Análise: Com Brunch Panic (eShop/3DS) é impossível não passar fome

em 23/01/2014

Brunch Panic foi desenvolvido e distribuído pelo mesmo pessoal do jogo que falei dias atrás, Witch & Hero . Não que seja novidade ver ... (por Unknown em 23/01/2014, via Nintendo Blast)

Brunch Panic foi desenvolvido e distribuído pelo mesmo pessoal do jogo que falei dias atrás, Witch & Hero. Não que seja novidade ver a Circle Entertainment envolvida com jogos da eShop, já que essa parece ser a área dela, mas é curioso como esse jogo é tão mais divertido que Witch & Hero que também foi desenvolvido pela F K Digital. E vejam que Brunch Panic tem uma proposta muito mais simples e casual, e aí que entra seu mérito: ele conseguiu cumprir seu propósito com maestria.

Esqueça tudo e viaje pelo mundo em um trailer

Pode parecer bastante idiota, mas minha primeira impressão de Brunch Panic foi um tanto quanto cômica. A protagonista usava uma roupa em tom avermelhado (como em muitos fast-foods) e tinha um chapéu (viseira?) bem comum desse tipo de restaurante munido de um "B" - o que me lembra, e muito, da linha de restaurantes fast-food "Bebelu" (google it!). E por algum motivo bizarro ela tem um daqueles microfones acoplados à orelha, como operadoras de telemarketing. Somando isso a informação que eu tinha de que o jogo era sobre uma garota viajando pelo mundo vendendo comida em um trailer (e isso me lembra aqueles ambulantes que vendem desjejum na Avenida Nove de Julho em São Paulo), eu não pude deixar de ver a situação como uma jovem tentando ganhar a vida para pagar sua faculdade ou sustentar os pais já idosos. Mas calma, o jogo não é uma história tão triste (e real) assim. É tudo muito mais colorido e mágico que isso (felizmente).

O jogo tem um visual encantador, limpo e atrativo, ao nível que eu havia dito tempos atrás sobre Etrian Odyssey. E falando nisso, ele tem seu toque japonês também: as discretas cutscenes são dubladas em japonês, apesar do texto estar em inglês (e isso pode ser ajustado no menu de opções). Um detalhe engraçado que encontrei (por ter fluência em ambos idiomas) é que o texto e o áudio não trabalham juntos. Não falo de sincronia (abster o lipsync foi uma sacada genial, aliás), mas o fato do texto em inglês apresentar uma coisa e o áudio em japonês apresentar "um pouco mais". Por exemplo, logo na introdução aparece "Wow! Thank you, Grandpa!" - quando Bonnie recebe a chave para seu trailer. Enquanto no áudio ela diz algo como "Obrigado, vovô! Te amo!" - é um detalhe simples, e bem bobo, mas não é algo que vai atrapalhar a experiência de ninguém (exceto se você for aquele jogador crítico que reclama por qualquer detalhe) e passa despercebido. No mais, a música trabalha muito bem com o progresso do jogo, e você tem clientes diferentes (para minha surpresa!), não apenas sprites com cores diferentes. Além disso, eles têm gostos diferentes, depois de certo tempo de jogo você consegue sacar o que determinado cliente irá pedir antes mesmo que ele faça o pedido.

Sobre essa ambientação, a parte visual e o áudio, esse título merece um 7.0.

O mundo não se resume a Paris

Logo no começo, temos uma breve introdução sobre como Bonnie, sua protagonista, ganhou seu trailer e realizou seu sonho de sair pelo mundo vendendo comida. A história pode parecer bem boba e simples, ao ponto de você pensar que é só um "Candy Crush Saga versão anime", mas deixe seu preconceito de lado antes de iniciar esse título em seu 3DS. O jogo tem cinco mundos, com dez fases cada, totalizando cinquenta fases. Em cada fase, você tem um limite de tempo até seu expediente acabar e, ao fim dela, tem uma somatória de quantos clientes atendeu, quantos perdeu (cansaram de esperar), quanto dinheiro ganhou com isso e tudo é refletido em uma avaliação que vai de uma a três estrelas. Atingindo três estrelas em certas fases, você tem acesso a achievements que podem melhorar o seu trailer ou outras opções. Os clientes, como havia dito, são bem singulares. Cada tipo de cliente pode pedir um tipo de comida, mas terão aqueles que demorarão para fazer seu pedido (como os clientes que ficam conversando em vez de fazer o pedido) e isso pode te atrapalhar, pois a fila vai aumentando (e é nessas horas que é importante saber o que cada cliente pede). Por outro lado, há outros clientes que pedem rápido, mas não têm paciência para esperar muito (e aí você pode perdê-los).

