que as third parties preparam, até porque o cenário atual deixa claro que a Big N não está conseguindo dar conta sozinha de dois consoles.
O New 3DS parece se encaixar bem em um espaço tecnológico vazio entre o 3DS e o PS Vita, porém, ainda assim, ele não é o suficiente para dar muito mais tempo de vida ao portátil de duas telas. Isso porque, mesmo sendo mais poderoso, apenas um jogo de peso foi anunciado até o momento para ele (Xenoblade Chronicles), e que muitos já tinham tido a oportunidade de jogar no Nintendo Wii. Uma E3 se passou e nenhum outro game foi anunciado exclusivamente para o New 3DS, o que indica que o novo aparelho é mais um dispositivo para entusiastas que não se importam em dar mais alguns trocados por uma versão melhorada do que já tinham do que algo realmente novo e voltado para o futuro.
Quanto tempo de mercado terá a Nintendo reservado para esta versão? |
Pulando por plataformas misteriosas
Logo, vemos que o NX seria um console perfeito, por timing ou para suprir uma falha existente, para substituir o Wii U ou o 3DS. Aliando, a isso, o apelo público por jogos com a opção cross-buy e maior interação entre os videogames da empresa, seria uma grata surpresa saber que a nova plataforma seria um híbrido entre console de mesa e portátil, e por isso os fãs não param de tocar nessa tecla.Porém, não nos esqueçamos da recente parceria com a DeNA. Entrar no mercado de jogos mobile não será uma tarefa fácil, pois temos à disposição títulos baratos e de enorme sucesso. Seria demais imaginar que a Nintendo pudesse lançar um smartphone, unindo também nesse mercado o hardware com seus softwares?
Ou vai que ela crie um novo conceito, assim como a Apple fez com o iPad. Nesse sentido, já sabemos que em algum momento veremos uma plataforma voltada para a “qualidade de vida” e uma para “mercados emergentes”. Hum, pensando nisso, um personagem rechonchudo e de bigode… será que veremos um Mario mexicano?
Como consumidores e, principalmente, fãs, só nos resta torcer para que a Big N saiba o que está fazendo e acerte a mão desta vez, fazendo com que suas propriedades intelectuais voltem a ser tão relevantes no mercado quanto já foram antes, batendo de frente com os excelentes trabalhos feitos no PlayStation 4 e no Xbox One. Surpreenda-nos, Nintendo!
Revisão: Alberto Canen
Capa: Felipe Araujo