Uma nova ameaça
A aventura de Sonic e Tails começa do mesmo jeito que as anteriores: a dupla perseguindo Dr. Eggman, tentando impedi-lo de realizar algum plano maligno. Durante uma discussão no ar, o cientista atira em direção ao avião de Tails, que começa a cair. A raposa consegue fazer um pouso de emergência em um local conhecido como Lost Hex. Lá a dupla conhece o Deadly Six, grupo de estranhas criaturas da raça Zeti e que estão sob o controle de Eggman.O inusitado Lost World |
Novo mundo, novos movimentos
Lost World utiliza as mecânicas consagradas nos títulos anteriores como Sonic Colors (Wii) e Sonic Generations (PS3/X360/3DS/PC), inserindo conceitos novos. A alteração mais chocante nesse título tem a ver com a velocidade de Sonic: agora é necessário segurar o botão R para fazer o ouriço correr. Esta foi a solução encontrada pela desenvolvedora Sonic Team para atender às inúmeras reclamações de que o personagem era difícil de controlar nos jogos 3D por conta da sua alta velocidade. E de fato, controlar a corrida de Sonic por meio de um botão aumenta o controle sobre o personagem, por mais que não resolva completamente o problema.Outra novidade são os movimentos acrobáticos derivado do esporte parkour. Com a corrida ativada, Sonic pode escalar e correr por paredes, sendo extremamente útil para alcançar novas áreas. É um conceito legal, mas não funciona completamente bem: em muitos momentos o jogador tenta escalar uma parede, mas o ouriço decide que é mais legal correr paralelamente a ela, consequentemente se jogando em algum buraco e perdendo uma vida. Os tradicionais Spin Dash e Homing Attack estão de volta, mais ágeis e rápidos do que antes. De Sonic Colors voltam os Wisps, alienígenas que conferem ao ouriço os Color Powers, poderes especiais como um asteroide devorador de matéria, um laser veloz e uma broca afiada.
Uma variedade de situações
Sonic já foi protagonista de inúmeras aventuras portáteis, todas elas apresentando jogabilidade em duas dimensões. Lost World mudou este paradigma: agora o ouriço explora também ambientes 3D, como nos jogos para consoles de mesa. Por conta da direção de arte, a sensação é que o título parece uma versão de Super Mario Galaxy (Wii) estrelada pelo ouriço azul, mas basta começar a jogar para perceber que as coisas são bem diferentes. Sim, Sonic explora locais de forma inusitada como planetóides, estruturas cilíndricas e plataformas flutuantes, mas o foco da ação é outro, lembrando o cancelado Sonic X-treme.Ao contrário das aventuras espaciais do encanador bigodudo, o objetivo em Lost World é avançar freneticamente pelos estágios, tentando completar as tarefas o mais rápido possível. Por conta da velocidade e habilidades de Sonic, a jogabilidade é veloz e fluída. O ouriço é fácil de controlar e em pouco tempo o jogador consegue correr rapidamente pelos estágios. O desenho das fases, inclusive, é a melhor característica do jogo. Cada área é bem diferente uma da outra e cada qual explora conceitos bem distintos. Em um estágio Sonic corre por um cilindro, com jogabilidade próxima às aventuras 3D; já em outro a ação é em 2D e lateral; em um terceiro tipo de fase Sonic tem que resolver algum puzzle. A variedade de temas é grande e a sensação é sempre de novidade. Todas as fases têm áreas secretas e caminhos alternativos, muitos destes só acessíveis ao utilizar Color Powers adquiridos em mundos subsequentes, o que incentiva revisitar os estágios. Explorar o mundo de Lost World é bem divertido e recompensador.
Sonic é o único personagem jogável, mas seu inseparável amigo Tails também participa da aventura provendo suporte. A simpática raposa tem um laboratório e lá é possível construir inúmeros apetrechos utilizando itens elementais obtidos nos estágios como matéria-prima. Além de power ups básicos como argolas, escudos e vidas extras, Tails constrói pequenos veículos. As pequenas aeronaves ajudam Sonic nos estágios: um helicóptero ataca inimigos, um caça camuflado deixa o ouriço invisível, um balão permite alcançar lugares altos, além de outros. É possível também enviar estes veículos para a versão de Wii U de Lost World.
