A Nintendo deve descontinuar o Wii U?

em 02/02/2014

Já não é mais novidade para ninguém que o Wii U está longe de ter o sucesso almejado pela Nintendo e pelos fãs da empresa. Apesar dos g... (por Unknown em 02/02/2014, via Nintendo Blast)


Já não é mais novidade para ninguém que o Wii U está longe de ter o sucesso almejado pela Nintendo e pelos fãs da empresa. Apesar dos grandes esforços da Big N em popularizar o console, o público não parece ter se dado por satisfeito com o que foi oferecido, o que é bastante preocupante dada a quantidade de jogos que a Nintendo lançou no segundo semestre de 2013. As baixas vendas do console ocasionaram uma onda de cancelamentos de jogos de third-parties e um ceticismo crescente de todos os setores da indústria. Na última semana, a gigante nipônica anunciou os resultados do terceiro trimestre fiscal de 2013 e apresentou mais um prejuízo, causado principalmente pelas baixas vendas de seu console de mesa. Estando numa situação delicada e tendo que enfrentar a concorrência fortíssima de dois novos consoles, surge uma pergunta que não quer calar: a Nintendo deve descontinuar o Wii U?


Uma faca de dois gumes

Descontinuar um produto devido ao seu admitido fracasso é uma tarefa ingrata e bastante desconfortável para qualquer empresa. Sua marca fica manchada para os olhos de acionistas e, principalmente, consumidores, que deram duro para adquirir o produto, confiando em seu sucesso. A insatisfação geral com esse tipo de atitude vinda de uma empresa de porte, como a Nintendo, pode destruir sua imagem para sempre, a não ser que algum plano muito bem arquitetado esteja sendo pensado.

A Nintendo já desistiu de um console. Lembram-se do Virtual Boy?
Caso haja um plano B, descontinuar o produto pode ser, a curto prazo, algo terrível, mas que pode ir se corrigindo com o passar do tempo. Dado o grande prejuízo da Nintendo, que vem crescendo cada vez mais graças ao Wii U, descontinuar o console em um futuro próximo e lançar um novo hardware com potencial competitivo ao dos concorrentes não seria má ideia. E não estou dizendo para a Nintendo deixar de criar o que sabe fazer de melhor, e de maneira nenhuma seria uma saída viável ela transformar Mario em Call of Duty. A questão é que o Wii U é um console que chegou ao mercado com a promessa de atrair de volta o público perdido pela empresa durante a vida do Wii, algo que se tornou praticamente impossível graças à dificuldade de trazer para ele os jogos lançados para a nova geração de consoles concorrentes. Isso ocorre devido a sua arquitetura, que é completamente distinta daquela presente nos produtos oferecidos pela Sony e pela Microsoft.

Fiquem tranquilos, pois isso nunca vai acontecer. Espero...
Não estou falando de capacidade gráfica, pois já é sabido por todos que o Wii U é capaz de gerar gráficos lindos que, apesar de não competirem de igual para igual com o que é apresentado no Xbox One ou no PlayStation 4, pelo menos não representam o abismo que testemunhamos entre o Wii, o PS3 e o Xbox 360. Estou dizendo que os consoles concorrentes possuem a arquitetura similar à de um PC, o que faz com que a programação dos jogos e até mesmo os ports sejam feitos sem muita dor de cabeça. O Wii U, no entanto, usa como base a mesma arquitetura do Wii, só que mais parruda, de maneira que um jogo multiplataforma precisa ter várias partes de seu código totalmente reconstruídas para ser lançado na plataforma da Nintendo. E considerando as baixas vendas do console, qual a vantagem de uma desenvolvedora gastar tanto em um port que ela sabe que não vai vender muito?

A real situação do Wii U

Depois de cerca de um ano no mercado, o Wii U vendeu pouco mais de cinco milhões de unidades ao redor do globo, o que é um número baixíssimo se considerarmos que o Xbox One e o PlayStation 4 já estão chegando a essa marca após estarem por apenas cerca de dois meses nas lojas. Esforços de todos os lados vieram, e estão vindo, por parte da empresa, que está lançando todas as suas franquias de peso em um curtíssimo período de tempo, para que os jogadores satisfaçam-se com o que mais buscam quando adquirem um console da empresa: jogos exclusivos de extrema qualidade.

Ninguém duvida que Mario Kart 8 será incrível. Talvez só não seja o suficiente
Infelizmente, todos sabemos que as coisas nem sempre dão certo para todo mundo, mesmo que na nossa cabeça esteja tudo bem. Na última quinta-feira, Satoru Iwata realizou alguns anúncios para o console, entre eles: a adição de jogos de DS ao Virtual Console, um maior uso do GamePad e até mesmo o mês de lançamento de Mario Kart 8, um dos jogos mais esperados do console. Mas isso é mesmo o suficiente? Eu acredito que não.

