Kirby: Canvas Curse (DS) revoluciou a forma de jogar em duas telas

Primeiro jogo de Kirby para o DS mostrou o potencial do portátil, criando um novo estilo de jogar na tela de toque presente até hoje.

em 20/02/2015
Quando o Nintendo DS foi lançado, poucas pessoas entenderam a proposta de se jogar com duas telas, até mesmo os desenvolvedores. Porém, um jogo chamou atenção logo nos primeiros meses do portátil: Kirby: Canvas Curse. O título surpreendeu pela jogabilidade original, utilizando apenas a tela sensível ao toque do console. Com a Stylus, o jogador desenhava rotas na tela para Kirby seguir na missão de trazer Dream Land à normalidade após ser transformada em pintura pela bruxa Drawcia. Sucesso de crítica, Canvas Curse traçou o caminho para outros jogos de sucesso no próprio DS, como os dois títulos da série The Legend of Zelda, e é responsável direto pela primeira aventura do herói rosado no Wii U. Relembre conosco essa aventura cheia de pinceladas e cores.

Amaldiçoaram Dream Land

Era só mais um dia comum na pacífica Dream Land, onde Kirby, seu mais famoso habitante, curtia a paz e a tranquilidade de um agradável passeio, como em todos os outros dias na Terra dos Sonhos. Mas, repentinamente, as cores do mundo começaram a se deformar. Em meio ao caos, surgiu uma estranha bruxa chamada Drawcia, transformando o planeta em pintura com suas pinceladas. Contudo, ao ver nosso ameaçador herói, a bruxa foge em direção ao portal de onde saiu no céu, mas não antes de Kirby despertar seu senso de justiça e perseguí-la.
Bruxa Drawcia.
Mas as coisas não deram muito certo. Com um golpe rápido de magia, Drawcia transforma Kirby numa bolinha rosada (como se já não fosse uma) sem braços e pernas. Sem forças para seguir a bruxa, Kirby desiste e retorna desconsolado até seu planeta. Contudo, por acaso Kirby encontra o pincel mágico da sua inimiga, e com um toque, consegue criar raios da cor do arco-íris. Em posso desse objeto mágico, precisamos encontrar Drawcia e restaurar Dream Land.

Chegando com estilo
Desenvolvido pela HAL Laboratory e publicado pela Nintendo, o jogo chegou na América em 13 de junho de 2005, no inicio da vida do Nintendo DS, revolucionando a forma como se jogavam jogos de plataforma no portátil de duas telas e servindo de experiência para diversos outros títulos, inclusive seu sucessor no Wii U, Kirby and the Rainbow Curse.

Como água

A criaturinha rosada é um dos personagens mais adaptáveis e propícios a mudanças do time de frente da Nintendo. Além dos jogos da série serem palco de exprimentações constantes, Kirby também passa por mudanças mercadológicas, adaptando-se às culturas de cada mercado. Exemplo disso são as capas de Canvas Curse. Nelas podemos observar pequenas diferenças entre si. Na versão japonesa, a bolota rosada é apresentada com aparência mais fofa e infantil, enquanto a versão da americana mostra Kirby com olhar destemido e ameaçador, passando a impressão de seriedade. Até o título do jogo sofreu alterações entre os três grandes centros: Kirby: Power Paintbrush na Europa e Touch! Kirby no Japão.

Marcando época
Kirby Canvas Curse, quando lançado, causou ótimas impressões no grande público e na mídia especializada. O site IGN concedeu a CC os títulos de Escolha do Editor, Melhor jogo Plataforma, Mais Inovador e Melhor uso do Touchscreen, na categoria para jogos de DS em 2005.

Arco-íris de inovação

Mais arredondado ainda, Kirby precisa se virar para chegar até a bruxa que tocou o terror em Dream Land. Para não ficar de mãos atadas (que mãos?) com a situação, teremos que deixar de lado os botões do DS e utilizar apenas a caneta Stylus na tela de toque do DS. Com a caneta do portátil, o jogador desenha linhas de arco-íris, pelas quais Kirby se movimenta pelo cenário, atravessando obstáculos e servindo como pontes e proteção contra os inimigos.
Algumas situações vão exigir que o jogador desenhe loopings para dar mais velocidade ao roliço protagonista. 
A saga por recuperar sua antiga forma, assim como Dream Land (transformada em pintura depois da maldição da bruxa Drawcia), tem inicio com um estágio de treinamento, onde o jogador é apresentado às novas mecânicas do título. Nele, somos fisgados pela originalidade e diversão da nova jogabilidade. Sem poder correr como antes, resta ao jogador pintar caminhos para que a bolota rosada consiga seguir caminho. Desafiador na medida certa, os reflexos e coordenação motora do jogador são postos em teste, assim como a resistência da telinha do DS, que pode ficar lotada de arranhões antes mesmo da conclusão do jogo.

