Diversão ilhada
Dessa vez, sem muitas premissas, Mario e toda a sua turma foram simplesmente convidados a festejar nas ilhas flutuantes conhecidas como Party Islands. Mais nenhum aspecto de história é incluso a partir daí, e o jogo não conta com um modo “Story”.As Party Islands oferecem algumas atrações conhecidas pelos fãs, como o modo Party com algumas opções de tabuleiros, o modo Minigames para jogatina livre e indiscriminada dos minigames e uma Gallery, onde é possível comprar e colecionar uma pequena variedade de "bolhas de recordação" com faixas de áudio do jogo. Além disso, no modo single-player, é possível desfrutar de uma série de minigames na Bowser’s Tower e, novo para a série em Island Tour, há também um modo de competição de recordes de minigames entre outros jogadores recebidos via StreetPass.
Será que teria sido melhor recusar o convite? |
Que comecem as festividades
É arriscado dizer que o modo Party de Mario Party: Island Tour é “o que os fãs já imaginam que seria” porque, ao contrário dos outros jogos portáteis da franquia (que eram desenvolvidos pela Hudson Soft), Island Tour decide seguir os trilhos de Mario Party 9, a primeira experiência da série sob supervisão da subdivisão da Nintendo, a Nd Cube, também responsável por esta nova versão para 3DS.Por esse mesmo motivo é que todos os tabuleiros de Mario Party: Island Tour são, para começar, invariavelmente em linha reta. Excedendo alguns casos onde você é transportado para o começo do jogo ou tem alguma opção simples de bifurcação, todos eles envolvem “ir do ponto A ao ponto B” realizando algum tipo diferente de objetivo no intervalo desse caminho, o que já limita muito a variação esperada de estilos de jogo entre os tabuleiros diferentes.
Não aguarde uma grande variedade entre os tabuleiros |
Apesar de limitados em seu aspecto geral, os tabuleiros de Mario Party: Island Tour têm seus objetivos e regras particulares, que dão um toque um pouco diferente para cada cenário. Confira as mudanças e desafios oferecidos por cada um:
- Perilous Palace Path carrega as regras mais tradicionais da série em um tabuleiro de 50 casas. Minigames são jogados a cada turno para premiar os ganhadores com dados extras, o que agiliza a corrida até o final. Além disso, esse é o único tabuleiro que conta com a presença de itens para ajudar no seu progresso ou atrapalhar o dos adversários. O primeiro jogador a chegar à última casa e superar o desafio final antes dos outros vence o tabuleiro.
- Banzai Bill’s Mad Mountain é um curto tabuleiro que troca o número 6 do dado por um ícone de Banzai Bill. Quando alguém pega esse ícone, um Banzai Bill é disparado pelo caminho, lançando todos que estiverem em sua trajetória de volta ao começo. É possível optar por se abrigar da linha de fogo durante sua corrida até a ultima casa. Além disso, a metade do tabuleiro serve como checkpoint ao ser alcançada e os minigames são apenas competidos a cada 3 turnos, recompensando o vencedor com o avanço de algumas casas.
- Star-Crossed Skyway é onde o jogador que obter mais Mini Stars se torna o campeão independentemente de quem chegar ao final primeiro, de forma similar aos tabuleiros de Mario Party 9. Mesmo assim, o tabuleiro é dividido em algumas seções, e quem chegar primeiro ao fim dessas seções leva a melhor (ou a pior, dependendo de quem estiver o esperando para presenteá-las). Minigames são disputados apenas ao cair em casas “VS” e concedem Mini Stars adicionais para os vencedores.
- Rocket Road é o tabuleiro mais curto do jogo, baseado em Super Mario Galaxy, que consiste em uma corrida em linha reta até o final de um tabuleiro de 25 casas, contando com o auxílio de propulsores, que multiplicam os números do dado. A cada três turnos, um minigame é disputado para premiar os vencedores com propulsores adicionais. Esses propulsores podem ser usados de uma só vez em até cinco unidades para quintuplicar os números do dado.
- Kamek’s Carpet Ride é um tabuleiro dividido por partes que só acaba quando algum jogador cair perfeitamente na casa final. Caso passe dessa casa, ele é trazido de volta para o começo da sessão do tabuleiro. Aqui, os jogadores usam cartas mágicas para decidir quantas casas irão andar. A cada turno, um minigame é disputado para definir a ordem de escolha das outras cartas mágicas que repõem as três cartas obrigatórias que cada jogador deve carregar consigo.
- Shy Guy’s Shuffle City é um tabuleiro médio, exclusivo para três ou quatro jogadores “humanos” no modo multiplayer. Nele, cartas também são usadas para definir sua movimentação até o final, que classifica a vitória. A diferença é que, dentre as cartas distribuídas, uma é a carta do Bowser, que, depois de três turnos, irá ativar um efeito ruim para seu portador. Por esse motivo, os jogadores roubam cartas um dos outros no final de cada turno com o intuito de repassar a carta do Bowser e não sofrer a penalidade. A cada turno, um minigame também é disputado para decidir a ordem em que os jogadores escolherão novas cartas para repor suas mãos.
