A franquia Assassin’s Creed adentrou o mundo nintendista aos
trancos e barrancos. Por intermédio de um port realizado às pressas, a versão de Assassin’s Creed III, lançada para o Wii U, apresentou uma série de imperfeições se comparada às lançadas para os consoles concorrentes. Um ano se passou e o console
da Nintendo ainda não encontrou o seu lugar ao sol, apesar de já começar a mostrar uma
evolução em relação ao início de sua vida. A Ubisoft, sempre fiel parceira da
Big N, nem cogita deixar o console de lado e para provar suas boas intenções trouxe não só um port de Assassin’s Creed IV: Black Flag, mas uma das melhores
versões do título!
Vida de pirata
Assassin’s Creed IV conta a história de Edward Kenway, avô
de Connor, protagonista do título anterior da franquia. Ao contrário do que
estamos acostumados, o jogo deixa de se passar predominantemente em cidades com
belíssimas construções em favor de uma fantástica jornada pelos mares e suas
ilhas inexploradas. Outra novidade é que Kenway, inicialmente, não tem grandes
motivações que o levam à Ordem dos Assassinos. Na verdade, o rapaz é um pirata
oportunista capaz de qualquer coisa para conseguir um bom tesouro que
possa ser gasto em bebida e outras luxúrias. Tal dinâmica dá um ar de novidade
à série, já que estamos acostumados a histórias dramáticas, que levam ao
inevitável conflito milenar entre templários e assassinos. Só o fato de
controlarmos um pirata sem escrúpulos já torna tudo mais interessante e deveras
divertido.
Kenway logo após roubar a embarcação de algum coitado |
E a Abstergo?
Do outro lado da moeda, temos os momentos do jogo que se
passam nos dias de hoje. Com o surpreendente final do capítulo anterior da
aventura e a impossibilidade de controlarmos Desmond, a Ubisoft decidiu
transformar a gigante e mal intencionada Abstergo em uma empresa de
entretenimento que busca divertir a população fazendo-a reviver momentos épicos
da história da humanidade. Neste contexto, controlamos um novo funcionário da
companhia, que deve pesquisar memórias interessantes para que elas possam ser
comercializadas. É claro que nada do que aprendemos nos cinco jogos anteriores
ficou para trás. Não é coincidência nenhuma estarmos pesquisando justamente
as memórias de um antepassado de Desmond, e as intenções da megacorporação
podem ser reveladas caso os jogadores decidam investir seu tempo explorando a
sede da empresa.
A dinâmica da aventura nos dias de hoje mudou completamente |
Apesar da clara mudança de foco da Ubisoft, que ocorreu
graças ao desinteresse de muitos jogadores em acompanhar toda a mitologia que
permeia a série, a empresa não se esqueceu dos que se importam com toda a
teoria da conspiração que sempre serviu como plano de fundo da franquia e
tratou de encher o título de referências incríveis sobre os jogos passados, que podem, por que não, criar novos arcos para as futuras e certas sequências
que serão lançadas nos próximos anos. Na verdade, a única diferença é que desta
vez, ao invés de obrigatórias, as seções podem ser jogadas apenas pelos que
realmente desejarem descobrir mais sobre a Abstergo e todas as conspirações que
a cercam.
O mais ágil assassino
Apesar das boas intenções da Ubisoft com todas as novidades
apresentadas em Assassin’s Creed III, é inegável que a jogabilidade do título
ficou devendo em muitos aspectos. Com diversos bugs e movimentos travados, os
controles do jogo acabaram deixando muito a desejar. Contudo, a desenvolvedora
parece finalmente ter aprendido a utilizar sua nova engine e nos entregou nada
menos que a melhor experiência de Assassin’s Creed já vista. Edward se move com
uma fluidez invejável e seus movimentos, mesmo os mais complexos, podem ser
executados com muita facilidade, até por jogadores menos habilidosos, o que
torna tudo muito mais divertido.
Nunca foi tão divertido matar templários como em Black Flag! |
Por ser segmentado em pequenas ilhas e pouquíssimas cidades
maiores, os colecionáveis são mais divertidos de serem coletados, já que o
jogador é estimulado o tempo todo a buscar localidades novas e a descobrir os
segredos que aquele novo lugar pode esconder. Com os excelentes controles de
Edward, a atividade se torna ainda melhor, e este é um dos únicos jogos da
franquia em que explorar o universo do jogo realmente vale a pena.