Não pense que irá encontrar moleza aqui.
O jogo é dividido em oito mundos, com três fases cada. Alternando entre estágios gelados, vulcões, cavernas e lugares futuristas sem gravidade. Não pense que terá vida fácil como na maioria dos jogos da franquia. Canos sugando o personagem e ventiladores arremessando a bolinha rosada em direção a espinhos vão exigir soluções rápidas, fazendo com que o jogador improvise desenhos. Intenso e divertido do começo ao fim, espere por muito desafio.

Rolando por caminhos pintados pelo jogador, Kirby precisa de ajuda para se mover pelos estágios. Com a caneta Stylus fazendo o papel de pincel mágico, o jogador pincela traços que servem como plataformas para o herói. Mas devido à limitação do suprimento de tinta, é preciso cautela e planejamento com os desenhos para superar os desafios propostos que, por sinal, ficam mais complexos com o passar dos estágios.
Desafio em duas telas.
Assim como a tela de toque, a tela superior do DS também tem papel fundamental no jogo, servindo como mapa. Nela é possível planejar os passos seguintes e prever os obstáculos que surgirão. Na tela inferior é preciso destreza com a caneta, pois o jogador terá sua imaginação desafiada constantemente, precisando criar formas e rotas criativas para o protagonista.

Beleza em duas telas 

Mesmo com jogabilidade completamente distinta dos outros jogos da série, Canvas Curse ainda mantem muito das origens que consagraram o mascote mais fofo da Nintendo. E Kirby não seria Kirby se não fosse pela sua característica de engolir e absorver os poderes do inimigo. Caso contrário, ele provavelmente seria um Pokémon, e talvez cantasse para adormecer seu rival. Aqui, o herío precisa apenas tocar no inimigo para conseguir seus poderes, ganhando ataques de raio, fogo, pedra, e podendo até se transformar em pneu e sair velozmente pelos campos coloridos de Dream Land.

Simples e divertidoAlém de pintar o caminho, o jogador pode tocar os inimigos, deixando-os atordoados para que Kirby os ataque. Esse é um esquema simples se visto com olhares atuais, mas em 2005 foi algo inovador e divertido.
Magia Nintendo.
A variedade de poderes acrescenta novas possibilidades à jogabilidade, evitando a monotonia das fases. Os estágios criativos também contribuem para a diversão do jogador, exigindo novas combinações de traços e técnicas mais apuradas. Mesmo sem tanta originalidade na diversidade dos mundos, seguindo o padrão da série, com florestas, cavernas e montanhas de forma geral, é o design de fases que chama atenção. A disposição e interação dos elementos, inimigos e objetos, é um grande diferencial do título, possibilitando ainda mais imersão.
Tocando a tela você cria um arco-íris de possibilidades para Kirby
Além do design criativo dos cenários, os mesmo esbanjam cores, formas e detalhes. Cada cantinho parece ter sido desenhado à mão, lembrando a arte dos cenários de Yoshi’s Island (SNES). É um show de beleza e direção artística, impressionando pela qualidade e riqueza. Em alguns momentos é possível esquecer a ação e ficar parado, apenas admirando a bela arte do jogo.

Legado promissor

Canvas Curse não foi apenas o primeiro de muitos títulos de Kirby para o Nintendo DS. Ele marcou época e contribuiu diretamente para propagação de jogos que utilizavam a tela de toque, tão comuns nos smartphones e tablets atualmente. A experiência também serviu de exemplo para futuros jogos do DS, demostrando o real potencial do portátil para jogadores e desenvolvedores. A própria Nintendo utilizou ideias do jogo para os aclamados The Legend of Zelda: Spirit Tracks e The Legend of Zelda: Phantom Hourglass.

Tendo revolucionado a forma como se jogava videogame na primeira metade dos anos 2000, o título é a base para o primeiro jogo do herói rosado para o Wii U. Seu sucessor espiritual, Kirby and The Rainbow Curse, atualiza o que foi visto no DS, dando continuidade ao legado do seu irmão mais velho. Por fim, dez anos após seu lançamento, Kirby: Canvas Curse ainda continua atual e relevante para o cenário dos jogos eletrônicos, divertindo e inspirando gerações de jogadores e produtores ao redor do planeta. Que tal tirar seu DS da gaveta e pincelar algumas linhas na telinha enquanto Raibown Curse não chega?
Revisão: José Carlos Alves
Capa:Stefano Genachi 

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