Escorregando nos problemas
Mas nem tudo é maravilhoso em Lost World. Além de problemas pontuais ao controlar Sonic, alguns estágios de exploração são particularmente irritantes. São áreas mal pensadas, cujo objetivo é explorar ao invés de correr, algo incompatível com a velocidade característica do ouriço. Para avançar nestas áreas, é necessário cumprir alguma tarefa como apertar botões ou derrotar uma determinada quantidade de inimigos. Por exemplo, em uma fase é necessário encaixar bolas de neve em buracos específicos. Seria até uma situação tranquila, mas Sonic tem que lidar com o chão escorregadio, plataformas minúsculas e um irritante boneco de neve invencível que não para de atacar o herói, isso tudo sem esquecer de lidar com a câmera descontrolada. Já outros estágios apresentam problemas estruturais, como plataformas e percursos difíceis de se ver, o que resulta em inúmeras mortes sem sentido. A sensação é que estas sessões foram mal desenvolvidas e acabaram incompletas. Segure-se para não jogar o 3DS pela janela diante tanta frustração.O uso do giroscópio é outra escolha infeliz em Lost World. Alguém na Sonic Team teve a brilhante ideia de usar os sensores de movimento do 3DS em alguns momentos específicos da aventura, só que a desenvolvedora não implementou muito bem o recurso. Alguns Color Powers utilizam bem o sensor de movimento, mas os problemas aparecem de fato nos Special Stages, áreas extras que são controladas completamente com o giroscópio e são pura tortura de se completar. Você inclina, mexe e gira o console, mas nada disso faz Sonic se mover na direção certa de maneira precisa. Até existe um botão dedicado a travar a câmera, mas ele pouco ajuda na tarefa. Algo parecido acontece em uma luta contra um chefe no qual o sensor é utilizado. A intenção de utilizar todos os recursos do portátil foi boa, mas a execução deixou a desejar.
Belo visual e muitos extras
Tecnicamente Sonic Lost World é bem competente: Os gráficos estão acima da média do 3DS e a ação flui bem e sem engasgos. Destaque para os níveis com jogabilidade 3D, eles são extensos e de belo visual. Em conjunto com a direção de arte, o resultado é uma aventura bem agradável aos olhos. A música segue a linha dos últimos jogos da franquia, com inúmeras canções animadas. Já a história é contada por meio de vídeos que, infelizmente, estão em baixíssima qualidade, muito abaixo do que o console é capaz.Fora da aventura principal, o título tem vários modos extras. O primeiro deles é o Time Attack, cujo o objetivo é terminar os estágios no menor tempo possível, com a possibilidade de comparar o tempo com jogadores do mundo todo. Já na modalidade VS até quatro jogadores podem se enfrentar em corridas, batalhas e até mesmo no pavoroso Special Stage, seja localmente ou pela internet. O modo online funciona sem atrasos e é fácil encontrar oponentes. Seus amigos não têm uma cópia do jogo? Sem problemas, todos podem competir entre si por meio do modo Download Play. Por fim, é possível trocar cartões de perfil e missões especiais via StreetPass.
Uma ótima estreia
A estreia da jogabilidade 3D da franquia em um portátil da franquia é bem competente. Sonic Lost World é rápido, fluído e divertido. Além de um Sonic mais fácil de controlar, o título apresenta variedade de situações e ótimos estágios. Infelizmente alguns problemas na mecânica de parkour, no uso do giroscópio e no desenho de alguns níveis comprometem consideravelmente a experiência. Combinando o melhor das aventuras 2D e 3D do ouriço, Sonic Lost World é um ótimo título portátil do personagem.
Arte: Rafael Lam
Prós
- Jogabilidade rápida e fluída;
- Visual acima da média, com boa direção de arte;
- Variedade no tema dos níveis;
- Multiplayer local e online;
- Utiliza os vários recursos do portátil como StreetPass e giroscópio.
Contras
- Mecânica de parkour falha em alguns momentos cruciais;
- Alguns níveis apresentam problemas de design e controle ruim de câmera;
- Uso fraco do giroscópio nos Special Stages;
- Vídeos em baixa qualidade.
Sonic Lost World — 3DS — Nota: 8.0
Revisão: Marcos Silveira
Capa: Douglas Fernandes