Calma, isso não é no começo do jogo! A cada novo cliente ou novo ingrediente, você tem um breve tutorial ensinando como aquela nova mecânica funciona. Ao menos no primeiro mundo, o jogo pega bastante na sua mão mostrando como fazer isso e aquilo, mas nada muito cansativo como tantos tutoriais que temos por aí. Ele consegue o que poucos jogos conseguem: ser repetitivo sem ser enjoativo. Talvez a ambientação o ajude a ser tão divertido, e você realmente compra a história que se passa nesse mundo maluco.

Sobre essa imersão, a diversão proporcionada e história simples, esse título merece um 8.0.

Não é apenas de fofura que um jogo é feito

Ignorando todo o visual atrativo, a dublagem, mas tentando ver suas mecânicas. Para montar um lanche, você toca no ingrediente sobre a mesa e ele é transferido para um prato. Fazendo a combinação certa, você tem o lanche da maneira que deve ser. Para não entrar em pânico (ou "panic"), o jogo te indica onde deve clicar no começo, assim você pode ir aprendendo como montar um lanche. Feito? Então basta segurar o prato e arrastar até o cliente. Há quatro fitas de cores diferentes na parte superior da tela inferior (isso ficou confuso?) do 3DS, que se conectam as fitas coloridas na parte inferior da tela superior. O cliente está esperando sob uma daquelas fitas, então basta arrastar para fita que corresponde ao cliente. Resumindo, clique nos ingredientes, monte o lanche, arraste para o cliente. Isso pode ser feito bem rápido com certa prática e até mesmo antes do cliente fazer o pedido, quando você se torna sagaz o suficiente pra relacionar cliente ao tipo de lanche que ele gosta.

Essa mecânica de clicar e arrastar é divertida (e bem intuitiva) no começo, mas passa a ser repetitiva depois de algum tempo. Bem, como disse, são cinquenta fases diferentes, mas não é um jogo longo. A imersão e diversão ajudam o tempo a passar sem perceber enquanto você pensa "só mais essa fase!" (e quantas vezes não me encontrei fazendo isso com Candy Crush no celular?). Pensando direito, vocês podem chegar a mesma conclusão que eu: fazer uma jogabilidade que estivesse adicionando novos elementos ainda pela fase 40, poderia ser um tanto inconveniente e desagradável. Em contrapartida, Brunch Panic anula essa repetição da jogabilidade adicionando novos clientes! A maneira como eles se comportam acaba por ser uma nova mecânica e você tem que executar aquela tarefa de maneira diferente. Com isso, chegamos no ponto da dificuldade natural por progressão: o jogo continua aumentando sua dificuldade mesmo nas dez últimas fases. E você pode sim finalizá-lo, mas com uma ou duas estrelas em cerca de três horas. Se você é como eu, certamente se esforçará para conseguir três estrelas em todas as fases e ter acesso a novas opções por meio dessas conquistas, e isso pode estender sua aventura para até cinco ou seis horas.

Nessa parte da mecânica e jogabilidade, eu diria que o título merece um 7.0.
Brunch Panic é um daqueles títulos casuais para você que quer jogar algo sem compromisso e se divertir um pouco. Uma ótima pedida para quem está cansado depois de um dia de trabalho ou um pouco nervoso por ter perdido aquela partida de LoL ou DotA. Certamente quem já está apaixonado pelo popular Candy Crush Saga, precisa juntar-se a Bonnie em sua aventura o quanto antes!

Prós

  •  Jogabilidade repetitiva é contrabalanceada com novos clientes;
  •  Fases curtas que permitem uma jogabilidade casual e sem compromisso;
  •  Jogabilidade intuitiva somada ao tutorial tornam o jogo bem convidativo.

Contras

  •  Não é caro, mas considerando o tempo que será investido, poderia ser mais em conta;
  •  Infelizmente, não é o título que chamará atenção daqueles que se dizem "hardcore";
  •  Depois de 50 fases, a mecânica repetitiva não te encoraja a jogar novamente.
Brunch Panic (eShop) - Nintendo 3DS - Nota final: 7.5


Revisão: Catarine Aurora
Capa: Diego Migueis
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