Todos sabem do histórico da Nintendo em relação aos jogos “adultos”: ela sempre manteve-se um pouco afastada. Para isto, basta comparar as versões de Mortal Kombat para SNES e Mega Drive e a enxurrada de jogos de terror para PlayStation e PlayStation 2 – enquanto N64 e GameCube acenavam na lanterninha. A história se repetiu com o DS: uma enxurrada de jogos, mas poucos no gênero terror. Até que em 2007 a então desconhecida Renegade Kid- que mais tarde alcançou sucesso com Mutant Mudds - lançou um clássico para a plataforma: Dementium.
Clichês que funcionam
Que tal uma brincadeira? |
Gráficos de ponta e som de arrepiar
E a saúde que não anda bem... |
Em todas as
análises do jogo que você encontrar por aí, um fator é sempre elemento comum:
os gráficos. A desenvolvedora do jogo conseguiu extrair o máximo do pequeno DS
e ainda hoje Dementium desponta em listas no quesito gráfico. Os efeitos de
sombra e iluminação eram competentes. Além disso, o jogo rodava liso a 60 FPS e
não haviam slowdowns. Ponto positivo para a Renegade Kid.
No entanto, a grande crítica em relação aos gráficos era a repetição das texturas. Em determinados momentos esta repetição levava o jogador a pensar: “mas já não estive aqui”? A repetição também atingia alguns inimigos – eram os mesmos, apenas com leves alterações nas cores.
A lanterna dava o toque especial para o jogo. Com ela você podia iluminar os sombrios corredores do hospital, mas o sistema não permitia que o jogador carregasse uma arma e a lanterna ao mesmo tempo. Assim, em alguns momentos o campo de visão era limitado – o que elevava ainda mais o medo.
E o ápice do conjunto era a trilha sonora. É claro que os monstros não assustavam muito – com certeza você já viu coisas piores por aí - mas os efeitos sonoros... estes sim são tenebrosos! Desde sons sutis, como o cair da chuva, passando pela respiração dos monstros ou os batimentos cardíacos e até mesmo a ausência de som, tudo levava ao medo. Jogar Dementium com fones de ouvido era uma boa experiência do terror no DS.
Jogabilidade Intuitiva
Sem revólver... vai no cassetete mesmo! |
Dementium tinha influências de Metroid Prime: Hunters (DS) em relação à jogabilidade. A movimentação era realizada com o direcional e a mira ao arrastar a stylus na tela sensível de toque. Para atirar ou bater, utilizava-se o gatilho L. A precisão dos controles elevava a qualidade do título.
A decisão da desenvolvedora de poder carregar apenas um item – a lanterna ou a arma – pode ter desagradado alguns jogadores, mas aumentava o desafio do jogo – bem como a sensação de claustrofobia.
E lembram o bloco de notas encontrado no início do jogo? Ele era extremamente útil, pois o jogador podia escrever anotações nele, como os caminhos percorridos e algumas combinações para abrir portas.
A tela de toque também funcionava como inventário. Toda ação se passava na tela superior e a tela inferior exibia os itens que podiam ser utilizados (como a lanterna e a espingarda), que eram acessados através do toque. Além disso, a tela inferior também mostrava os batimentos cardíacos – que regulavam a vida do personagem. É aquele clichê: verde está tudo bem, no vermelho corra atrás das pílulas para recuperar a vida!
Nunca se sabe o que se encontra por aí... |
Uma experiência de medo portátil
Como há poucos jogos no gênero terror para o DS, Dementium acabou tornando-se o jogo obrigatório para aqueles que gostam de sentir calafrios com o controle na mão. Mas não engane-se: Dementium tinha suas qualidades que o tornaram um excelente jogo – bons gráficos, jogabilidade fluida e aquelas músicas tenebrosas que garantem a imersão. É um jogo obrigatório para os amantes do terror. E não se esqueça dos fones de ouvido e de jogar no escuro!
Capa: Vitor Nascimento
Revisão: José Carlos Alves