O modo Nintendo de revisitar os clássicos: como a Big N está voltando às origens e inovando ao mesmo tempo

em 03/02/2014

A Nintendo é realmente uma empresa peculiar no mercado de videogames por vários motivos. Entretanto, o principal deles se materializa em ... (por Gabriel Toschi em 03/02/2014, via Nintendo Blast)

A Nintendo é realmente uma empresa peculiar no mercado de videogames por vários motivos. Entretanto, o principal deles se materializa em um verdadeiro yin-yang, quase como se fosse a filosofia da empresa nos últimos anos. De um lado, temos o grande sentimento de nostalgia que a Big N traz, com seus jogos clássicos que perduram até hoje nos consoles e suas franquias mais que clássicas. De outro lado, temos a necessidade de inovação que a Nintendo traz em seus produtos, sempre tentando criar algo diferente das outras empresas e, quase sempre, até de si mesma.

Entretanto, com o 3DS e o Wii U, a empresa de Iwata tenta fazer algo diferente com este equilíbrio que trazia a algum tempo: o igual se tornou um sinal de adição. É hora de entender esta nova onda de jogos first-party que chega para nós, tentando despertar nostalgia e inovação ao mesmo tempo. E se você acha que ele começou com NES Remix, eles estão fazendo isso há bem mais tempo…

“New” formas de fazer jogos

Antes de tudo, é bom deixar claro que a Nintendo sempre tentou trazer estes dois pontos juntos. A implantação do Virtual Console foi um dos principais passos pra tal, assim como outros remakes e, claro, a base das franquias clássicas, que vem se modernizando desde suas criações. Afinal, um jogo da série Zelda tem as suas características próprias de jogabilidade e não dá pra fugir completamente delas. Mas não é disso que viemos falar.

Só pelo subtítulo você já deve ter entendido que vamos começar pela série New Super Mario Bros., que teve seu primeiro jogo lançado em 2006 para DS. Mas, afinal, porque ela é tão especial? Sem contar a série Super Mario Advance (que consiste de puros remakes), não tinhamos um jogo de plataforma 2D com o encanador desde 1995, com Super Mario World 2: Yoshi’s Island (SNES)! Temos o fator nostalgia só de tudo isso voltar, a tão famigerada “magia do Super Nintendo” e seus ótimos jogos de plataforma, somados com a inovação de trazer, além de gráficos atualizados, muitos novos elementos de jogabilidade e level design. E isto deu tão certo que tivemos ainda jogos para Wii, 3DS e Wii U.

Em 2010, tivemos Donkey Kong Country Returns (Wii), seguindo a mesma premissa: DK não tinha um jogo de plataforma 2D convencional – lembrando que tivemos o uso de bongôs em Jungle Beat – desde 1996, em Country 3. Mais uma vez, o fator nostalgia somado às inovações de jogabilidade e level design da Retro Studios, alcançaram um grande sucesso. Tanto que Tropical Freeze já está pra ser lançado para Wii U.

Parece familiar? Returns trouxe a magia do SNES sem perder a inovação e a evolução gráfica

Se está bom, por que parar?

Deu pra perceber o padrão? Eles começaram a pegar suas franquias clássicas e suas jogabilidades originais e repaginaram elas, somando os dois fatores. A Nintendo viu que deu certo e não se contentou apenas com Mario e DK e acabou criando um padrão de mercado, com uma franquia de cada vez.
  • Kirby’s Return to Dream Land (Wii, 2011): Kirby não recebia um jogo onde podia copiar os poderes dos inimigos desde 2006, com Squeaky Squad (DS) e ainda trouxe multiplayer para até quatro jogadores e as Super Abilities, mudando toda a jogabilidade sem perder a essência;
  • Super Mario 3D Land (3DS, 2011): depois que a série New começou a ficar, de certa forma, repetitiva, a Nintendo deu a cartada final com 3D Land, unindo a nostalgia do 2D com a modernidade do 3D, além de trazer de volta a Tanooki Suit. Entretanto, a perfeição desta mistura e, talvez, a síntese perfeita desta corrente de jogos seja 3D World (Wii U), que ainda trouxe um mapa a lá Super Mario World, multiplayer para quatro jogadores e muitas outras inovações;
  • Kid Icarus: Uprising (3DS, 2012): por mais que a jogabilidade tenha mudado completamente, Uprising é o único jogo da lista que revive uma franquia totalmente esquecida: Kid Icarus foi lançado para NES em 1987 e Kid Icarus: Of Myths and Monsters , para Game Boy, em 1991. Desde então não tínhamos tido nenhum outro jogo da série. Isto faz o fator nostalgia se tornar quase um fator fanservice, já que pedidos de novas aventuras de Pit são muito antigos;
  • Pokémon X & Y (3DS, 2013): você pode estranhar em ver este jogo na nossa lista. Afinal, X & Y mudaram completamente os gráficos da franquia, o metagame com as Mega Evoluções e o tipo fada e muitos outros diversos aspectos. Onde está a nostalgia? As semelhanças e referências à Kanto, a
    região de Red/Green/Blue/Yellow, são muitas, como os iniciais da região e a grande quantidade de Pokémon da mesma na Pokédex de Kalos. O nosso especialista Sheen já dissertou sobre este interessante tema na coluna Pokémon Blast;
  • The Legend of Zelda: A Link Between Worlds (3DS, 2013): sim, finalmente tinha chegado a hora de Zelda e a nostalgia veio diretamente do Super Nintendo, com A Link Between Worlds se passando na mesma Hyrule de A Link to the Past. Entretanto, a inovação veio e muito forte para tirar toda essa sensação de “mais do mesmo”, trazendo mudanças em todos os aspectos e, no geral, um jogo totalmente novo com aquele gostinho nostálgico. O nosso redator André Segato também falou mais sobre este assunto;
  • NES Remix (Wii U, 2013): talvez o mais vísivel de todos, NES Remix pegou os títulos que tanto divertiram e reforumulou o estilo de jogá-los completamente, com pequenos desafios que até parecem um jogo de celular. Entretanto, mesmo com a nova forma, você ainda está jogando, mesmo que por poucos segundos, o mesmo jogo do NES.

O futuro da proposta de união

Todos os jogos que a Nintendo lançou nesta ideia deram certo. Muito certo, aliás. E, provavelmente, esta ideia de mercado que ela está fazendo com seus jogos não vai mudar tão cedo. Um bom exemplo é Yoshi’s New Island, a ser lançado para 3DS este ano, que vai funcionar como DKC Returns e New SMB, reformulando um dos maiores clássicos do Super Nintendo trazendo novos elementos de jogabilidade. Além disso, depois de Uprising, temos a esperança de ressucitar antigas franquias. Quem não se lembra da “vontade” da Retro em trabalhar novamente com Metroid?

A mesma magia de antes em um jogo completamente novo. Quem será o próximo?

O que você acha desta estratégia? Qual será a próxima franquia a receber um jogo nostalgia+inovação depois de Yoshi? Deixe sua opinião nos comentários!

Revisão: José Carlos Alves
Capa: Sybellyus Paiva

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
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