- Bowser’s Peculiar Peak é o último (e único tabuleiro secreto) do jogo. Nele, os últimos serão os primeiros, já que o objetivo é ficar o mais distante possível da última casa, onde Bowser aguarda o azarado que chegar antes que os adversários. Minigames são disputados todo fim de turno para premiar os perdedores com dados extras. Rolar dois números iguais concede a sorte de ficar parado no lugar. O jogador que estiver mais distante da última casa quando o mais próximo dela perder o desafio de Bowser é o vencedor.
O tabuleiro Rocket Road, além de ser completamente linear, pode ser facilmente concluído em três turnos |
A alma da festa
Não é novidade que os minigames sejam o grande destaque de qualquer jogo da série Mario Party. Desde sua estreia no Nintendo 64, a série sempre foi conhecida por recriar situações divertidas e irreverentes a cada novo jogo, seja com os controles primitivos do Nintendo 64, os novos gatilhos e analógicos do GameCube, o sensor de movimento do Wii ou as telas do Nintendo DS. Com um novo Circle Pad, uma tela exclusivamente estereoscópica, microfone embutido, câmeras externas e interna e mais opções de acelerômetro, era de se esperar que Island Tour oferecesse uma das melhores variedades que a série poderia ter no Nintendo 3DS, certo? Não exatamente.Mesmo com vários artifícios e tecnologias à disposição, a coleção de minigames incluída em Island Tour dificilmente atende as expectativas de quem gostaria de aproveitar igualmente todas as funções de seu portátil. Tirando quase metade dos minigames que envolvem controles simplórios como botões ou a combinação de Circle Pad com botões, os outros minigames fazem uso simples de decisão ou reflexos rápidos com a tela de toque, e alguns outros poucos usam o acelerômetro do sistema para controlar a câmera em jogos de perspectiva em primeira pessoa ou equilibrar o personagem sobre bolas.
Um dos piores tipos de minigames são os que usam a tela de toque como um simples bloco de anotações |
É provável que você tenha alguns problemas para fazer os minigames de realidade aumentada funcionarem devidamente |
Levando a festa a um novo nível
Como já havia sido divulgado há muito tempo antes de seu lançamento, Mario Party: Island Tour não oferece um modo de jogatina online para outros três jogadores ou amigos em nenhum tipo de modo de jogo. Mas, se pararmos para pensar, será que um jogo da espécie Mario Party se adequaria em um ambiente assim?Não necessariamente, na verdade. Mesmo com os menores tabuleiros que a série já teve, jogos online tem a característica de serem facilmente evasivos (isto é, você pode desistir e desligar o console sem ter que confrontar seus amigos, já que nem ao seu alcance eles estão). Isso se torna visível se tomarmos por base que, em Mario Party, diferente de jogos mais esportivos como Mario Kart, as reviravoltas são difíceis de alcançar e qualquer vantagem já seria motivo para desistência do que esperar a derrota inevitável por mais 20 minutos. Apesar de tudo isso, é justificável que o jogo não inclua sequer a função SpotPass?
Também não. Em plena era da conectividade, ficar sequer sem uma conexão com a internet já torna o produto obsoleto e atrasado. E os jogadores de Nintendo 3DS já estão bem acostumados com essa conectividade, com a lista de amigos constantemente atualizada, a rede social Miiverse e outras funcionalidades instantâneas que as facilidades da internet podem oferecer. Mario Kart 7 já usava essa função brevemente ao distribuir dados de Ghost Data aos jogadores, e Kid Icarus: Uprising ofereceu Weapon Gems diariamente aos jogadores por mais de um ano. Até mesmo a última versão de Pokémon se deu ao luxo de manter os jogadores conectados o tempo todo para trocarem informações e dados com outros amigos através dessa capacidade do portátil.
O jogo oferece funcionalidade simples com StreetPass, mas isso é o bastante para esquecer do SpotPass? |
Seguindo a moda da “simplificação portátil” que aflige títulos como Mario Tennis Open e Paper Mario: Sticker Star, Mario Party: Island Tour dificilmente consegue competir entre as melhores alternativas de multiplayer no 3DS por oferecer pouca variedade de minigames, tabuleiros e modos de jogo, enquanto insiste em seguir as piores decisões do antecessor Mario Party 9. Você ainda pode encontrar alguns curtos momentos de diversão nas poucas horas de jogo que Mario Party: Island Tour oferece, mas esteja ciente de chamar seus amigos para não sucumbir à inevitável aleatoriedade do modo single-player.
Prós
- Gráficos e áudio no nível da era GameCube;
- Remixes de temas e músicas clássicas da série principal de Mario;
- Compartilhamento de multiplayer completo apenas com um cartão de jogo;
- Uso criativo da função StreetPass para competição de minigames.
Contras
- Minigames e tabuleiros pouco variados, curtos e altamente dependentes de sorte;
- Poucos modos de jogo tanto no single-player quanto no multiplayer;
- Modos restritos a dois ou mais jogadores “humanos” limitam ainda mais o pouco conteúdo;
- Os jogos de Realidade Aumentada e de microfone custam a funcionar corretamente.
Mario Party: Island Tour - Nintendo 3DS - Nota: 6.0
Revisão: Ramon Oliveira de Souza
Capa: Igor Silva