O jogo conta com diversas missões paralelas |
Para melhorar ainda mais a experiência, o GamePad apresenta
um mapa extremamente detalhado que ajuda demais durante as passagens de
exploração. Para se jogar o título da forma mais agradável, recomendo a
combinação Pro Controller e GamePad, já que o controle mais tradicional é
melhor para controlar Edward enquanto que o GamePad pode servir perfeitamente como um guia para a
aventura.
Explorando os oceanos
Os combates navais também foram aprimorados, até porque boa
parte da aventura se passa em alto mar. Mais leve e simples, o controle das
grandes embarcações melhorou muito em relação a Assassin’s Creed III, jogo que
debutou as interessantes passagens marítimas, mas com sérios problemas de ritmo e jogabilidade.
Em Black Flag, navegar é um verdadeiro deleite. Com diversas ilhas, segredos e
tesouros espalhados pelo gigantesco mapa da aventura, é impossível sentir-se
entediado com a quantidade de coisas para fazer. Certos elementos que estamos
acostumados a encarar apenas em terra firme foram transportados com maestria
aos mares, tal como as áreas restritas e dominadas por templários, em que o
jogador deve se locomover com cautela para não ser detectado e para evitar
conflitos, só que dessa vez saem os soldados e entram as imponentes
embarcações.
Boa parte da aventura se passa em alto mar |
Em alto mar ainda é possível salvar sobreviventes de
naufrágios para que eles se tornem membros de sua tripulação, caçar baleias,
destruir fortalezas de inimigos e até mesmo saquear embarcações de mercadores,
tudo embalado por excelentes e divertidas músicas cantadas por sua tripulação,
que pode ter seu repertório enriquecido caso Edward encontre novas canções
espalhadas pelo mundo do jogo.
O poder do Wii U
Black Flag é certamente o primeiro multiplataforma lançado
para o Wii U que leva em consideração as capacidades do robusto hardware do console. Com gráficos superiores aos apresentados no Xbox 360 e PlayStation 3,
o jogo dá um verdadeiro show de beleza no console da Nintendo. Com texturas bem
definidas, efeitos de luz magníficos e com a água mais bela que já vi em um jogo
de videogame, Black Flag não cansa de surpreender os jogadores com seus
cenários incrivelmente detalhados e bem construídos. Se todas as
desenvolvedoras criassem jogos para o Wii U desta forma, o console seria
muito mais respeitado e considerado por jogadores ainda relutantes em adquiri-lo.
Acredite, o jogo é bonito assim mesmo! |
Infelizmente, não podemos dizer o mesmo sobre o trabalho
realizado pela Ubisoft quanto à dublagem dos personagens. O jogo é
completamente localizado em português brasileiro, mas as interpretações são
péssimas e sequer combinam com a aparência e personalidade dos personagens.
Certamente, é um dos piores trabalhos de dublagem já vistos em jogos de
videogame. Em inglês a coisa melhora um pouco, mas não a ponto de se tornar um
trabalho de qualidade.
Experiência inesquecível
Black Flag é, sem dúvida, um dos melhores títulos de toda a
franquia. Com um enredo envolvente, diversas mudanças positivas e gráficos de
cair o queixo, o título leva a franquia a um novo patamar, refinando cada
conceito criado pela Ubisoft nos cinco jogos anteriores. Infelizmente, o
péssimo trabalho de dublagem tira um pouco da imersão que o jogo pode trazer,
mas ainda assim não o torna menos que excelente. Infelizmente, a versão de Wii
U não contará com os DLCs que serão lançados nas plataformas concorrentes, o
que pode ser extremamente decepcionante para muitos. Mesmo assim, para os que desejam
uma aventura extensa, divertida e épica, Assassin’s Creed IV é título
obrigatório.
Prós
- Novas premissas dão ar de novidade à franquia;
- Jogabilidade refinada;
- Gráficos de cair o queixo;
- Piratas!
Contras
- Péssimo trabalho de dublagem, principalmente o feito em português do Brasil;
- Versão de Wii U ficou sem os DLCs.
Assassin’s Creed IV: Black Flag – Wii U – Nota: 9.0
Revisão: Samuel Coelho
Capa: Vitor Nascimento