Análise: Teslagrad (eShop/Wii U) traz aventuras metroidvânicas em umplatformer de qualidade

Platformer 2D com inspiração em franquias antigas mostra conceitos passados, novos, e gráficos de desenho animado no mais novo título a não desapegar de seu console.

em 27/09/2014
Em um mundo tecnológico, cheio de referências a temáticas sci-fi, contendo inúmeras plataformas em florestas e usinas, carregando caixas, objetos fluorescentes, entre outros elementos que um dia já marcaram nossas vidas, um jogo surge com uma enorme promessa entre os mais recentes indies de qualidade. Teslagrad é o mais recente game a chegar na eShop do seu Wii U e nele você viverá muitas aventuras na pele de um garotinho, em uma jornada situada no leste europeu. A ação ocorre mais precisamente na Sérvia, mas traz locais fantasiosos e diversas atividades, todas com um toque nostálgico. O que vos aguarda? Continue lendo esta análise para entender um pouco mais deste épico game.

Histórico não tão histórico

Afinal, o que esses senhores querem?
Sua trama em Teslagrad, assustadoramente, inicia com algumas perseguições. Em um primeiro momento, guardas, que sabemos capturar famílias dentro de suas casas, estão te perseguindo, e tudo o que você deverá fazer será correr e correr. Não se sabe o motivo, mas seria para alguma convocação para sair do país ou até para a morte? Talvez uma alusão à 2ª Guerra Mundial ou ao nazismo? Por enquanto ficamos com uma question mark nas nossas mentes. Fato é que o game tenta te colocar a par de um mistério que será revelado aos poucos.

As cutscenes também trocam as falas por gestos e mostram histórias encenadas em um palco, como num teatro, nada fica tão claro, apenas o teor simpático das situações que nos são passadas. Contudo, apesar de sua história não revelar muito, o jogo vai sendo construído em cima de ambientes que dão toque à aventura e a fazem carregar um pouco mais de sentido nela. Você passará por muitas paisagens obscuras e densas, e se encontrará com seres diferentes e amedontradores até chegar ao seu destino final.
Um exemplo de cutscene que tenta imitar a vida.

Unindo switches para o bem da vida

Teslagrad é aquele típico jogo com referências às aventuras da maior caçadora de recompensas do mundo dos games: Samus Aran. Fato é que, à primeira vez que jogamos, dá para sentir aquele frio na espinha por se parecer uma aventura totalmente diferente. Realmente confesso que os primeiros minutos de game me surpreenderam (não que isso fosse necessariamente bom) e fiquei com uma vontade absurda de continuar jogando para ver no que daria. Tudo que deverá fazer é correr e fugir, para chegar a um outro ponto do cenário. Minutos depois, corria pelas veias aquela sensação de estar jogando novamente um novo Super Metroid, pois as ideias e recorrências são familiares àquela série tão amada.
Sua jornada será longa e dependerá de diversos obstáculos.
O personagem inicia (e continua) sua aventura sem qualquer barra de energia, mas vai adquirindo, ao longo do tempo, alguns poderes, como golpes que possuem o poder de mudar forças gravitacionais, acessóris capazes de atravessar grades e armas, e poderá voltar a cenários para resolver enigmas antes insolucionáveis. Em Teslagrad você poderá ver de tudo um pouco, desde perseguições e cenários longos passando pelo fundo e com um certo ar de classe e tristeza, até explorações de cenários sem luminosidade alguma e resolução de problemas passando por atalhos característicos.

Ativar blocos, coletar cápsulas de energia, habilitar acessórios e itens para prosseguir, colocar sapatos velozes e enfrentar chefes monstruosos que se assemelham a um lagarto gordo e a um pássaro Chozo... parece que o game foi feito para ser assim mesmo, com tudo se encaixando para ficar ainda mais evidente a sua fonte de sabedoria. Mas não precisava tanto. Bastam algumas horinhas de exploração pelo SR38... digo, pelo mundo exploratório do jogo, para perceber que este não se trata apenas de um joguinho de ação/exploração qualquer.
Não tema e enfrente chefes caracterizados! Ei Ridley, é você?

Conceitos e surpresas memoráveis

Um dos destaques maiores de Teslagrad é, sem sombra de dúvidas, a sua arte. Esculpida em formatos que mais lembram As aventuras de Tim Tim, e unindo músicas com sons reais de instrumentos como o piano e o violino, não dá para não ficar emocionado com o teor desta aventura. É de surpreender o trabalho das composições, e mesmo dos sons que imitam elementos no jogo, que dão um ar caracteristicamente dramático ao todo.

Apenas admirando a beleza dos cenários...
Unindo estes conceitos ao mundo do game, cujos mapas e bifurcações estão presentes a todo momento, você se verá envolto em um mundo sombrio, denso, por vezes inacessível e escuro, com diversos inimigos e ondas de energia que o guiarão em uma jornada épica por cenários 2D. É impossível não sentir uma pitada de saudade 16-bit ao jogá-lo, e isto o fará querer ainda mais, pode acreditar.
Seria um resquícío da antiga civilização Chozo?

Voltando às raízes

A produtora norueguesa Rain Games fez um bom trabalho. Teslagrad possui muitas qualidades que vão além das esperadas por muitos jogadores. E isso ainda inclui legendas em português do Brasil. Mesmo que o game possua alguns defeitos como travas e loadings quando prestes a acessar novos locais, e também uma dificuldade um pouco alta, o jogo não desaponta e surge como uma das grandes apostas para a eShop do Wii U. Se você é um jogador old school ou mesmo está em busca de uma nova aventura simpática e nos moldes antigos, não perca tempo e baixe agora mesmo Teslagrad. Boa aventura!

Prós

  • Arte precisa e bela, com toques de terror e comédia convincentes;
  • Puzzles e lutas contra chefes, inteligentes e nostálgicas;
  • Legendas em português BR.

Contras

  • O percurso de aprendizagem pode frustrar em alguns momentos;
  • Travas e alguns loadings perto de portas.
Teslagrad — eShop/Wii U — Nota: 8.0

Revisão: Alberto Canen
Capa: Stefano Genachi
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Jaime Ninice é cravista, formado pela UFRJ, e mestre em música na mesma instituição. Sua paixão por games, eventos e revistas o levou a escrever e revisar artigos desde 2010 no @Blast. Hoje é redator das publicações impressas sobre retrogames WarpZone.me
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