Pior que o peso da lua é o de dois mundos em suas costas
É indiscutível que, por mais que todos já saibamos o que esperar de uma história da franquia Zelda, ela sempre consegue surpreender de alguma maneira, e em A Link Between Worlds, esta máxima é verdadeira. Link mais uma vez assume o papel de um plebeu que nenhuma relação tem com a família real de Hyrule, mas que acaba sendo arrastado para o o olho do furacão quando uma série de eventos aleatórios o trazem para isto, e agora ele é responsável pela segurança de dois reinos, e não de um só.Caso esteja confuso, permitam-me clarificar: Yuga, um feiticeiro provindo de um reino desconhecido mas com características da raça Gerudo, surge e começa a sequestrar todos os descendentes dos Seven Sages (“Sete Sábios” em tradução literal) para fins obscuros. Ciente que isso só pode significar que o antagonista pretende libertar o Demon King Ganon, a princesa Zelda incumbe Link de impedir isso de acontecer, dando a missão de encontrar a Master Sword para bater de frente com o mal iminente.
A situação se complica quando é descoberto que Yuga veio de um mundo diretamente ligado a Hyrule chamado Lorule, e seus atos acabaram por conectar os dois reinos e levar ambos à ruína. Com o suporte da soberana deste reino, a princesa Hilda, Link agora precisa resgatar o equilíbrio e trazer a salvação para ambos os reinos, sendo um herói que pareceu faltar em Lorule e que caiu em Hyrule, antes que seja tarde demais.
Como se salvar um só reino já não fosse difícil o suficiente. |
O melhor de dois mundos
Já se tornou recorrente viajar entre mundos. |
Enquanto temos uma perspectiva com visão superior, um mapa impecavelmente semelhante e a presença de dois mundos (Dark World no clássico, Lorule agora) de ALttP, temos uma trama envolvendo recolher as jóias das deusas para domar a Master Sword, gráficos em 3D e resgatar os Seven Sages como em OoT. Antes que diga que isso também acontecia em ALttP, lá o resgate era as Seven Maidens (que virtualmente dão no mesmo, mas me deixem com meu gosto por nomes). Agora me digam: tinha como dar errado?
Para trocar entre os reinos, procurem essas fendas... |
No mundo 3D, transforme-se em 2D
Como não podia faltar um aspecto único de jogabilidade em um jogo da fanquia, dessa vez temos o poder com o qual Link é “agraciado“ logo no início da trama: se transformar em uma pintura para se movimentar pelas paredes. Isso traz uma nova perspectiva de jogo e faz com que a visão superior não se torne cansativa, pois constantemente a câmera se adapta para as passagens pelas paredes....e para passar por elas, una-se à parede! |
Na mesma vibe de Pokémon X/Y (3DS), é perfeito também poder se mover em diagonal com tamanha fluidez, e em nenhum momento houve queda na taxa de quadros por segundo, com ou sem 3D e independente da ação na tela. Com uma história mais que satisfatória e um estilo de jogo que novatos e veteranos vão se agradar, o que mais poderia ter para deixar esse jogo ainda melhor? Mais quebras de paradigmas.
Tão linear quanto o mapa de Hyrule
Quais segredos se ocultam por trás desta máscara de coelho? |
Ravio é um personagem misterioso que surge perto do começo do jogo, pedindo que Link deixe que ele fique em sua casa. Após a autorização, o homem começa uma loja onde estão disponíveis todos os itens necessários para todos os calabouços e templos do jogo. É, agora você não precisa mais pegar cada item em seu respectivo calabouço, você os consegue pouco depois do primeiro desafio!
A parte interessante é como funciona a loja de Ravio, que é diferente de qualquer outra vista na série. O homem vestido de coelho permite que você alugue os seus itens ao invés de comprá-los, por um preço extremamente acessível. É sério, antes mesmo do segundo calabouço eu já estava com praticamente todos os itens da loja no meu inventário. A única ressalva é que se o jogador cair em combate (o que chamamos de “Game Over”), Ravio irá pegar todos seus itens de volta e você terá de alugá-los novamente.