O futuro de Watch_Dogs no Wii U é um pouco incerto
Enquanto várias notícias um pouco animadoras vêm da própria Nintendo, outras nada agradáveis vêm de todo o resto do mercado, que, acredite, já não se limita mais às escolhas e inovações da Nintendo há algum tempo. Além de o Wii U receber pouquíssimos jogos de third-parties, estes vêm com diversas limitações, como a ausência de modo multiplayer de Batman Arkham Origins (que teve seu DLC de Wii U cancelado na última semana) e a falta de qualquer conteúdo adicional de Assassin’s Creed IV: Black Flag. Para piorar a situação, alguns jogos antes dados como certos para o console, como o esperadíssimo Watch_Dogs, já não estão completamente garantidos, dado o silêncio da Ubisoft quanto ao curioso desaparecimento do título em vídeos promocionais do Wii U.

O rumor do Nintendo Fusion

Apesar de claramente se tratar de um rumor que dificilmente se concretizará, só o fato deste tipo de notícia começar a pipocar na internet já pode trazer alguma luz do que pode acontecer em um futuro não tão distante. Apesar do Wii U possuir diversos jogos programados para este ano, não consigo enxergar algo tão brilhante para os próximos anos. Considerando que o console da Nintendo está cada vez mais sendo sustentado apenas pela própria empresa, manter o produto no mercado por muito tempo se tornará uma tarefa quase impossível. Viradas de jogo à parte, a Nintendo está diante de uma das situações mais difíceis de sua história, que chega perto do que ocorreu com o Virtual Boy, há mais de dez anos.

Apesar de não ter sido um sucesso estrondoso, o GameCube nunca deu prejuízo à Nintendo
Muitos dirão que o GameCube também não foi lá um grande sucesso, mas havia uma grande diferença entre o saudoso cubo da Big N e o Wii U: o lucro. Enquanto a Nintendo nunca vendeu sequer uma unidade do GameCube com prejuízo, cada Wii U vendido tem uma parcela de seu valor subsidiada pela empresa, que contava, pelo menos depois de algum tempo, com a obtenção de uma compensação através da venda de software, o que não está acontecendo graças às vendas baixíssimas do console, que tornam os jogos pouco demandados, por melhores que sejam, como por exemplo no caso de Super Mario 3D World, que perdeu em vendas, em algumas regiões como o Reino Unido, para Knack (PS4).

Acredite ou não, o pior jogo de lançamento do PS4 superou Super Mario 3D World em vendas
O prejuízo apresentado nos últimos meses não fará com que a Nintendo deixe de produzir consoles de mesa ou, muito menos, a levará à falência, como muitos adoram profetizar. O fato só nos mostra que alguma medida grande deve ser tomada para que a empresa volte a ser saudável e sustentável. Lançar um novo console com especificações competitivas, que possibilitem que as third-parties trabalhem à vontade no console, não tem nada a ver com a Nintendo deixar de ser a empresa que tanto amamos, e sim com abrir caminhos para fazê-la tornar-se ainda maior e indispensável para a indústria. O rumor do Fusion provavelmente é falso, visto que a Nintendo é mais fechada que o Fort Knox, e informações desse tipo nunca vazariam de forma tão esdrúxula. Mas, ainda assim, a ideia desse console poderia ser um bom caminho a ser traçado pela Nintendo, que finalmente adotaria o conceito de ecossistema para suas plataformas, que passariam a se integrar de forma mais profunda que apenas por meio de uma junção de saldos do eShop. Além disso, o console teria poder de fogo suficiente para receber ports de vários dos jogos que serão lançados nos próximos anos para os consoles concorrentes, que conviveriam com as maravilhosas franquias da própria Big N. Seria uma combinação de peso que faria com que a Nintendo possuísse cacife suficiente para encarar sua concorrência, o que, infelizmente, não está acontecendo agora.

A Nintendo deve descontinuar o Wii U?

Dadas as circunstâncias, a Big N deve, pelo menos, pensar em uma estratégia consistente para o médio prazo. O ano passado serviu para nos mostrar que nem as mais amadas franquias da desenvolvedora estão sendo o bastante para sustentar seu console. Dado este problema, algo deve ser pensado com urgência para que a empresa volte a se tornar competitiva e relevante na indústria. Afinal, a Nintendo sempre foi a empresa que esteve passos à frente de seus concorrentes no quesito inovação, mas para isso, os conceitos anteriores foram sempre destruídos. Se isso acontecer, só torço para que deixem o nome Wii no passado, visto que trazê-lo à nova geração foi uma escolha deveras infeliz.

Revisão: Samuel Coelho
Capa: Daniel Machado

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