Análise: Salte, corra alucinadamente e explore os segredos do criativo mundo de Sonic Lost World (3DS)

em 06/11/2013

Quando a Sega decidiu lançar jogos do Sonic para portáteis, ela manteve a jogabilidade de plataforma e a perspectiva em duas dimensões. Po... (por Farley Santos em 06/11/2013, via Nintendo Blast)

Quando a Sega decidiu lançar jogos do Sonic para portáteis, ela manteve a jogabilidade de plataforma e a perspectiva em duas dimensões. Por conta das similaridades com as aventuras clássicas do ouriço, estes jogos foram sucesso de crítica e público. Pouco a pouco os jogos 3D do personagem foram melhorando, mas as versões portáteis ainda ficaram limitadas às mecânicas 2D, sendo um exemplo claro Sonic Generations (3DS). É aí que chegamos em Sonic Lost World: a nova aventura do ouriço não só apresenta inúmeras mecânicas e conceitos novos, como é também o primeiro título portátil do herói que apresenta jogabilidade 3D. Será que Lost World consegue cumprir a promessa de combinar o melhor do universo do Sonic?

Uma nova ameaça

A aventura de Sonic e Tails começa do mesmo jeito que as anteriores: a dupla perseguindo Dr. Eggman, tentando impedi-lo de realizar algum plano maligno. Durante uma discussão no ar, o cientista atira em direção ao avião de Tails, que começa a cair. A raposa consegue fazer um pouso de emergência em um local conhecido como Lost Hex. Lá a dupla conhece o Deadly Six, grupo de estranhas criaturas da raça Zeti e que estão sob o controle de Eggman.

O inusitado Lost World
Tudo muda quando Sonic chuta para longe a concha especial que o vil cientista utilizava para dominar o grupo. Livre, o Deadly Six toma para si o exército de robôs de Eggman e ativa uma máquina que extrai a energia vital da Terra, colocando em risco a existência da vida no planeta. O cientista é o único com conhecimento suficiente para desligar a máquina. Sem outra opção, Sonic e Dr. Eggman se aliam para tentar impedir as ações do Deadly Six.

Novo mundo, novos movimentos

Lost World utiliza as mecânicas consagradas nos títulos anteriores como Sonic Colors (Wii) e Sonic Generations (PS3/X360/3DS/PC), inserindo conceitos novos. A alteração mais chocante nesse título tem a ver com a velocidade de Sonic: agora é necessário segurar o botão R para fazer o ouriço correr. Esta foi a solução encontrada pela desenvolvedora Sonic Team para atender às inúmeras reclamações de que o personagem era difícil de controlar nos jogos 3D por conta da sua alta velocidade. E de fato, controlar a corrida de Sonic por meio de um botão aumenta o controle sobre o personagem, por mais que não resolva completamente o problema.

Outra novidade são os movimentos acrobáticos derivado do esporte parkour. Com a corrida ativada, Sonic pode escalar e correr por paredes, sendo extremamente útil para alcançar novas áreas. É um conceito legal, mas não funciona completamente bem: em muitos momentos o jogador tenta escalar uma parede, mas o ouriço decide que é mais legal correr paralelamente a ela, consequentemente se jogando em algum buraco e perdendo uma vida. Os tradicionais Spin Dash e Homing Attack estão de volta, mais ágeis e rápidos do que antes. De Sonic Colors voltam os Wisps, alienígenas que conferem ao ouriço os Color Powers, poderes especiais como um asteroide devorador de matéria, um laser veloz e uma broca afiada.

Uma variedade de situações

Sonic já foi protagonista de inúmeras aventuras portáteis, todas elas apresentando jogabilidade em duas dimensões. Lost World mudou este paradigma: agora o ouriço explora também ambientes 3D, como nos jogos para consoles de mesa. Por conta da direção de arte, a sensação é que o título parece uma versão de Super Mario Galaxy (Wii) estrelada pelo ouriço azul, mas basta começar a jogar para perceber que as coisas são bem diferentes. Sim, Sonic explora locais de forma inusitada como planetóides, estruturas cilíndricas e plataformas flutuantes, mas o foco da ação é outro, lembrando o cancelado Sonic X-treme.

Ao contrário das aventuras espaciais do encanador bigodudo, o objetivo em Lost World é avançar freneticamente pelos estágios, tentando completar as tarefas o mais rápido possível. Por conta da velocidade e habilidades de Sonic, a jogabilidade é veloz e fluída. O ouriço é fácil de controlar e em pouco tempo o jogador consegue correr rapidamente pelos estágios. O desenho das fases, inclusive, é a melhor característica do jogo. Cada área é bem diferente uma da outra e cada qual explora conceitos bem distintos. Em um estágio Sonic corre por um cilindro, com jogabilidade próxima às aventuras 3D; já em outro a ação é em 2D e lateral; em um terceiro tipo de fase Sonic tem que resolver algum puzzle. A variedade de temas é grande e a sensação é sempre de novidade. Todas as fases têm áreas secretas e caminhos alternativos, muitos destes só acessíveis ao utilizar Color Powers adquiridos em mundos subsequentes, o que incentiva revisitar os estágios. Explorar o mundo de Lost World é bem divertido e recompensador.