"Eu vou levar um combo de Martelo com Bumerangue extra pra viagem!" |
Bow: o clássico arco-e-flecha do herói de verde que não é o Robin Hood, um dos mais úteis equipamentos de Link é um dos primeiros a serem adquiridos, servindo como forma primária de causar dano à distância.
Boomerang: assim como o anterior, o fiel companheiro de Link e quase sua arma principal no primeiro jogo dá as caras novamente, sempre sendo útil para abrir a defesa de oponentes.
Bomb: explodindo tudo que ficar em seu caminho, as bombas do herói de Hyrule sempre vêm a calhar para detonar aquela parede com rachaduras ou aquele inimigo inconveniente.
Hookshot: o gancho que oferece mobilidade ímpar ao arauto da coragem surge mais uma vez para auxiliá-lo em sua busca, servindo para alcançar onde seus braços não chegam e atordoar seus inimigos.
Hammer: eficiente para deixar vários inimigos ao seu redor desnorteados e causar dano massivo a alguns, o martelo vem a calhar nos momentos mais improváveis. Nunca se sabe quando vai precisar bater uma estaca até ela afundar no chão!
Fire Rod: cansou de ser apenas um cavaleiro? Que tal apelar para a magia? Com o cetro de fogo é possível disparar pequenos tornados de chamas para esquentar um pouco as coisas.
Ice Rod: e se o calor lhe incomoda, pode optar pelo frio também! O cetro de gelo permite projetar pedras gélidas contra os oponentes, os congelando instantaneamente.
Tornado Rod: se o Hookshot lhe permite alcançar longas distâncias, o cetro do tornado lhe garante o poder de alcançar alturas novas, com o bônus de atordoar todos ao seu redor com uma forte ventania.
Sand Rod: não disponível logo de cara por já estar alugado, o cetro da areia permite invocar colunas de areia e as solidificar, contanto que haja areia ao alcance do personagem!
Os itens que possuem munição aqui foram substituídos por um sistema de estamina que recarrega constantemente, livrando-os da dor de ficar buscando por flechas e bombas por toda parte. O mesmo também ocorre com as magias, usando da mesma barra em vez de uma exclusiva para essas técnicas. Além disso, é possível fazer atualizações em seus equipamentos através de uma sidequest semelhante às Skulltulas de OoT, permitindo que o arco dispare três flechas ou as bombas tenham maior alcance. Aí é com o jogador!
A arte que salta aos olhos
Artisticamente falando, ALBW tem uma forte semelhança com Skyward Sword (Wii): parece que foi feito a mão. A beleza dos cenários é de encher os olhos e o uso do 3D esta impecável, não cansando a vista como em outros jogos e dando a impressão de profundidade de forma exímia. Aliás, existem fases em que o uso do 3D não somente facilita a localização como é praticamente essencial para a superação de obstáculos.Adivinha só onde preciso acertar? |
É um vínculo que você vai querer ter
The Legend of Zelda: A Link Between Worlds é necessário para qualquer dono de 3DS, fã da franquia ou não. É mais do que um jogo, é uma experiência que irá transcender o tempo como seus antecessores, e podemos esperar que este lançamento marque uma grande mudança e toda a franquia Zelda. Agora, se me permitem, eu tenho dois reinos para salvar mais uma vez.
Prós
- Jogabilidade simples, instintiva e de fácil aprendizado;
- História envolvente e com segredos que se desenrolam lentamente, mantendo o interesse;
- Quebra da linearidade, dando total liberdade ao jogador;
- Arte e trilha sonora excelentes;
- Desafiante sem ser abusivo;
- Quebra-cabeças divertidos.
Contras
- Eu não posso apagar minha memória para experimentar tudo de novo.
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Daniel Machado
E se ainda não comprou o seu, não perca mais nem um segundo! Vá na Geekverse depressa, Hyrule e Lorule dependem de você!