Star Ocean: Blue Sphere é um RPG excepcional para GBC que nunca saiu do Japão

Misturando conceitos clássicos da série com sistemas de ação, este é um dos jogos mais diferentes da franquia e foi destaque no fim da vida do GBC.

em 04/06/2014
A série de RPGs Star Ocean é uma das mais conhecidas do mundo dos jogos. A franquia da tri-Ace tem como temas aventuras interestelares, misturando espadas e armas futuristas em um universo interessante. O que poucos sabem é que o Game Boy Color recebeu um título da série em 2001. De nome Star Ocean: Blue Sphere, o RPG para o portátil da Nintendo apresentava mecânicas novas e jogabilidade focada na ação. Infelizmente este título nunca foi lançado fora do Japão.

Um pedido de socorro

A trama de Blue Sphere acontece dois anos após os eventos de Star Ocean: The Second Story (PS/PSP). Depois de resolver os problemas que assolavam o planeta Expel, Claude volta para a Terra levando consigo Rena, Leon e Precis. O jovem passa a trabalhar na Federação da Terra, executando inúmeras missões pelo universo na companhia de Rena. Os outros companheiros da aventura anterior, como Dias e Celine, continuaram vivendo tranquilamente em Expel, sem nunca perderem o contato com os amigos que foram para a Terra.

A aventura começa quando a nave dos caçadores de recompensa Ernest e Opera cai em um estranho planeta chamado Edifice. Sem recursos para sair do local, a dupla manda uma mensagem para seus amigos solicitando ajuda. Precis recebe o pedido e reúne seus antigos aliados — salvo Claude e Rena, que estão em uma missão. O grupo segue então para Edifice, mas a forte gravidade do planeta danifica a nave de Precis, que acaba caindo em uma floresta. Diante disso, os amigos se dividem em grupos e partem em busca de Ernest e Opera, ao mesmo tempo em que procuram uma maneira de reparar o veículo espacial danificado.


Um RPG com muita ação

Star Ocean: Blue Sphere contém os conceitos básicos da série, mas com jogabilidade focada em ação em tempo real. Os personagens ainda aprendem inúmeras habilidades que permitem a criação de itens (que é feita por meio de minigames) ou o ganho de vantagens em combate. As Private Actions, cenas paralelas nas quais personagens conversam e interagem entre si, também estão presentes no título. Por fim, várias linhas de história e finais diferentes estão disponíveis — por mais que em quantidade bem reduzida e limitada.



A principal novidade em Blue Sphere é a interação com o cenário. Os mapas apresentam obstáculos e vários pontos de interesse que só podem ser superados ou ativados por meio de habilidades especiais chamadas Field Actions. Estes movimentos permitem que os personagens executem ações no mapa, como pular, nadar, lançar cordas para atravessar abismos e explodir objetos com bombas. Algumas habilidades são exclusivas de alguns heróis, outras são adquiridas conforme níveis são obtidos. Isso tornou o jogo mais dinâmico, pois alguns segredos e locais só podem ser alcançados em pontos mais avançados da aventura e com determinados personagens.


Combate reformulado

Como em todo bom JRPG, Blue Sphere é repleto de batalhas. Pela primeira vez na série, os confrontos deixaram de ser aleatórios e os inimigos podem ser vistos no campo. Como é de praxe, atacar oponentes no mapa confere vantagens no combate. O sistema de batalha deste jogo é completamente novo e lembra muito o da série Tales, pois é direcionado à ação. Três personagens participam das batalhas, mas o jogador controla diretamente somente um único herói. O botão A realiza ataques básicos, sendo possível executar combos se o comando for feito no ritmo correto — não adianta simplesmente apertar A repetidamente. Técnicas especiais e feitiços podem ser ativados pelo botão B, sendo possível ativar ataques diferentes em conjunto com o direcional. Habilidades dos outros personagens podem ser ativadas em um menu, que pausa a ação.



Em todos os combates do jogo, o grupo de heróis enfrenta somente um único inimigo. Mas não pense que isso torna as coisas mais fáceis, pelo contrário: os monstros são bem poderosos e as batalhas são bem desafiantes. Cada oponente apresenta várias barras de energia correspondentes a diferentes partes do corpo, cada qual com fraquezas específicas. É importante levar isso em consideração nas estratégias de combate: um inimigo ficará imobilizado caso a energia de suas pernas tenha acabado; um monstro deixará de atacar se a barra dos braços tiver sido esvaziada. Experimentar como cada ataque afeta os inimigos é essencial para a vitória.


Um planeta construído com capricho

Mesmo sendo um jogo de Game Boy Color, Star Ocean: Blue Sphere apresenta uma ótima parte técnica, o que era de se esperar de um título lançado no fim da vida do console. Os gráficos são detalhados e os cenários são variados. Todos os 12 personagens jogáveis estão bem representados e contam com ótimas animações em batalha. A música, de autoria de Motoi Sakuraba, é repleta de melodias que aproveitam bem o som do portátil. A trilha sonora foi lançada em um pacote de dois discos, que incluía versões arranjadas de algumas faixas.

Aventura estelar exclusiva do Japão

Star Ocean: Blue Sphere é um ótimo exemplo de como adaptar uma série para portáteis. O jogo teve todos os elementos tradicionais da franquia, além de várias novidades que o tornaram único, em conjunto com uma ótima parte técnica. Mesmo não vendendo muito, Blue Sphere rendeu vários itens como mangás e livros de ilustrações. O título chegou a ser anunciado para o Ocidente, mas a publicadora Enix decidiu que a conversão não valia o esforço: o espaço reservado para o texto dentro do cartucho era limitado, o que complicava o processo de tradução. Outra questão era o fato de que a publicadora já tinha mudado seu foco para o recém lançado GBA. Em 2009 o jogo recebeu novos gráficos e foi lançado para celulares japoneses, mas, mais uma vez, não saiu do Japão.

Revisão: Marcos Silveira
Capa: Diogo Sousa
Siga o Blast nas Redes Sociais

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).