Sonic é o único personagem jogável, mas seu inseparável amigo Tails também participa da aventura provendo suporte. A simpática raposa tem um laboratório e lá é possível construir inúmeros apetrechos utilizando itens elementais obtidos nos estágios como matéria-prima. Além de power ups básicos como argolas, escudos e vidas extras, Tails constrói pequenos veículos.  As pequenas aeronaves ajudam Sonic nos estágios: um helicóptero ataca inimigos, um caça camuflado deixa o ouriço invisível, um balão permite alcançar lugares altos, além de outros. É possível também enviar estes veículos para a versão de Wii U de Lost World.

Escorregando nos problemas

Mas nem tudo é maravilhoso em Lost World. Além de problemas pontuais ao controlar Sonic, alguns estágios de exploração são particularmente irritantes. São áreas mal pensadas, cujo objetivo é explorar ao invés de correr, algo incompatível com a velocidade característica do ouriço. Para avançar nestas áreas, é necessário cumprir alguma tarefa como apertar botões ou derrotar uma determinada quantidade de inimigos. Por exemplo, em uma fase é necessário encaixar bolas de neve em buracos específicos. Seria até uma situação tranquila, mas Sonic tem que lidar com o chão escorregadio, plataformas minúsculas e um irritante boneco de neve invencível que não para de atacar o herói, isso tudo sem esquecer de lidar com a câmera descontrolada. Já outros estágios apresentam problemas estruturais, como plataformas e percursos difíceis de se ver, o que resulta em inúmeras mortes sem sentido.  A sensação é que estas sessões foram mal desenvolvidas e acabaram incompletas. Segure-se para não jogar o 3DS pela janela diante tanta frustração.

O uso do giroscópio é outra escolha infeliz em Lost World. Alguém na Sonic Team teve a brilhante ideia de usar os sensores de movimento do 3DS em alguns momentos específicos da aventura, só que a desenvolvedora não implementou muito bem o recurso. Alguns Color Powers utilizam bem o sensor de movimento, mas os problemas aparecem de fato nos Special Stages, áreas extras que são controladas completamente com o giroscópio e são pura tortura de se completar. Você inclina, mexe e gira o console, mas nada disso faz Sonic se mover na direção certa de maneira precisa. Até existe um botão dedicado a travar a câmera, mas ele pouco ajuda na tarefa. Algo parecido acontece em uma luta contra um chefe no qual o sensor é utilizado. A intenção de utilizar todos os recursos do portátil foi boa, mas a execução deixou a desejar.

Belo visual e muitos extras

Tecnicamente Sonic Lost World é bem competente: Os gráficos estão acima da média do 3DS e a ação flui bem e sem engasgos. Destaque para os níveis com jogabilidade 3D, eles são extensos e de belo visual. Em conjunto com a direção de arte, o resultado é uma aventura bem agradável aos olhos. A música segue a linha dos últimos jogos da franquia, com inúmeras canções animadas. Já a história é contada por meio de vídeos que, infelizmente, estão em baixíssima qualidade, muito abaixo do que o console é capaz.

Fora da aventura principal, o título tem vários modos extras. O primeiro deles é o Time Attack, cujo o objetivo é terminar os estágios no menor tempo possível, com a possibilidade de comparar o tempo com jogadores do mundo todo. Já na modalidade VS até quatro jogadores podem se enfrentar em corridas, batalhas e até mesmo no pavoroso Special Stage, seja localmente ou pela internet. O modo online funciona sem atrasos e é fácil encontrar oponentes. Seus amigos não têm uma cópia do jogo? Sem problemas, todos podem competir entre si por meio do modo Download Play. Por fim, é possível trocar cartões de perfil e missões especiais via StreetPass.

Uma ótima estreia

A estreia da jogabilidade 3D da franquia em um portátil da franquia é bem competente. Sonic Lost World é rápido, fluído e divertido. Além de um Sonic mais fácil de controlar, o título apresenta variedade de situações e ótimos estágios. Infelizmente alguns problemas na mecânica de parkour, no uso do giroscópio e no desenho de alguns níveis comprometem consideravelmente a experiência. Combinando o melhor das aventuras 2D e 3D do ouriço, Sonic Lost World é um ótimo título portátil do personagem.

Arte: Rafael Lam

Prós

  • Jogabilidade rápida e fluída;
  • Visual acima da média, com boa direção de arte;
  • Variedade no tema dos níveis;
  • Multiplayer local e online;
  • Utiliza os vários recursos do portátil como StreetPass e giroscópio.

Contras

  • Mecânica de parkour falha em alguns momentos cruciais;
  • Alguns níveis apresentam problemas de design e controle ruim de câmera;
  • Uso fraco do giroscópio nos Special Stages;
  • Vídeos em baixa qualidade.
Sonic Lost World — 3DS — Nota: 8.0
Revisão: Marcos Silveira
Capa: Douglas Fernandes
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é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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