Como Paper Mario me fez amar os RPGs eletrônicos

Falavam que RPG era coisa de gente ruim. Precisei de um fantástico mundo de papel para entender que ele é um dos lugares mais maravilhosos dos jogos.

em 24/05/2014
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Eu sempre fui uma pessoa apaixonada por jogos, analógicos ou eletrônicos. Meu gosto pelos videogames, entretanto, foi moldado um pouco pela classificação indicativa dos meus pais quando criança: “nada de jogos violentos!” (com um adendo que Pokémon e Yu-Gi-Oh! tinham mensagens subliminares). Isso acabou me levando ao meu gosto por jogos musicais (Stepmania <3), por puzzles (Bejeweled <3) e por adventures (Sam & Max <3). Não os culpo por não gostar de Call of Duty, nem faço questão.

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Nada demais nisso, poxa...
O problema é que, uma hora, cansa. Você precisa de novas mecânicas, novas experimentações, novas coisas para fazer além de ver pedrinhas coloridas explodirem quando encontram suas gêmeas ou pisar nas setas ao ritmo da música. Foi aí que eu fiquei sabendo de um tal de RPG. Para as pessoas com problemas médicos, Reeducação Postural Global; para mim, uma alternativa a ser pensada. Se não fossem… os estereótipos!

Sim, sabe aquele papo de RPG tem todo um ar demoníaco? Aquele péssimo estereótipo criado pela sociedade? Ele foi um dos motivos de nunca me ter interessado, sempre achei que era negócio do “coisa ruim”, sem brincadeira. Não queria fazer pacto com ninguém pra conseguir jogar. Pode parecer estranho, mas a imaginação de uma criança, com seus 8, 9 anos, vai longe quando ela quer.

Imaginem o meu susto quando encontrei Paper Mario (N64): era um jogo do Mario, lindo, com tudo que um título do encanador tem. E era um RPG. Meu cérebro não era Windows, mas, com certeza, tive uma tela azul. Pesquisei muito sobre o que era esse estilo de jogo e finalmente entendi: RPG é um jogo de interpretação de papéis. Ele podia tomar qualquer universo para ele, era apenas uma mecânica. Entenda a minha felicidade ao começar a jogá-lo.

Lembro até hoje: um Parakoopa chega e entrega uma carta, Mario e Luigi convidados para uma festa no castelo de Peach. Você saía andando com eles por Toad Town, tudo feito de papel, casas sendo montadas como papercraft. Alguns minutos depois, temos a primeira batalha. Perdi o duelo, não havia o que fazer, Bowser era imbatível usando a Star Rod. E, aí, comecei o jogo de fato. “Prologue: A Plea of the Stars”, o prólogo desta aventura tinha começado.
Estranhei como um pedaço de papel podia andar para todas as direções, mas continuei. Conversei com alguns personagens, coletei um ou outro item, atravessei mapas, entrei em portas e, para mim, tudo parecia como um adventure. Tudo bem que era muito bonito, mas a história estava bem sem graça até então (Super Mario 64 tem um bolo, pelo menos!) e tudo me parecia um adventure. “Afinal, o que o RPG tem de tão especial?”, eu pensava. Cheguei ao castelo, Bowser apareceu e comecei a entender por que este gênero de jogo é tão amado.

As batalhas, que coisa incrível! Nunca pensei que eu poderia duelar com estratégia daquela forma, que seria tão difícil escolher entre atacar ou usar um item ou em que inimigo atacar primeiro. Tudo começou a fazer cada vez mais sentido e quando o Action Command entrou em cena, não havia o que dizer: tinha encontrado meu jogo preferido em todos os tempos (que hoje acompanha Portal 2 na minha lista de preferências). Apertar um botão para aumentar o ataque me deixava sempre ligado no jogo e fazendo com que as estratégias dependessem deste bônus. Some isso à infinidade de itens, badges e aos vários companheiros para ter uma belíssima mecânica!
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Claro, os personagens! Lembra que eu falei que a história não tinha nem o açúcar de um bolo? Como eu era uma criança inocente, nem sabia o que teria pela frente. As Star Spirits, o grande Reino dos Cogumelos e seus diversos cenários… Quem diria que iríamos de um vulcão em erupção a um templo no deserto, de um mundo de gelo a uma caixa de brinquedos? Além disso, como eu adoro os parceiros de Mario, que me acompanharam durante toda a aventura fielmente, sempre me ajudando (e com uma das mecânicas de utilização no mapa mais geniais que já vi). Goombario, Kooper, Bombette, Parakarry, Bow, Watt, Sushie e Lakilester, nunca vou me esquecer de vocês!

O fim do jogo foi lindo e continuou lindo nas outras duas vezes que zerei. A partir deste, foram Super Mario RPG: The Legend of Seven Stars (e sua história mais que mirabolante) e Mario & Luigi: Superstar Saga (com sua mecânica de batalha dupla inesquecível). Depois eu fui atrás de clássicos RPGs e comecei a realmente jogá-los e entender como funcionavam. A paixão cresceu e acabei querendo fazê-los, conheci o RPG Maker. Graças às comunidades desta engine, acabei me tornando redator e hoje escrevo para o Blast.

Paper Mario não foi apenas o primeiro passo para eu entrar no maravilhoso mundo do roleplay e me tornar o jogador que sou hoje, mas também por toda a minha paixão por produzir conteúdo relacionado aos videogames. Quem diria que o meu primeiro RPG não foi um clássico Final Fantasy ou Dragon Quest, mas um inovador spin-off do encanador? E a primeira vez a gente nunca esquece, com certeza.

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Revisão: Vitor Tibério
Capa: Vitor Nascimento

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
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